quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

2009 a caminho do futuro!



Por todas as crianças do mundo!

Rosas para o Fim da Guerra... cantando Granada...



Pela identidade plural de todos os cidadãos do mundo, em espaços multiculturais onde se possa celebrar a vida e a alegria de viver!

Recomeçar...



Não se pode voltar atrás e apagar o caminho feito, os seus erros e equívocos... mas, podemos fazer melhor no tempo que se segue! ... que o conturbado ano de 2008 que se aproxima do seu final, entre violências e uma crise financeira sem precedentes possa, ao menos, trazer-nos alguma sabedoria... para que a senda da construção democrática permita o aproveitamento mais racional, equitativo e justo da globalização e da participação cívica em nome do exercício dos direitos e da qualidade de vida de todos os povos e todos os cidadãos!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O drama dos refugiados tibetanos... perseguidos!


Aproxima-se um inverno rigoroso, como sempre acontece nos Himalaias... este ano, porém, é previsível que centenas de tibetanos deixem o seu país e fujam, perseguidos pela polícia chinesa, até às fronteiras da Índia e do Nepal! Afinal, 2008 foi o Ano dos Jogos Olímpicos de Pequim e a visibilidade da luta pelos direitos do povo tibetano e da sua ancestral cultura que muito tem para partilhar com toda a Humanidade, assumiu uma dimensão que, além do mais, serviu de estímulo e reforço à vontade de persistir nos caminhos da resistência, por parte, designadamente, dos mais jovens... além de perseguidos, activistas, monges, cidadãos e jovens são, mais uma vez, potenciais refugiados em fuga e em risco de vida... disso é prova a quantidade de detenções, perseguições e tortura infligida a esta população desde 1949 acentuada recentemente, na sequência das manifestações públicas que marcaram o ano que agora termina... há já 50 anos que o mundo assiste à tragédia do genocídio no Tibete!... entre o genocídio e o extermínio ficam vestígios na memória dos povos... e sobrevivem os refugiados, testemunho e reduto da esperança!

Operation Ceasefire Concert...



... e... em alguns dos concertos realizados em nome da intervenção cívica e pela solidariedade ficaram mensagens que remetem para o passado e para o futuro que é, no caso, a própria actualidade!

Memória de 1971 - Concerto pelo Bangladesh



A solidariedade pública de artistas, intelectuais e cidadãos como forma de chamar a atenção e pressionar as instituições no sentido de actuarem contra os flagelos e os atentados contra a vida das pessoas tem, desde há décadas, no mundo da música, um sólido aliado... é gratificante reforçar a convicção de que a arte também tem causas... e chora... e ri... com os povos e os cidadãos que participam de um mesmo mundo!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Guerra: entre o dinheiro e a ausência de coragem política


As pescadinhas não nascem com o rabo na boca - esta foi uma das coisas que me surpreendeu quando, criancinha, vi pela primeira vez um destes peixinhos em tão estranha apresentação! Ocorreu-me a lembrança à memória quando pensava num tema que já aqui aflorei: o da raiz financeira da violência. Na realidade, a associação de ideias, como factor de intervenção na própria produção do pensamento, tem destas coisas... e as pescadinhas surgiram quando tentava pensar em formas de intervir na eclosão das guerras e dos conflitos sangrentos que, com desmedida violência, vêm caracterizando estes dias e massacrando a martirizada população palestiniana. O armamento, seja da guerrilha ou do Estado, no que respeita ao seu financiamento, pode ser conhecido através dos circuitos de produção, comercialização e distribuição detectáveis desde que o investimento na sua pesquisa seja efectivo, técnica e politicamente... tal como a produção, comercialização e distribuição de droga ou as redes de tráfico de pessoas... os tráficos, geralmente associados de uma ou de outra forma, assumem sempre formas económicas susceptíveis de serem conhecidas... e o sistema financeiro de circulação de capitais oferece os meios adequados, designadamente a partir dos movimentos bancários internacionais... é, por isso, indefensável a ideia de que todos os bancos, vítimas da crise, justificam intervenções públicas... contudo, as intervenções públicas em instituições bancárias têm vindo a acontecer em grande parte dos países apresentados como modelos de desenvolvimento sem que, pelo menos no que ao conhecimento da opinião pública diz respeito, tenha sido considerada, a priori e com rigor, aquela possibilidade... a globalização e internacionalização dos movimentos de capitais viabiliza o armamento e banaliza o recurso à violência... assim, à cidadania urge também a tarefa de exigir uma legislação e fiscalização política internacional e nacional eficaz... porque a análise do problema da violência, remetendo também para uma dimensão psicológica e cultural das formas de resolução de conflitos subjacente às determinações políticas e ideológicas, requer, necessariamente, uma profunda alteração da economia internacional e dos sistemas financeiros que lhe estão associados... disso são conscientes, além de muitos históricos pensadores, intelectuais e políticos, alguns Prémios Nobel da Economia, nomeadamente desde a passada década de 90... mais uma vez, o que falta é agir em conformidade com esta consciência... poderiam ser dados exemplos óbvios para transmitir a ideia da eficácia que estes procedimentos teriam na prática mas, dada a actualidade, limito-me a referir os EUA e a UE que, agindo nos contextos comercial e financeiro relativamente a Israel, alcançariam, seguramente, resultados que, face aos massacres, valeriam sempre a pena... porém, enquanto os protagonistas do poder adiam ou contornam decisivas decisões económico-políticas, morrem e sofrem pessoas, suas iguais, por todo o planeta... em nome de argumentos cuja consistência se esboroa diante do sangue e da dôr de cada vítima da guerra, da miséria e do terror...

Pensar as Culpas


Do Afeganistão à Palestina ou da China a Israel os atentados contra os povos sucedem-se a ritmos perfeitamente inaceitáveis... o recurso à violência e a diversas formas tentadas de extermínio assume contornos que, pela sua crueldade cega e pela sua duração, não podemos ignorar ou, pelo menos, de deixar de nos interrogar sobre a efectiva eficácia da guerra como forma de resposta às agressões, mesmo se sistémicas... porque não há Razão ou Direito que legitime a opção pelo direito à vida ou à morte de um qualquer cidadão e, muito menos, de milhares ou, num balanço mais alargado da História, de milhões de pessoas... dá vontade de dizer aos senhores de Israel: "Basta! Não foram os palestinianos a fazer o Holocausto" ou aos da China: "A imagem megalómana de uma sociedade não pode justificar o genocídio tibetano"... mas, os povos e os governos são feitos de homens e mulheres que pensam, no contexto dos seus quadros mentais e culturais... e ninguém pode optar pelo que não conhece ou, sequer, pelo que não lhe foi dado pensar como possível, dado o enredo histórico-familiar das representações e memórias de violência e violação de todos os pressupostos da paz, de forma continuada... Há, efectivamente culpados, em todo e qualquer processo de genocídio e agressão! Contudo, a questão que se nos coloca hoje é a de definir formas inteligentes de resposta a esses atentados que não perpetuem respostas primárias sempre, mais e mais, destruidoras do mais valioso património humano por indução do sofrimento e da injustiça.

Gracias a la Vida

domingo, 28 de dezembro de 2008

Do Conflito à Ocupação e à Guerra



O conflito israelo-palestiniano é, indiscutivelmente, uma Guerra!... uma guerra intermitente, sistémica... cruel! ... às portas do Mediterrâneo e, como tal, da Europa... Em Estrasburgo, há talvez 10 anos, um animador social palestiniano que desenvolvia trabalho em campos de refugiados, perguntava, assustado:"Como é que aquelas crianças poderão envolver-se numa construção social pacífica se o que pensam do mundo está diariamente marcado pela guerra com sequelas na memória e nos sentimentos?"... Dez anos depois, a violência persiste... é caso para perguntar: que tempo de resistência se exige à prossecução da crueldade para que seja intolerável perante a consciência e a opinião pública?... que marcas exige a política internacional para agir com eficácia? A História não abona em nome dos critérios de imparcialidade das instituições internacionais... veja-se o caso do Tibete!... veja-se a Palestina! Todas as guerras são cruéis... não há guerras boas!... nem cirúrgicas!... nem justas!... há critérios ideológicos: dois pesos, duas medidas!...
Até quando?

Funções e Símbolos - Ontem e Hoje


Os povos construiram os instrumentos indispensáveis à sua gestão do espaço, do tempo e da vida, de acordo com os meios e os conhecimentos de que dispuseram no contexto da acessibilidade da época em que existiram. Hoje como ontem e, previsivelmente, no futuro. Funcionalidade e simbolismo coexistiram e coexistem desde sempre... daí o sentido da extraordinária e incisiva afirmação de Sartre em "L´être et le néant": «Conhecer é Realizar». Importa por isso não ignorar o que reconhecidamente sabemos, sem cedências à tentação comum de nos perdermos em dissertações circulares... conhecimento e acção são duas faces da mesma moeda! Não poderemos por esta razão alhear-nos da História do nosso tempo ou alegar a impossibilidade da acção... a não ser que, ao contrário do que se proclama e afirma "a torto e a direito", não seja esta a sociedade do conhecimento!... porém, factos são factos... e, se esta não é, seguramente, uma sociedade gerida pela sabedoria (conceito que implica a prática de uma ética de rectidão, justeza e igualdade no exercício de uma existência digna para todos), não podemos contudo, duvidar de que dispomos de informação suficiente para agir em conformidade... por uma organização social e política que não recorra à agressão e à opressão como formas de domínio, que salvaguarde as economias locais e regionais, precavendo a fome ou a pobreza e que legitime a mobilidade histórica das pessoas e das populações no quadro de uma lógica integradora de cidadania e de não-discriminação.

Lutos... Solidários



Pela Palestina!... por todos os povos martirizados pela violência, a inquietação, a dôr e a guerra... pelo silêncio e pelos gritos... pelas lágrimas! ... pelo medo!... pela inocência perdida e a esperança incendiada de ilusões... pela fragilidade humana e a sua terrível inconsciência... pela urgência em demonstrar de forma inequívoca aos que trocam as vidas humanas pela afirmação do poder que é vaidade e egoísmo o que pensam ser ideologia e razão... pela urgência da paz!

... lutos solidários por todo o espaço comum como uma imensa greve de fome colectiva que paralise a produção e o comércio, obrigando ao fim dos extermínios em nome da sobrevivência e do direito a uma existência digna que possa fruir a vida valorizando os dias, o sol, a chuva e os direitos... à alegria... à aprendizagem pacífica da coexistência e do diálogo... à recusa do recurso à violência!

... em nome do presente... pelo futuro!

sábado, 27 de dezembro de 2008

Irracionalidades brutais


A duração do conflito israelo-palestiniano é absurda e verdadeiramente intolerável no quadro de um mundo globalizado onde a defesa dos Direitos Humanos e da Paz se reconhecem como princípios universais e inalienáveis. Por isso, não se compreende o insucesso da incapacidade de intervenção. designadamente ao nível diplomático, de instituições como as Nações Unidas ou o Tribunal Penal Internacional que se encontram justamente desacreditadas política e civicamente... neste contexto, têm razão para efectivamente suspeitar da filantropia das relações políticas os que perspectivam os conflitos bélicos como oportunidades de negócio para o tráfico de armas e outros que para ele concorrem... Do Congo ao Zimbabué e ao Afeganistão, da China ao Tibete, do Paquistão à Índia, da Cisjordânia e Gaza a Israel, um pouco por todo o lado, o recurso à violência que se socorre da fome, da miséria e do morticínio tornou-se um argumento corrente entre governos e povos que deixaram de utilizar o diálogo e a negociação para fazer valer posturas, independentemente dos genocídios, do sofrimento e da miséria infligida às populações... ninguém poderá jamais legitimar a gratuidade desta escalada de mortes que hipoteca o futuro da Humanidade... porque é impossível que os traumas destes acontecimentos não afectem e distorçam o crescimento mental saudável de gerações e gerações de seres humanos, os tais que, justamente, integram a contundente e dolorosa constatação de Soeiro Pereira Gomes sobre "os filhos dos homens que nunca foram meninos"...

Viva la Vida!

Heresias... da Igreja


O Natal é, supostamente, um tempo de conciliação... e, apesar dos valores que se lhe associam por serem universais no que respeita à paz, à igualdade, à fraternidade e à não-discriminação, a religião cristã apresenta este tempo de celebração da harmonia e da boa-vontade como coincidente com a sua mensagem... disso faz eco mediático a própria Igreja Católica cujo Papa discursa publicamente com a intenção explícita de se dirigir aos seus fiéis no dia em que se assinala, simbolicamente, o nascimento de Jesus Cristo. A responsabilidade cívica de uma intervenção desta natureza, dada a dimensão quantitativa do público a que se dirige, bem como a sua dimensão qualitativa relativa à questão da ética e dos valores que subjazem aos comportamentos sociais, é, reconhecidamente, notória e o seu significado não pode ser ignorado dado o impacto social que, efectivamente, pretende e realiza. Por isso, não é aceitável, nos tempos que correm, que o responsável por uma instituição desta natureza promova a discriminação social seja em função do sexo, da etnia, da idade, da deficiência, da religião ou da orientação sexual. Porém, contrariando os pressupostos dos princípios conceptuais da paz, da conciliação e da coexistência pacífica próprios do Natal, a mensagem do Pontífice foi, este ano, reforçadora da homofobia. Se a discriminação, enquanto tal, é absolutamente condenável, mais condenável é a sua propaganda num tempo em que os cidadãos se encontram psicológica e colectivamente preparados para ouvir e aceitar opiniões sobre os valores, a moral e a ética... a irresponsabilidade social que arrasta um tipo de atitude como esta, a par de outras como é o caso da condenação do uso do preservativos, retiram credibilidade à Igreja e justificam, cada vez mais, a urgência do debate sobre o papel pedagógico que é indispensável divulgar sobre a importância da laicização da sociedade... nas escolas, na comunicação social, no espaço público e na cultura. Incentivar e apoiar formas de discriminação é uma forma de atear e fomentar conflitos e, consequentemente, um atentado contra a promoção da Paz.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Porque é Natal...

A arte, a vida e a humanidade



As palavras dos poetas iluminam as noites dos silêncios...

Patrimónios



Somos, cada um na perenidade única da própria vida, o nosso melhor património. Anita Cerquetti demonstra-o, sentida e maravilhosamente, no excerto que convido todos a ouvir... pela beleza do que somos e do que somos capazes de fazer connosco.. com os outros e para os outros... Partilhar... e deixar o sentir apreender o mundo... sem defesas... para sermos sempre, cada vez mais, humanos... para nos encontrarmos, sempre, cada vez mais, connosco!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Património - O Cio da Terra

Património - Vozes da Terra



Pela Vida, a Natureza e a Beleza... um tributo ao património musical da História da Humanidade!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Irresponsabilidade ou diletância política?


Considero uma tremenda irresponsabilidade política, pouco digna para os ideais da Esquerda, a pura demagogia assente na crítica óbvia, popularucha ou dissimulada sob aparências de pseudo-sofisticação intelectual com que, ao longo da História, têm sido manipulados os povos e feitas as guerras e as ditaduras. Claro que é um dever da Esquerda lutar incansavelmente por uma sociedade cada vez melhor e mais justa. Claro que é indispensável um olhar lucidamente crítico e uma atitude firme na apresentação de alternativas integradas e consistentes para as governações nacionais e para a coexistência internacional. Claro que a luta tem que ser séria e responsável... por isso, não considero de Esquerda a afirmação de Manuel Villaverde Cabral (subscrita aliás por Inês Serra Lopes em uníssono proferido, quase aos gritos, no programa "Expresso da Meia-Noite" da passada 6ªfeira, dia 19) sobre ser necessário ou preferível deixar cair completamente o sistema financeiro das sociedades ocidentais e, em particular, da sociedade portuguesa cuja economia é, reconhecidamente demasiado frágil para poder ser laboratório de aventureirismos... independentemente da reflexão crítica que possam merecer o Banco de Portugal sobre o caso BPN ou o Governo sobre o aval bancário ao BPP!... mas, daí a ser desejável o afundar do sistema financeiro vai a distância incomensuravelmente reaccionária de ignorar os efeitos sociais e económicos do desemprego, da pobreza, da fome e dos conflitos sociais que isso implicaria para os portugueses! Afirmações destas não são de Esquerda!... serão, na melhor das hipóteses, um modo incendiário de querer fazer política... que, para o bem ou para o mal, me fez procurar e ler o texto de Vladimir Illicht Ullianov Lenin "Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo", publicado em 1920 e que merecia ser lido ou relido, com as devidas distâncias -se para tal houver "engenho e arte"!- por auto-intitulados "cientistas sociais" que, talvez assim pudessem prevenir a enunciação de asneiras graves que justificariam epítetos de maquiavelismo... O acesso ao poder como fim não justifica todos os meios!... e o mundo de hoje, complexo e perigoso, tem tão grande inimigo no autoritarismo bélico como na diletância demagógica!

Os Desafios da Esquerda


Surpreendem-me os argumentos do designado "debate das esquerdas" neste final de 2008, depois de mais de 30 anos de democracia em Portugal. Primeiro, porque nunca pensei ser necessário usar no plural o conceito político de Esquerda que, per si, integra a pluralidade de tendências e a diversidade de opiniões; depois, porque, para mim, pelo menos desde os meus 6 anos de idade, Esquerda significa aquilo que hoje sei serem princípios éticos irresgatáveis: a liberdade, a igualdade, a justiça (enquanto rectidão e justeza) e a solidariedade... e digo Éticos referindo-me ao seu sentido mais literal: éticos porque implicam um elevado sentido de responsabilidade social, dadas as implicações económicas que a acção política arrasta, condiciona e determina. O bem-comum, o direito à paz e ao pão, ao trabalho, à saúde, à habitação, à educação e à cultura, sem qualquer discriminação resultante do estatuto económico, da idade, do sexo, da etnia, da deficiência, da religião ou da orientação sexual são hoje os princípios pelos quais zela, vigilante, a postura de uma Esquerda séria e responsável... incapaz de fomentar uma desordem social gratuita capaz de criar condições para se devolver o poder aos que não assumem estes princípios como inegociáveis ou de destroçar a economia real, por meros acessos de sede de poder... porque está em causa a Vida e a Existência Social das populações já de si tão sacrificadas! Por isso, não acredito que a credibilidade política se imponha pelo grau de divertimento das campanhas ou pelo negativismo radical perante as formas de organização económica, social e financeira das sociedades contemporâneas. É neste mundo que vivemos... podemos aperfeiçoá-lo mas, não temos o direito de tudo destruir em nome das convicções voluntaristas e arrebatadas da inconsciência e da irresponsabilidade política. A responsabilidade social da Esquerda é encontrar respostas alternativas às crises económicas e financeiras do nosso tempo e encontrar formas de gestão política dos sistemas sociais e culturais que garantam o exercício dos princípios que a caracterizam de forma eficaz, isto é, segundo modelos estruturais viáveis e sustentados.

Centrais de Compras...


Piores que as centrais nucleares
São as centrais de compras!

As “Centrais de Compras” das grandes cadeias comerciais com lojas de pequenas ou grandes dimensões espalhadas pelas principais cidades e vilas do País, são mais nocivas para os territórios onde essas lojas estão instaladas, do que o seriam as tão temidas e temíveis “Centrais Nucleares”.
Uma “Central de Compras” existe para comprar o mais barato possível. Para isso necessita comprar em grande escala! Não compra 100 quilos de batatas, ou uma tonelada, ou mesmo duas, compra: “um barco, ou um vagão, ou um comboio de batatas”e efectua a compra, possivelmente, num qualquer escritório duma qualquer terra onde esteja instalada, quer esta seja ou não produtora de batatas, o que para o caso nada conta.
Suponhamos que num perímetro territorial de 50 quilómetros em volta duma loja dessa cadeia, se produzem 200 toneladas de batatas, e que esta produção é assegurada por duzentos ou mais pequenos produtores dispersos. Nenhum deles vai conseguir vender nada da sua produção, nem batatas nem cebolas, nem feijão, nem grãos, nem vinho nem azeite, absolutamente nada, porque pura e simplesmente; nem eles nem o seu território tem escala para vender a uma qualquer “central de compras” mesmo que esta esteja situada em local próximo!
Neste sistema, cada território tem escala para consumir mas, não tem escala para vender assim, sem poder vender aquilo que produzem, acaba-se o trabalho, o emprego, a economia, as pessoas vão-se embora à procura dos locais onde se produz aquilo que consomem, onde haja emprego e condições para se poder ganhar a vida. A prazo, mais tarde ou mais cedo, também os causadores destes abandonos forçados, eles próprios, terão de partir para outros lados por falta de consumidores, à procura de novos territórios com consumidores, onde repetirão os mesmos efeitos, espalhando a peste do despovoamento e da desertificação, condenando ao abandono e à morte social todos os territórios que não tenham conseguido ter organização para, duma só vez e a uma só voz, poder vender um navio de qualquer coisa!
È verdade que as batatas foram vendidas uns cêntimos mais baratas do que o seriam se fossem compradas localmente a muitos produtores... quem diz as batatas, diz todas as outras coisas, (terrível logro, os preços baixos, só serviram para aumentar os lucros dos donos das lojas proporcionando-lhes maiores vendas) mas esses cêntimos pagos a menos por cada consumidor, significaram o desaparecimento de toda a actividade produtiva desse território e, em última análise, a desvalorização do património público e privado de quem aí vive, arrastando uns e outros para a miséria e o abandono social e ambiental.
Desatar este nó que asfixia e mata as economias locais da imensa maioria dos territórios extra-metropolitanos, é condição fulcral de toda e qualquer solução para um sério e responsável ordenamento social e económico do território nacional.

Camilo

O Mundo desajustado em que vivemos


Têm-nos andado a dizer que vivemos acima das nossas possibilidades, que a nossa pegada ecológica é imensa e que o Mundo assim não dá para todos. Pode (e deve) ser verdade, e as últimas crises que se têm vivido de alguma forma o confirmam. Tudo isto me parece um pouco estranho porque, tendo a minha memória a idade da minha vida activa, recordo-me de outras evidencias. Então o que se passou nestes últimos cinquenta anos? Nada? Jogo a mão às recordações e, com um pequeno esforço, lembro que, quando era miúdo, a população do Mundo era cerca de metade do que é hoje. Isso significa que grandes progressos se fizeram e é hoje possível manter vivos e alimentar o dobro dos seres humanos de então, com o mesmo Mundo. Acho até que, embora o fosso entre pobres e ricos tenha aumentado escandalosamente, o estado dos pobres é hoje menos calamitoso que há cinquenta anos: As fomes cíclicas que matavam milhões de chineses já não se verificam e em muitos pontos do globo onde se morria inevitavelmente com malária ou cólera são hoje zonas seguras. Uma situação como a actual epidemia de cólera no Zimbabué não seria notícia há cinquenta anos, nem ninguém se lembraria de estabelecer cordões de segurança sanitária na África do Sul ou em Moçambique. Muito se andou, portanto. E não só no que se refere à saúde e à alimentação: a produção industrial permite que a generalidade da população mundial tenha hoje acesso a produtos e bens impensáveis há cinquenta anos atrás. Então porque é que a minha pegada ecológica é hoje maior? Vou ao supermercado e creio começar a perceber o mundo em que vivemos. Alguém ainda se lembra da expressão “fruta da época”? Seremos nós ainda capazes de distinguir “fruta da época”? Embora acredite que a maior parte da gente da minha idade saiba o que é que “fruta da época” quer dizer, convido-os a perguntarem a um jovem, coisas tão simples quanto isto: Qual é a época das uvas? E das laranjas? Em que países se produzem ananases? E bananas? E em que épocas? Acredito que as respostas seriam, no mínimo, desconcertantes. Quero eu com isto dizer que o outro lado do mundo está à distância do estender do braço ou da mão, baralhando a nossa noção de tempo e de estações do ano. Agosto, hoje em dia, é o tempo de férias de praia e não o tempo de melões, meloas, figos, maçãs e tantas outras coisas que hoje compramos ao longo de todo o ano. Difícil é comprar maçãs portuguesas ou uvas de cá. Já começa a ser difícil encontrar alhos que não sejam chineses ou espanhóis e alface que não venha em embalagem bilingue. Tudo o que antes era inquestionavelmente produto nacional é hoje, no mínimo, produto europeu! Sofreu transporte. Gastou energia. E a nossa pegada alastra! Chegamos mesmo a paradoxos difíceis de entender: ver à venda vegetais de importação a preços elevados, por exemplo, chuchus, sabendo-se que no Norte do país, nem para alimentação dos animais se utilizam! Também, já nada que não seja farinha industrial serve para alimentar os animais, tendo sido exterminado e definitivamente extinto o “frango do campo”! Também se podem ver à venda kiwis de importação, sabendo nós que os kiwis de produção nacional são dos mais apreciados no Norte da Europa! É o mundo do absurdo em que vivemos, ampliando a nossa pegada de forma despropositada e inconseqüente, e provocando hábitos alimentares dessincronizados com o país em que vivemos e a natureza que nos rodeia. É certo que comeremos hoje melhor que há cinquenta anos, mas poderíamos comer ainda melhor (e dar trabalho à agricultura portuguesa) se se respeitassem as leis da natureza. Para além disso, parece que em Portugal há circuitos que não se cruzam. O circuito da distribuição parece relacionar-se unicamente com o circuito da importação de bens essenciais, e o circuito da produção parece estar exclusivamente ligado à exportação. E a nossa “pegada” alastra… Creio que se houvesse mais racionalidade nesta coisa dos circuitos de produção e distribuição, importação e exportação, nem a nossa dependência externa seria tão gritante, nem o desemprego nos campos (portugueses, europeus, etc.) seria tão preocupante. E todos ganharíamos, porque muita energia seria poupada na transferência inútil de bens dum lado para o outro do Mundo. Não será difícil imaginar que, com a crise, muita da uva que a República da África do Sul exporta para a Europa, ficará por recolher, lançando no desemprego trabalhadores que dependem em exclusivo da sua apanha e tratamento. Esses trabalhadores poderão vir a passar fome, enquanto olham milhões de cachos a apodrecer (a agricultura de subsistência é inimiga da monocultura, enquanto por cá os terrenos se manterão incultos e improdutivos, continuando a lançar (também) gente no desemprego. Não creio que haja razões para que continuemos a comprar uvas da África do Sul ou alhos da China, quando os nossos são bons e muito mais próximos. Reduzamos a nossa pegada ecológica e a nossa dependência externa comprando nacional. Transformemo-nos num país mais equilibrado e amigo do ambiente. E dos portugueses. Acho que a próxima batalha a empreender, será a batalha da racionalização da produção. Para que todos possamos continuar a viver neste mundo. Com qualidade e dentro das nossas possibilidades.

Fernando Pinto (Arquitecto)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

E Deus sorriu...


"E Deus sorriu..." - disse-o o conhecido Bispo de Setúbal, D.Manuel Martins, citando um autor espanhol que, sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos, colocou na boca de Deus a seguinte frase: "(...) Depois do Sermão da Montanha proclamado por meu filho, esta Declaração foi o que de mais bonito foi produzido pelos homens.(...)". D. Manuel Martins, a quem chegaram a chamar "Bispo Vermelho" pela sua defesa dos mais pobres e excluídos, falava na cerimónia de atribuição do Prémio anual da Assembleia da República que assinala os aniversários daquela Declaração. D. Manuel Martins, tal como Maria Lamas, a escritora, a pedagoga, a jornalista, a humanista e comunista Mulher que dedicou a vida e a obra à cidadania e à promoção da paz, Francisco Sá Carneiro, social-democrata que levantou a voz contra os atentados do regime ditatorial que durante 48 anos calou e oprimiu os direitos das pessoas, chegando a visitar presos políticos e integrando a luta pela consolidação institucional da democracia e Mário Soares, personalidade de prestígio internacional, cuja vida se construiu na defesa da democracia e dos direitos das pessoas, dos povos e das culturas em contextos históricos diversos em que protagonizou e ainda protagoniza, uma voz insistente e clarividente, foram os cidadãos que, este ano, a Assembleia da República escolheu para agraciar com o Prémio dos Direitos Humanos. A escolha, potencialmente polémica, foi, sem dúvida, corajosa e uma lição de democracia que, apesar do seu significado simbólico, parece ter passado despercebida à comunicação social sempre atenta a conflitos e menos do que seria desejável aos símbolos da coexistência pacífica de que todas as sociedades, reconhecidamente, tanto carecem... Segui a cerimónia do 10 de Dezembro, através do canal Parlamento, na madrugada de hoje, dia 16 e, no silêncio da noite ouvi, com atenção, todos os discursos desta cerimónia... e senti que, felizmente!, no nosso país, a dignidade tem ainda protagonistas temerários e respeitáveis. Senti-o perante o discurso do Presidente da Comissão Parlamentar dos Direitos Constitucionais, Liberdades e Garantias, Osvaldo Castro, que enquadrou, de forma convicta, justa e adequada, a celebração dos 60 Anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e perante os discursos dos agraciados, feitos de palavras honestas, sentidas e humildes, denotando o quão mereceram este Prémio. O que me impressionou de forma particular foi ter sido uma cerimónia que uniu o melhor do que é diferente e coexiste e o facto deste acontecimento ter decorrido na Assembleia da República que simbolizou, neste dia, a justeza do equilíbrio que é possível praticar no exercício dos valores e das práticas... senti-o porque, a culminar este simbolismo já de si surpreendente e raro, além das Medalhas do Cinquentenário que foram atribuídas aos premiados, o Prémio Anual dos Direitos Humanos foi atribuído aos Bombeiros Voluntários de Portugal, homenageando-se assim o melhor da sociedade civil, os anónimos desinteressados que investem a própria vida, no seu sentido mais literal, na defesa do bem-comum, sem discriminação, por todos e por qualquer cidadão... A sociedade portuguesa fica, com esta cerimónia, simbolicamente, mais coesa através do seu significado e da sua legitimação também simbólica com o discurso de encerramento produzido pelo Presidente da Casa da Democracia, Jaime Gama... porque, apesar de não haver pessoas, instituições ou entidades perfeitas, há, contudo, os que fazem o melhor que sabem e que podem pelos Outros... e, nos outros, está o reflexo de cada um! O sorriso de Deus não tem religião... tem, isso sim, a divindade que se encontra no melhor do ser-se humano!... não será, por isso, excessivo, ver nesta cerimónia um apelo à união dos Cidadãos e dos Povos!

domingo, 14 de dezembro de 2008

O que mais dói na violência


O que mais dói na violência é ver a sua transversalidade cruzar idades, culturas, espaços, economias, estatutos... porque não podemos deixar de ver os rostos e de imaginar o sentir atónito daqueles que se sentem e se sabem -ou até não sabem!- agredidos... Da educação à falta de resiliência, das expectativas aos medos, dos sonhos à miséria dos submundos que alimentam as economias paralelas, da fome ao instinto de sobrevivência... a violência nasce, abrupta, entre quem, entre condições e contextos diferentes, não a praticaria... Num tempo em que, desesperadamente, precisamos de confiar, há uma questão de fundo que se coloca em termos políticos relativamente à criação de emprego e à acessibilidade aos meios: que razão justifica o não investimento, a determinação, a coragem e a ousadia de desafiar o que, apesar de institucionalizado, se constata ter falhado? Porque reduzem à divagação demagógica, feita de sonhos menores de luta pelo poder, a consciência da urgência em parar para pensar e criar novas formas de organizar a sociedade e a economia? O que mais dói na violência, além da morte e do medo, é ser possível encontrar realidades que permitem fotografias como esta que aqui trago, perante a qual todos nos deveriamos curvar, perguntando: com que direito?... Com que direito falamos de cidadania quando deixamos que a grande maioria (senão mesmo a quase totalidade - porque quem lhe escapa é, apesar de não parecer, uma reduzida minoria!) das crianças do planeta cresça e a grande maioria dos adultos viva com a fome, a guerra, a doença, o medo e o desemprego como cenários do presente e horizontes de futuro? Haverá alguma prioridade que possa ter, em termos de racionalidade, primazia sobre a raiz do problema?... um problema que é, afinal, cultural e financeiro porque é a cultura que nos permite aceitar as opções políticas e económicas no quadro de um tempo onde, muito depois de Marx, continuamos a ter, apenas!, compreendido e explicado o mundo sem, contudo, agirmos para o transformar... sem medo!... porque, confiando na nossa humanidade, não precisamos do medo porque nada temos a perder... temos, isso sim, a ganhar... a ganhar duas grandes esferas de acção para a sobrevivência do ideal de dignidade inerente aos Direitos Humanos que são, em última análise, as condições de preservação do planeta Terra: proteger o ambiente e a vida humana.

A Raiz Financeira da Violência


A violência é hoje uma notícia diária... para nos não perdermos nas referências planetárias, refiro-me apenas à Europa onde, dos casos isolados aos movimentos de massa, jovens ou não, a violência social vai emergindo sob as mais diversas expressões e os mais diferentes espaços. Desde o desmembramento da ex-Jugoslávia e a Guerra dos Balcãs e designadamente após os atentados de Madrid, a violência é hoje um recurso frequente... foi a revolta dos jovens dos subúrbios franceses, foram os movimentos juvenis um pouco por todo o lado, na Alemanha, na Dinamarca e agora na Grécia... sem contar com as manifestações de extrema-direita alemãs e outras, mais ou menos silenciosas que se manifestam já assumidamente nos símbolos exibidos nos estádios de futebol... Social, económica, política, a violência é contudo a grande expressão do facto de, efectivamente, a vida das sociedades ditas desenvolvidas estar completamente alienada a um sistema de gestão financeira destituído de sustentabilidade... o facto tornou-se indesmentível a partir do momento em que o consumo e o desemprego, determinados tecnologicamente por efeito de uma economia de custos que deixou de investir nas pessoas para, alegadamente, se desenvolver tecnologicamente, entrando numa cega escalada auto-alimentada pelo fluxo e circulação de capitais... agora, face à crise que atingiu todas as economias, independentemente das suas fragilidades, não está à vista a criação de um sistema de gestão financeira alternativo... porquê? até quando?... sem resposta para estas questões, com que direito se surpreendem com o grau de violência que grassa na sociedade contemporânea?

sábado, 13 de dezembro de 2008

A Crise



Espectacular!... Os contemporâneos estão de parabéns! Pela criatividade, a lucidez e a inteligência intergeracional e solidária com que, pelo humor, atestam que Portugal está vivo!

Fechar Guantanamo!


Em Junho visitei Auschwitz! Do horror arrepiante que senti, ao andar, manhã bem cedo, pelas suas ruas desertas, feitas de terra e povoadas apenas das paredes sem reboco com que se fechavam os blocos onde se depositaram, à espera da morte, milhares de pessoas e de fornos crematórios com paredes queimadas, é difícil ainda dizer tudo o que se percebe... ocorreu-me agora à memória a crueldade humana perante as imagens de Guantanamo porque, aqui como em Auschwitz, os arames farpados e electrificados criam analogias demasiado próximas. Felizmente, Barack Obama mantém o compromisso de encerrar o Campo Delta, situado na Baía de Guantanamo, onde prisioneiros políticos, reduzidos ao epíteto de terroristas, têm vindo a ser humilhados, escorraçados e torturados... alguns, como já se provou, sem culpa formada! Todos, de qualquer modo, humanos!... por isso, se, em primeiro lugar, devemos recusar-nos a tratar com violência a violência e com indignidade cruel o que condenamos, por acreditarmos, acima de tudo, nos Direitos Humanos e na Dignidade do Ser Humano, em segundo lugar, devemos contribuir para que o novo Presidente norte-americano possa encerrar Guantanamo, cumprindo um anseio que é de todos os que acreditam que a segurança se não compra com a tortura. Por isso, apesar de nos doer o facto de ter sido na Base das Lajes, nos Açores, que o pequenissimo grupo formado pelo famigerado Bush, por Aznar, Durão Barroso e Tony Blair, abriu caminho para a destruição do Iraque e a irracionalidade de maquiavélicos meios para combater o terrorismo em detrimento da inteligência estratégica, num acto de pura reacção emotivo-vingativa contra o 11 de Setembro, devemos agora congratular-nos com a decisão do governo português em colaborar com Obama na criação de condições para o rápido encerramento de Guantanamo! Encerrar Guantanamo é urgente para que o século XXI possa marcar a História por não permitir que se regresse à crueldade que teve um dos seus expoentes máximos no Holocausto... porque a violência é epidemiológica e permitir Guantanamo tornou mais perigoso o mundo e menos digna a nossa condição humana!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Por 100 anos de Vida e 80 a filmar...

Património - As Viagens e a Atracção do Grande Sul

As linhas e as formas que contam
as Viagens e a atracção do Grande Sul

-"Pelas terras mais longínquas onde andei em inúmeras comissões de serviço e nos lugares mais oblíquos do mundo, encontrei sempre um forte português", contou-me um dia no Cairo um velho coronel inglês do antigo Exército da Índias.
Com efeito, olhando para um mapa mundi podemos vislumbrar uma verdadeira world wide net que une uma imensidão de portos, ilhas e cidades onde se erguem fortificações cuja morfologia atesta uma origem comum. Essa gigantesca pista de monumentos é um ciclópico fio de Ariadne talhado em pedra que nos permite sair de Portugal, dar a volta ao mundo e regressar sem nos perdermos.
De Lisboa a Manaus, passando por Alcacer-Ceguer e Socotorá, podemos passar por Timor ou Macau. Partindo de Gale, no Srilanka, é possível subir até Calecute, Goa, Ormuz e Mascate, seguindo depois até Gondar, por Mombaça e Zanzibar. De Tânger até S. Jorge da Mina, esse fio leva-nos por Arzila, Safim, Mazagão, Mogador e Uadane, passando pela Torre do Rio do Ouro e por Arguim.
Património inesgotável, essas fortalezas, "mais do que enclaves imperialistas, foram lugares de secular convívio entre povos diferentes e focos de intensa aculturação", afirma o arquitecto Rafael Moreira que prossegue: "O fazer fortaleza, que as crónicas obsessivamente repetem, era uma prova de força por vezes gratuita e violenta mas também uma demonstração de ciência e de fixação na terra. Só isto fez com que o império colonial português não fosse uma simples cadeia de entrepostos como o dos fenícios ou dos genoveses, uma talassocracia a mais, e sim uma construção duradoura que mudou a face do mundo."
Se alguns destes monumentos estão hoje abandonados e se vão desmoronando na espuma dos oceanos, outros são considerados monumentos nacionais pelos povos dos países onde estão implantados. Muitos desses fortes e castelos são hoje palácios dos governantes, museus ou centros culturais.
Todos diferentes mas, com evidentes "traços de família", cada um marca uma etapa da Grande Viagem de deslumbramento pelos espaços exóticos e do encontro com a diferença do outro lado do mundo. Em volta das suas muralhas, baluartes e torreões pairam as pequenas estórias que fazem a grande História e que nos propomos contar.

Fernanda Durão.

As Gigantescas Gravuras da Terceira

“Nos altos matos da Ilha Terceira existem sinais de edifícios que já houveram e outras coisas que deixam em perplexidade…onde os nossos nonagenários confessam sempre os conheceram, já com admiração de seus pais que os tinham por obra de remotos séculos”.
(Francisco Ferreira Drummond, historiador, da Ilha Terceira)

Afirmada por Francisco Ferreira Drummond (1796-1858) nos “Anais da Ilha Terceira”, a certeza de que esta Ilha açoriana já tinha sido habitada antes da ocupação portuguesa do séc. XV, é um dos pilares desta investigação.
Fruto da pesquisa de um grupo de sócios da Sociedade de Geografia de Lisboa, foram recentemente descobertos na Ilha Terceira antiquíssimos sistemas de irrigação, bem como GIGANTESCAS figuras “desenhadas” no manto verde da Ilha.

Visíveis no programa Google Earth, estas gravuras de pessoas e animais são comparáveis, pela sua dimensão, às da Planície de Nazca e às do Sul de Inglaterra, ambas consideradas pela UNESCO como Património da Humanidade.
A perfeição do design, assim como o arcaísmo dos motivos e adereços das personagens, apontam no sentido da Antiguidade Clássica, revelando que esta Ilha foi habitada na Idade do Bronze e mantinha relações com as mais antigas culturas mediterrânicas.
Sendo a maioria da área da Ilha Terceira uma região agrícola e pastoril, talvez esse facto esteja na base da preservação de grande parte das gravuras. Contudo, de um momento para o outro pode chegar a “febre das auto-estradas” ou haver um surto de construção.
A criação de um parque nacional que englobasse – senão todos, pelo menos a maioria destes achados – seria o primeiro passo a dar, no sentido da preservação deste riquíssimo património.
Enquanto as gravuras não forem estudadas, catalogadas e preservadas, estão à mercê de qualquer roda de tractor ou da escavadora de um construtor civil. Toda a História que elas ainda guardam pode ser varrida da face da terra e com ela irá, talvez para sempre a explicação do passado desta Ilha, que muito antes de ser Terceira, já era ÚNICA.

Colabore connosco na preservação deste Tesouro Nacional, ajudando a encontrar patrocínios para o seu estudo e preservação.

Para saber mais leia: “Os Anais da Ilha Terceira”, Francisco Ferreira Drummond;
Edição da Sec. Regional de Educação e Cultura dos Açores; “A Terceira Atlântida”, Fernanda Durão, Editora Zéfiro.

Leela Brooker

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

60 anos de Direitos Humanos


Tanto há para dizer sobre os Direitos Humanos que prefiro limitar-me a assinalar a data... o resto fica para reflexão de todos nós em busca de melhores formas de os trazer à prática. Conscientes e Solidários, "sem medo nem preguiça" -como diria o meu tio!... Na verdade, por muito que nos aflija o seu incumprimento perante o constatar da fome, do medo, da doença, da guerra, da sede, de todas as formas de discriminação, do desemprego, da ausência de sistemas de saúde condignos para todos e do acesso à cultura e à educação... por muito que nos tenha desiludido o tempo perante tudo o que desejamos, exijimos e queremos poder concretizar, a verdade é que, em milhares de anos de existência da Humanidade, os Direitos Humanos são uma construção socio-cultural que emergiu apenas nos últimos 60... e se todo o instante é tempo demais perante o sofrimento e a injustiça de todo o ser humano, levantar a voz e a memória em simultâneo, por todo o planeta em nome de uma causa comum é, sem dúvida, uma das melhores realizações que podemos almejar!... Pensamos, falamos, sentimos e sabemos... falta-nos agora realizar!... e, como sempre, a obra nasce de cada passo, de cada pensamento e de cada acto de cada autor... e aqui, no que respeita às relações humanas, pessoais, sociais e políticas, todos nós somos autores e a todos cabe um cadinho de responsabilidade por um mundo melhor! Certa de que faremos o nosso melhor, faço votos de que saibamos insistir, persistir e não desanimar nunca perante a vida! Por todos nós!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Coluna vertebral


O que mais incomoda, nos dias que correm e em que se procura uma razão para acreditar, numa espécie de "desesperada busca da seriedade", como Paul Krugman chamou, no El País, às motivações que levaram à eleição do novo Presidente norte-americano, Barack Obama, é o facto de alguns protagonistas políticos colocarem a sua auto-imagem à frente dos interesses colectivos e dos seus valores simbólicos que, a serem ostentados, o deveriam ser com sentido de responsabilidade cívica e política. Refiro-me às questões que têm sido levantadas a propósito do BPN e do presumível envolvimento de personalidades que integram orgãos de soberania com a relevância, por exemplo, do Conselho de Estado. Independentemente da veracidade das suspeições não é legítimo nem dignificante para ninguém que o País fique refém da palavra de um cidadão cuja teimosa insistência em afirmar a sua "ingenuidade" conduz à utilização de uma imagem pública que hipoteca a imagem institucional do Estado... mas, na verdade, nunca a vaidade dissimulou a arrogância gratuita e prepotente... a comprová-lo, encontramos na História um inequivocamente excessivo número de exemplos... e de ditaduras.

Expressões


É com atenção que se escreve

o que o coração nos dita,

filtrando o que o olhar o mundo

nos dá a pensar...

... assim se empresta às palavras,

o sentir

com que vamos fazendo pontes

nos intervalos

das longas estradas

a cumprir...

... enquanto o tempo corre

como as águas

para um mar que, entre o azul e o cinza,

se torna, na distância sem limite dos horizontes,

uma outra expressão do ar a que também,

infantil ou metaforicamente,

chamamos céu.

Odetta Holmes, live 2005, "the house of rising sun"



Faleceu há poucos dias a voz da liberdade e da luta pelos direitos humanos.
Admitia-se que fosse ela a voz na Cerimónia de Tomada de Posse de Obama.
Já estivera ao lado de Luther King, onde cantara poderosamente "Freedom", no dia em que este proferiu o celebrado "I have a dream"...

domingo, 7 de dezembro de 2008

Da beleza ao espanto e à interrogação



A beleza real das paisagens deixa-nos subitamente mudos, entre o espanto da emoção e a vontade de eternizar o olhar... depois... depois, emerge em catadupas a linguagem, atropelando-se a si mesma na quantidade imensa de coisas a dizer... e assim, entre o silêncio e a vontade de pensar alto, recorro à adaptação breve do excerto que em seguida transcrevo, a partir de um texto que escrevi o mês passado para uma crónica radiofónica emitida no Alentejo:

Se os enquadramentos políticos nacionais, regionais e locais estimulassem a fixação social da população migrante, provavelmente o problema da desertificação humana do mundo rural não se colocaria de forma tão grave como aquela que conhecemos e, talvez estivéssemos, no mínimo, a contribuir duplamente para uma causa justa que diz respeito ao bem-comum: contrariar a discriminação contra os imigrantes e acelerar o necessário equilíbrio da distribuição demográfica pelo espaço disponível… talvez o Alentejo crescesse e florescesse como todos nós desejamos - há demasiadas décadas para podermos acreditar que se nada fizermos, pode ser encontrada solução eficaz para este deserto que nos vai consumindo os campos e a vida…
... interrogo-me: como podemos nós desperdiçar tanto espaço, tanta humanidade e tanto património, deixando que as pessoas se acumulem nas cidades, se discriminem, se maltratem e empobreçam?... não, o futuro não poderá encontrar grandes desculpas para o presente que vamos deixando instalar-se como o vemos, porque temos, além do mais, uma História de milhares de anos que já nos deveria ter servido de lição!...
… mas, afinal, quem conhece as origens de um povo, sem ser pela história que nos vão inventando ou que a memória das famílias, apesar de tudo, demasiado curta para a dimensão da História, nos quer levar a construir?... Da verdade pouco reza a ideologia mas rezam isso sim, muito mais, os factos, a experiência e a vida… um dia todos nós deveriamos reler uma das versões relativas a uma das fontes originárias da população e, consequentemente, da cultura do Alentejo… um escritor menos conhecido do que lhe é merecido, descreveu-a, fictícia e sistémica, num dos mais belos romances que li, escritos em língua portuguesa: chama-se o livro “Vida e Morte dos Santiagos”... e o seu autor, Mário Ventura.

Smile, live in Gdansk, David Gilmour

Preciosidades Musicais



Dos músicos que marcarão a história, das suas composições e interpretações encontramos um lindissimo exemplo no tema "High Hopes", particularmente numa versão gravada em Gdansk... aí se compreende porque podemos, sem hesitações, falar na suprema arte de David Gilmour!... vale a pena ouvir!

sábado, 6 de dezembro de 2008

A importância da realidade


As previsões apontam para que, em 2023, Portugal tenha metade da sua população a viver na área da Grande Lisboa e 25% na área do Porto!... o facto significa que o processo de desertificação humana do país, apesar das sucessivas chamadas de atenção que têm vindo a ser feitas, continua galopante! Este é, sem sombra de dúvidas, um dos mais graves problemas nacionais... contudo, não se vislumbra um debate generalizado e sério deste assunto que, progressivamente, nos afectará a todos! Por todo o planeta, a concentração populacional nas grandes cidades significa a concentração da pobreza... contudo, continuamos a assistir ao silêncio ruidoso da opção por prioridades políticas que não valorizam a dimensão do problema e que, por essa razão, não vislumbram razões para promover o investimento na exploração e implementação de medidas político-económicas e sociais capaz de dinamizar e sustentar a indispensável atracção e fixação populacional para o espaço territorial disponível... provavelmente, uma vez mais, teremos que esperar pela ruptura para se voltar a olhar com a devida atenção para a problemática da ocupação do espaço, aparentemente reduzida às ditas "questões urbanísticas" que arrastam sobre a terra um olhar deformado que tudo vê em função de lógicas que mais parecem depender da construção civil... despertaremos apenas, alegando infundadas imprevisibilidades dos fenómenos sociais, quando a escassez dos géneros alimentares a isso obrigar ou o êxodo de refugiados dos previsíveis conflitos sociais urbanos que vamos deixando avolumar na actualidade, a isso nos obrigarem?... afinal, no mundo de hoje, em que lugar colocamos, na nossa escala de valores, a importância da realidade?

Inutilidades políticas



O mundo é hoje um palco demasiado complexo e a consciência que vamos tendo dessa complexidade retira aos políticos legitimidade ética para que desperdicem o poder que lhes foi conferido por sufrágio eleitoral em inutilidades... não se justifica, por esta razão, a insistência do Partido Socialista relativamente à questão autonómica dos Açores que abriu uma quezília com o Presidente da República. De facto, que sentido faz, tentar condicionar, neste contexto, as competências do PR ou tornar mais difícil a dissolução do Assembleia Regional dos Açores do que a da própria Assembleia da República? ... É uma questão de bom-senso!... Afinal é exclusivamente da responsabilidade dos partidos políticos o reforçar de razões para a descredibilidade da política... ou melhor, dos seus protagonistas que, a julgar pela persistência das aparências, se preocupam mais com os seus próprios lobbies do que com as realidades económicas e sociais a que é suposto darem resposta!

Renascer


Chove... a chuva é, muitas vezes, uma forma de lavar o mundo... lavar por fora, é certo mas também, seguramente, de renovar a apetência para o renascer... renasce-se sempre, depois das águas... e renascer é ter a alegria de celebrar a vida, subscrevendo o compromisso de continuar vivo e eternamente renascido!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Direitos e Realidades


Após o desmoronar do designado "mundo de leste", com a queda do Muro de Berlim e a emergência, na então URSS, da perestroika, assistimos agora, ao ruir do capitalismo tal como o temos vindo a conhecer, com a crise demolidora das estruturas financeiras em que assenta o modelo de mercado e a emergência de uma nova presidência nos EUA de uma personalidade como Barack Obama. E se as assimetrias sociais e económicas o justificam e a História ainda tem matéria para "lavar e durar", impressionante foi o silêncio que envolveu estes grandes fenómenos macro-políticos e macro-económicos... um silêncio que era afinal ensurdecedor e de cujo ruído poluente e tóxico fez eco a comunicação social ao longo das últimas décadas. O mundo está agora perante uma nova oportunidade: a de se repensar e reconstruir, evitando os erros que conduziram até aqui as sociedades humanas em detrimento da vida e do direito à vida... A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem 60 anos!... mas, como todos o sabemos, são violados, em maior ou menor escala, em todo o lado, estes Direitos que são, nada mais nada menos, do que Direitos de Todos os Seres Humanos! Sem relativizarmos as más práticas políticas, económicas e sociais que em todos os países e em todas as sociedades vão persistindo em incidências que violam esses mesmos Direitos, vale a pena lembrar a imagem do "mapa negro dos Direitos Humanos" editado no ano passado, 2007 e relativamente ao qual não podemos, infelizmente!, registar diferenças significativas... Os Direitos Humanos são agora a Carta de Conduta, o Código Ético da Humanidade e estão, efectivamente, por cumprir!... Os Direitos Humanos são o reflexo do que de melhor os seres humanos podem produzir: a materialização escrita de um sonho que nos deve servir de referência e de objectivo... um projecto que requer todo o nosso empenho para ajudar a elevar os níveis de consciência cívica, transformando o obscuro mundo da ignorância e do egoísmo em que vivemos, iludidos com a tecnologia e o consumismo, num espaço onde seja possível a todos exercer o direito natural à vida e à dignidade.

A Mestria - Viver e Saber


A pretexto do lançamento do seu livro mais recente, A Viagem do Elefante, José Saramago deu hoje uma grande entrevista ao jornalista Mário Crespo. Encantado com a riqueza de leitura que o livro lhe proporcionou, o jornalista interpelou o autor sobre a dimensão simbólica desta narrativa que Saramago caracterizou como produção fictícia a partir de cerca de uma página descrevendo um facto histórico. Fascinante foi a aprendizagem que Saramago permitiu a quem o ouviu: a obra é uma história inventada a partir de um episódio histórico e a sua escrita resulta de um dado que, esse sim, no dizer do autor, é uma metáfora da vida: um elefante indiano existente em Lisboa no século XVI foi doado por D.João III ao Arquiduque da Áustria como presente pelo casamento com a filha de Carlos V. No fundo, um elefante vindo da Índia para Portugal viaja, andando, entre Lisboa e Viena... e desse percurso algo bizarro que poderia analogicamente associar-se à imagem de uma extraordinária aventura resulta, mais bizarra ainda, a morte do elefante... e foi exactamente a morte do elefante que impressionou Saramago e que, segundo o próprio, justificou a invenção e a escrita do livro... porque, após a sua morte, cortaram as patas dianteiras ao elefante e delas fizeram um recipiente para colocar sombrinhas e chapéus de chuva!... facto histórico, o do destino das patas dianteiras do elefante morto, as mesmas que o levaram de Lisboa a Viena, é aí, apenas aí, que Saramago reconhece simbolismo metafórico sem comentários extra, ao livro que escreveu... Saramago, assumidamente ateu, viu, como o podem ver os olhos, o pensar e o sentir de quem lê nas entrelinhas o sentido das coisas, na história do elefante o absurdo imprevisto da vida humana... e, olhando mais alto, como sempre deveriamos ser capazes de fazer a propósito de todas as pequenas coisas da vida, Saramago falou com mestria, simplicidade e realismo da forma como a espécie humana vive, ocupa e destrói o planeta, deturpando e desvirtuando a própria vida pela construção de formas de ser e de estar que consagram socialmente as iniquidades que nos permitem a injustiça, a miséria e o desrespeito pelos direitos humanos!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Nem a MFLeite faria melhor...!






(Via Blasfémias)

As mãos e o rosto da mudança


A eleição do 44º Presidente dos Estados Unidos da América reeditou a esperança. A esperança dos indivíduos e dos povos, das culturas e dos cidadãos. Barack Obama fez da sociedade americana o seu partido e dos cidadãos os seus camaradas. Reconquistou a confiança das pessoas e levantou alto a sua voz, fazendo-se humilde mas determinadamente, voz dos seus concidadãos... As convicções de Barack Obama não procuraram ser politicamente correctas; foram, isso sim, o resultado de uma reflexão construida ao longo de uma vida que, mais do tudo, foi intensamente sentida... tão sentida que interiorizou o sentir dos que o elegeram... Construir a esperança com a verticalidade do discernimento e da convicção fraterna e solidária, com a lucidez e a energia própria de quem não baixa os braços... hoje, cerca de um mês antes da sua tomada de posse, Barack Obama prossegue na senda da razão e do bom-senso com a prudência indispensável à responsabilidade de presidir às reformas que, espoliado e empobrecido, o seu país requer e à influência que o mundo lhe reconhece. O que a eleição de Barack Obama prova é que a força da razão aliada à afectividade que nos liga à vida, desenvolvida com inteligência e justeza de carácter pode, efectivamente, ajudar a construir um mundo melhor para todos. A esperança é o testemunho inequívoco de que podemos contar com as pessoas.

sábado, 29 de novembro de 2008

Caminhos


Caminhos percorridos e a percorrer vão construindo no nosso imaginário percursos de acesso aos sonhos com que se vai dando forma à realidade...

O Sonho


O sonho, expressão do imaginário, liderou a mente humana, configurando a razão no desbravar dos caminhos e na construção do futuro. O sonho, enquanto imagética do metafórico, deu sentido e significado aos desejos e apoiou a estruturação da racionalidade na invenção científica, tecnológica e política... como o fazem os contos de fadas na estruturação das mentes abertas ao deslumbramento das crianças - que deveriamos querer manter vivas dentro de nós porque... pelos sonhos medimos a convicção e a intensidade da vida.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Identidade


Celebrar a vida é viver... Viver é Existir... Existir é Descobrir... e Descobrir é Saber!... assim construimos o Ser e o Estar... e assim realizamos a nossa própria Identidade!

O Blogue e a Escrita


A escrita é um processo criativo resultante do exercício da mente sobre o ver, o pensar e o sentir. Criar um blogue é uma expressão de intencionalidade de partilha da escrita enquanto instrumento de comunicação... de uma comunicação reflexiva feita de pensamentos e opiniões que se acendem dentro de nós como uma luz, quando decidimos escrever. Por essa razão, chamamos "A Nossa Candeia" a este blogue onde irão escrever em nome próprio ou sob outras formas de identificação, heterónimos ou pseudónimos, uma, duas, três ou mais pessoas que pretendem partilhar a escrita e o pensar... "A Nossa Candeia" pretende ser o lugar onde podemos "dar à luz" o que nos ditar o ser e o estar no mundo... um mundo apaixonante e complexo sobre o qual nunca poderemos esgotar o que há para descobrir, sentir, pensar ou dizer...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Praga, a cidade bela


Visitei Praga recentemente. Foi a minha primeira viagem a esta cidade cujo fascínio resulta da perfeita harmonia entre a beleza, a cultura e a vida. Em Praga respira-se a expectativa e a concentração inerentes à valorização da existência humana. Voltaremos a falar de Praga...

Despertar!

Na Nossa Candeia não há almoços grátis! O blog que aqui nasceu hoje, dia 26 de Novembro de 2008, às 21.55 h, vem ajudar a pensar os dias! Venham os leitores, os comentários, os seguidores e até os colaboradores!...

Ana Paula Fitas & Companhia