sábado, 24 de janeiro de 2009

Manipulação e Mediatismo



Em Portugal, como no resto do mundo, a manipulação ideológico-política adquiriu estatuto de "stablishment"... de facto, através da generalização do acesso aos media, a manipulação tornou-se um instrumento massificante de gestão da opinião pública e hoje, sob pretextos legítimos de exercício da liberdade de expressão, o afastamento ético da prática deontológica da função informativa, dificulta ao cidadão o discernimento... prolonga-se assim o jogo de um calculismo político sem limites, oportunista e especulativo que, num contexto de crise económico-financeira, torna mais rápida a aproximação às rupturas político-sociais... a tentação de "vender" notícias, comprar audiências e de liderar protagonismos tornou a comunicação social (dita o "quarto poder"!), num recurso potencialmente devastador... principalmente porque utilizada sem escrúpulos e com um certo prazer na promoção da intriga e do caos, com resultados apresentados conjunturalmente e alheados a contextos que permitiriam interpretações diversas das que se retiram do simples enunciar de relatos correspondentes, indiscriminadamente, a eventuais factos, realidades ou especulações... a manipulação é uma técnica de vendas de efeitos sociais e políticos, gratuita e susceptível de desencadear dinâmicas cujos efeitos não pode controlar... a comunicação social é, por isso, o maior inimigo de si própria e fez dessa ambivalência a sua própria natureza -como convém às regras de sobrevivência do mercado e em detrimento da essência da sua fundamentação filosófica, cívica e científica... manipular o uso do poder sem o bom senso que implica a responsabilidade social é uma espécie de inconsciência que permite às crianças brincar com armas...

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