sábado, 9 de maio de 2009

Do Descontentamento Social à Acção Política...


Consensual, a previsão económico-social para o estado do país aponta para um futuro próximo dramático. Disse-o ontem o Bispo Emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, ao comentar a violência vivida nos últimos dias no Bairro da Bela Vista, em Setúbal, que exemplifica um fenómeno cuja potencialidade justifica a sua incisiva chamada de atenção política. De facto, neste contexto, é hoje imperiosa a necessidade de se planear a implementação de medidas político-sociais, capazes de reduzir o risco social grave da manifestação violenta das populações de risco, cujos problemas não podem ter como resposta sistémica a intervenção policial. A realidade económica em Portugal, foi depois, no programa "Negócios da Semana", objecto de análise de um esclarecedor debate travado entre o economista e ex-Governador do Banco de Portugal, Professor Silva Lopes e o Presidente da CIP, Engenheiro Francisco Van Zeller que se destacaram pela sua leitura objectiva e frontal do nosso futuro próximo que anuncia já para o próximo Outono, um agravamento dos efeitos da crise internacional apenas controlável sob uma forte actuação política. Por esta razão, abordando os cenários recentemente trazidos à discussão a propósito do Bloco Central, foi consensual a consideração de que apenas uma maioria absoluta poderia dar resposta à governabilidade do país, nomeadamente pelo facto das coligações não terem, entre nós, uma experiência de convergência efectiva, quebrando-se sempre antes do cumprimento dos mandatos, acabando por reforçar as fragilidades que as justificam na origem. A instabilidade política provocada por uma governação minoritária que, cedo ou tarde, levaria o Presidente da República à convocação de novas eleições, não é, por isso, de forma alguma desejável pelo que, entre todos os cenários possíveis, o mais adequado à criação de condições de uma governação condenada a ter que tomar medidas impopulares para a sobrevivência do trabalho e dos cidadãos, seria efectivamente, uma maioria absoluta... quanto ao risco de hegemonia do exercício do poder e do seu eventual abuso, foi ainda consensual a defesa do Professor Silva Lopes relativamente à necessidade de existência de uma oposição esclarecida como factor de controle democrático. Sem divergências para o campo da especulação política, as intervenções centraram-se na análise económica do país, cujo estado actual, ainda segundo Silva Lopes, decorre da grave crise internacional contemporânea que a oposição recusa reconhecer, ostentando a expressão de uma irresponsável falta de seriedade, evidente na atribuição dos seus efeitos à actuação governativa. Pouco frequente entre nós, o debate concertado e objectivo, deslocou o centro do comentário da ausência de ideias e soluções que caracteriza, entre acusações, insultos e desconfianças, a discussão político-partidária, para os problemas do país e, consequentemente, para o interesse público... um exemplo para o que deveriam ser os debates políticos no contexto do ano eleitoral que atravessamos... sobre a Europa e a governação... nacional, regional e local.

Sem comentários:

Enviar um comentário