sexta-feira, 6 de março de 2009

A cega teimosia do provincianismo nacional



Uma pessoa esforça-se mas, a realidade persiste em não nos deixar ignorar o provincianismo e a manipulação grosseira com que, no nosso país, se vão sucedendo os factos, de que trago aqui apenas 2 exemplos que considero sintomáticos... Por razões várias, alegadamente, não parecer oportunismo eleitoral, o PS não revogou as taxas moderadoras... O facto manifesta, no contexto de um mutismo autista sem racionalidade aparente para além de um extemporâneo e bacoco economicismo face à crise, a persistência política na adopção de uma medida lesiva do interesse público, resultante de um provincianismo assustador incapaz de retroceder quando se torna evidente o erro... Ora, sabemos, nomeadamente desde que Pierre Bourdieu o explicou há já tempo suficiente para não ser conhecido de todos, que o poder assenta numa dimensão simbólica que, atrevo-me a dizê-lo, a ser ignorada, pode reduzir a sua influência até à sua extinção fundada na divergência entre a sua afirmação e o seu reconhecimento social. De igual modo, questão a que poucos parecem dar relevo nesta democracia republicana e laica em que se pretende sustentar a cidadania e a igualdade de direitos e de oportunidades, é a da canonização de Nuno Álvares Pereira - não pelo facto em si mesmo por ser legítimo e livre, no âmbito da crença, da religiosidade e do corporativismo, a adulação e efabulação dos aderentes mas, pelo carácter simbólico que teve a votação de regozijo ao evento na Assembleia da República, numa inútil e humilhante cedência dos princípios do Estado democrático ao folclore eclesiástico e político... sim, porque o mais grave é a dimensão política deste simbolismo (leia-se aqui o texto hoje publicado no DN) que denota não se poder pensar a questão de ânimo leve, desculpabilizando-a como se fosse relativizável como o faz Paulo Pedroso no Banco Corrido, quando diz "(...) não vejo porque há-de o Parlamento abster-se de se congratular (...)" apesar de, diga-se em abono da verdade e da justiça, reconhecer que o facto manifesta afastamento do laicismo... ah! é verdade!... ontem, a televisão noticiava que o santuário de Fátima era um fortissimo cliente do BPN - o que me fez lembrar de um livro já com décadas mas que recomendo vivamente: O Empório do Vaticano de Nino Lo Bello.

1 comentário:

  1. Rendo-me,cara Amiga, Você está, cada vez mais, cheia de razão...

    ResponderEliminar