sábado, 31 de outubro de 2009

O Lago dos Cisnes segundo Zakharova e Nureyev



... Svetlana Zakharova (2004)...



... e Rudolf Nureyev (1966)...

... e um Tributo ao Bailado... no Masculino



... a Rudolf Nureyev...

Sons Femininos...



"Redoutable" de Véronique Sanson, ícone feminino da mudança na composição musical francesa dos anos 60 e 70.

Contra o Desemprego, Proteger os Cidadãos


Temos hoje, na Europa, 22 milhões de desempregados e, em Portugal, mais de 510.356 de cidadãos sem trabalho... numa economia e numa sociedade como a nossa, onde é indispensável promover, com resultados efectivos, o aumento da produção nacional para, na expressão de Ernâni Lopes, "criar riqueza", a prioridade política é, incontornavelmente, combater o desemprego. O fenómeno, demolidor da estrutura social pelo vertiginoso ritmo de empobrecimento da população, justifica a sua eleição como matéria de interesse nacional que o Governo reconhece, assumindo-o como seu principal objectivo e que, as entidades vocacionadas para a defesa dos direitos das pessoas, designadamente, os sindicatos, desenvolvam meios de pressão política no sentido de serem materializadas as condições indispensáveis ao apoio social aos cidadãos, cada vez mais fragilizados. Felizmente, reconheça-se... porque, por um lado, a questão se inscreve no quadro dos Direitos Humanos e dos Direitos Fundamentais e porque, por outro lado, quando atingidas por processos que aceleram a exclusão social, as pessoas perdem capacidade para resistir a uma realidade que, de forma evidente, transcende a sua esfera de intervenção. Por isso, numa atitude pró-activa de intervenção, a central sindical CGTP lançou uma Petição apela: a) ao alargamento da protecção no desemprego; b) à revogação do factor de sustentabilidade; c) à alteração das regras de actualização das pensões e das prestações. A Petição pode ser lida e assinada AQUI.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Face Oculta...


"Face Oculta" não é título de telenovela ou sequer de um "thriller"... é o nome de mais uma operação judiciária na guerra contra a corrupção, matéria que, pela frequência com que vem emergindo, merece à opinião pública, não apenas atenção mas, acima de tudo, reflexão. Antes de mais, a face oculta da "tentação" a que cedem os que ao poder acedem, denota a falta de competências pessoais para o exercício das funções a que ascendem. A negligência absoluta da noção de serviço em nome do bem-comum atesta a ausência de uma cultura cívica indissociável da inexistência de uma cultura política sustentada e a sistematicidade com que os políticos surgem associados ao crime económico é o pior dos precedentes para a garantia da continuidade democrática. A corrupção, nos estados democráticos, dissemina a valorização do autoritarismo. Perigosa politicamente para as democracias, a corrupção económica assenta numa actuação que facilita o desenvolvimento da própria economia paralela, da delinquência e de todo o tipo de criminalidade. Por isso, em sociedades organizadas com base nas relações de dependência interpessoal, as redes criminosas multiplicam a sua exponencialidade, podendo materializar-se em relações sociais como as que, em Itália, têm um rosto já não oculto mas, assumido à luz do diz. Das pequenas conivências aos favores mal-equacionados em termos de consequências, rapidamente se desenvolvem dinâmicas a que só o carácter e a cultura cívico-política interiorizada no quadro de valores dos cidadãos podem estabelecer limites de legitimidade... Sabendo-se, designadamente por analogia com o que acontece no que se refere ao grau de representatividade real dos dados estatísticos que, apenas cerca de um terço dos indicadores da realidade é, de facto, denotável pela metodologia aplicada, no caso, no que à corrupção respeita podemos imaginar a dimensão do fenómeno que, antes de mais, hipoteca a confiança das pessoas e descredibiliza ainda mais a Justiça e a Democracia.

Caim... na Culturgest...


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Tarrafal... nunca mais!




Faz agora 73 anos que foi inaugurado o Tarrafal, "Campo da Morte" português. A Ilha de Santiago, em Cabo Verde foi o local escolhido pelo Estado Novo para sujeitar os deportados ao conhecido regime de "morte lenta", caracterizado pelo recurso a espancamentos, trabalhos forçados, semanas a fio na "frigideira" (uma espécie de caixa de cimento, exposta permanentemente ao sol, com apenas 2 orifícios para permitir a respiração, internamente dividida em 2 celas com capacidade para 2 a 3 prisioneiros cada mas, onde chegaram a estar 12 homens no exíguo espaço de 9 metros quadrados), à péssima alimentação e à contaminação por doença (designadamente, paludismo) numa das mais inóspitas regiões do arquipélago... Campo de concentração ainda sem a sofisticação das câmaras de gaz celebrizadas pelos nazis, nele morreram 32 dos que aí foram desterrados, entre os quais se contam participantes nas greves de 18 de Janeiro de 1934, participantes na revolta dos marinheiros de 1936, anarquistas, sindicalistas, comunistas e antifascistas que, à chegada ao degredo, ouviam anunciar pela voz do Director do Campo: "Quem vem para o Tarrafal, vem para morrer!" O tempo de prisão dos 340 prisioneiros que passaram pelo Campo somou 2.000 anos, cinco meses e onze dias! O Tarrafal foi extinto em 1954, tendo sido utilizado na década de 60 para os que lutavam e apoiavam os movimentos de libertação dos agora PALOP's! Os corpos dos 32 mortos no Campo da Morte só vieram para Portugal depois do 25 de Abril de 1974!... Para que se não esqueça, A Nossa Candeia associa-se a todos os que trazem à memória o exemplo do que não podemos deixar que volte a acontecer... e ficam as imagens, indesmentíveis, das instalações do campo, do cemitério e da "frigideira"do Tarrafal!

(Este post tem publicação simultânea no A Regra do Jogo)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Escravaturas...



No dia em que ficámos a saber que mais cidadãos emigrantes, de nacionalidade portuguesa, foram escravizados, a partir de uma demanda de trabalho, fica-nos a ideia de que toda a atenção é pouca perante as novas/velhas estratégias de exploração dos seres humanos... por ora, fica o som de um exemplo de libertação e afirmação... India's Song por India Arie!...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A Guerra da Água


A Guerra da Água atingiu proporções dramáticas: 80% da água potável disponível na Cisjordânia é consumida por Israel que impede o seu acesso aos Palestinianos... com a inverosímil, ridícula e nefasta justificação de que foram os israelitas a descobrir primeiro (?!?!?!) as fontes deste vital recurso natural... para além de pura provocação, esta atitude é uma evidência da adopção dessa prática genocida que consiste no retirar os meios elementares de subsistência a um povo inteiro. Inadmissível Crueldade que serve apenas para ceifar a vida da população palestina e que contribui decisivamente para a falta de respeito que a Humanidade nutre já por Israel que continua a investir nos caminhos da guerra, da fome e da guerra como forma de relacionamento com os povos vizinhos. A Amnistia Internacional veio a público denunciar a situação.

(Este post tem publicação simultânea no Forum Palestina e no A Regra do Jogo)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Tragédias Contemporâneas: o Mundo Laboral entre o Desemprego e o Mau-Emprego...

O desemprego é hoje o maior desafio do mundo ocidental que integra o número de países ditos desenvolvidos. Na verdade, a constatação do fenómeno decorre, não da sua imprevisibilidade (na medida em que o desenvolvimento tecnológico o implica e anuncia com significativa antecipação) mas, isso sim, na incapacidade (objectiva por razões de negligência e cálculo de redução de custos que se presumem no não investimento da prevenção) de encontrar respostas diversas, inovadoras e alternativas no quadro da oferta dos empregos, trabalhos e tarefas que sabemos irem reflectir a dispensa de mão-de-obra por motivos vários mas, repito-o!, previsíveis. O problema do desemprego não pode ser resolvido sem a coragem política coordenada e integrada de apoio à criação de empresas e à contratualização em áreas inovadoras relativamente ao mercado tradicional... não, não se trata apenas de alimentar as cadeias das novas, tecnologias da informação, tecnologias de vanguarda, "de ponta", etc... trata-se, isso sim, de investir fortemente no apoio à revitalização e à criatividade no sector das indústrias transformadoras, designadamente de pequena e média dimensão, de modo a reconfigurar os aparelhos produtivos que viabilizam a sustentabilidade do desenvolvimento à escala nacional, por toda a Europa... da agricultura aos serviços, precisamos urgentemente de perceber que interesses, competências e oportunidades nos oferecem as existências e qualificações de que dispomos para reinventar uma rede económica diversificada que se não esgote nos modelos e práticas tradicionais... hoje, conforme o provam os suicídios na maior empresa de telecomunicações francesa (leia-se o excelente artigo publicado pelo Alternatives Économiques), o trabalho sob tensão, contrariando vocações e formações, competências e consciências, conduz a uma tal baixa auto-estima, a uma tal redução das expectativas sociais e a níveis de qualidade de vida tão pouco gratificantes que se pode já tirar conclusões que não podemos continuar a ignorar (leia-se o artigo de Beja Santos no Vidas Alternativas). Referimo-nos à degradação das condições de trabalho (com causas muito próximas do abuso da flexibilidade e mobilidade utilizadas em ritmos que contrariam toda a organização bio-psico-social tal como a conhecemos e vamos culturalmente), associada às cada vez menos visíveis solidariedades colectivas (que nos alertam para o desfasamento entre interesses de trabalhadores e culturas organizacionais sindicais)... sem querer comparar o desespero do desemprego com a fraude psico-social e cultural que representa o mercado de trabalho de hoje, é importante que se tenha uma visão objectiva de conjunto destas realidades que apelam, inexoravelmente, à revisão ideológica do mundo laboral nas sociedades contemporâneas... aliás, foi esta a grande lição da crise que só não é assumida politica e colectivamente pelo receio da quebra dos lucros imediatos dos que ainda se constituem como pilares económico-financeiros... contudo, mesmo para estes, a situação é progressivamente incontrolável, dada a crescente instabilidade dos mercados cujos equilíbrios são cada vez mais precários... a Humanidade não pode ser forçada a mudar a sua própria natureza cuja capacidade de resistência e adaptação tem, apesar das aparências, limites, em nome dos rendimentos dos detentores do poder económico actual cuja cultura não está à altura do exercício desse poder... porque se estivesse, a economia estaria ao serviço das pessoas e da qualidade de vida para todos!
(Este post tem publicação simultânea no A Regra do Jogo)

A alma dos dias...



... soa à "Serenade" de Franz Schubert e lembra a beleza do silêncio de algumas paisagens nórdicas...

domingo, 25 de outubro de 2009

Leituras cruzadas...

Um apontamento sobre o que subsiste na cultura e na sociedade portuguesas independentemente da aparência da mudança, pode ser aferido na leitura de um recente texto de Valupi no Aspirina B que nos reactualiza a dimensão complexa do Portugal que somos e de que nos dão exemplos: Tomás Vasques no Hoje há Conquilhas, Sofia Loureiro dos Santos no Defender o Quadrado ou João Carvalho e José Gomes André no Delito de Opinião. Considerando o que vai pelo mundo, onde se trocam ilusões por realidades (vale a pena ler os textos de Filipe Tourais no País do Burro e de Carlos Santos no O Valor das Ideias) e se tende a confundir árvores com florestas, concorrendo para aumentar demagogias em nome da sua pretensa resolução (de que são excelentes exemplos os textos de João Tunes no Água Lisa e o de T.Mike no Vermelho Côr de Alface), vale a pena registar testemunhos que nos trazem reflexos vários de outras realidades a considerar e de que nos dão conta: Rui Caetano no Urbanidades da Madeira, António Serzedelo no Vidas Alternativas, Eduardo Maia Costa no Sine Die e... com um destaque muito especial, os 9 redactores do Caminhos da Memória.

Sons Femininos ... de 1969



Um ícone da mudança... fica aqui, por ora, o tema "Maybe" que pode justificar, por razões de gravação, um pouco mais de volume... ao vosso critério! Revi e não resisti a partilhar... cá está: Janis Joplin!

sábado, 24 de outubro de 2009

A Bíblia e o Corão - entre a "Letra" do Texto e as Sociedades Laicas

Nota Prévia: A poucos dias da acesa polémica suscitada por "Caim" de José Saramago, hoje saiu mais um livro potencialmente polémico que também ainda não li: "A Fúria Divina" de J.Rodrigues dos Santos. Ressalve-se, antes de mais, que o texto que aqui vos apresento não tem qualquer intento comparativo entre autores, seja ao nível da qualidade literária ou sequer do posicionamento ideológico e reitere-se que não li nem um nem outro. O que me ocorre dizer está a jusante das obras enquanto tal e refere-se apenas à exposição de uma perspectiva sobre o facto de estarmos perante dois livros que interpelam dois dos mais célebres "Livros Sagrados", a saber, Bíblia e Corão. Posto isto, aqui fica o registo desta reflexão:
Quando os livros, nomeadamente, os ditos "Sagrados", são apresentados como códigos de valores, exemplos de práticas e modelos de comportamentos, o seu sentido literal é, inequivocamente, em termos lógicos, fundamental. Penso que é para esta dimensão do problema
que os livros "Caim" de José Saramago e "Fúria Divina" de José Rodrigues dos Santos, chamam a nossa atenção... a propósito de narrativas diferentes e de ficções distintas e independentemente dos contextos diversos em que, Bíblia e Corão, se foram construindo. Contudo, esta tem sido, uma perspectiva ausente dos debates proporcionados sobre o tema. Estranhamente, diria! De qualquer modo, num mundo que precisa de, continuamente, se pensar a si próprio, faz sentido que a sociedade possa conhecer e discutir estas tão sérias problemáticas para as sociedades contemporâneas, designadamente, porque não podemos ignorar que, para além dos discursos institucionais e ecléticos sobre a dimensão simbólica dos Textos Sagrados, a sua leitura, interpretação e representação, por parte dos respectivos crentes, tende a aproximar-se do sentido mais literal das referências escritas e reproduzidas nomeadamente por via oral - inclusivé por razões que se adequam à defesa da fé e, mais ainda, do dogmatismo.
A questão é, aliás, crucial e reconhecida como tal. Vejamos: é ou não desta problemática que emerge o sentido da promoção e defesa de valores e princípios como são os que se referem às sociedades laicas à liberdade religiosa, à diversidade social e à multiculturalidade?... mais: é ou não do reconhecimento deste problema que decorre a justificação do esforço pelo desenvolvimento do Diálogo Inter-Religioso em que se têm envolvido os mais prestigiados líderes das diferentes religiões do planeta? ... é ou não aqui que reside parte significativa do fundamento do Diálogo Inter-Cultural?... afinal de contas, é da PAZ ou melhor, da construção social das condições culturais necessárias e suficientes para a sua consolidação e do respeito pelos Direitos Humanos, que se trata... e aqui, convém não esquecer!, é fundamental - senão mesmo determinante!- a médio e longo prazo, o papel da Educação e da Escola.
(Este texto será também publicado no A Regra do Jogo)

Um Destaque de Alerta... pelo Ambiente, a Vida e a Cidadania!

Há situações urgentes no nosso país a que é preciso dar resposta! ... uma delas, surpreendente pela dimensão da sua gravidade, pode ser conhecida AQUI.
(Permitam-me que vos recomende, com particular ênfase dada a importância da informação em causa, a leitura, visualização e audição do texto e do vídeo que este post que aqui vos disponibilizo, da autoria de Manuela Araújo no Sustentabilidade É Acção, permite a quem, como eu, não teve oportunidade de ver a reportagem a que se refere e que possa não ter tido conhecimento da respectiva notícia).

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Obras Públicas, Agricultura, Educação, Ciência e Ambiente

Não, não foi esquecimento... no post anterior, não me referi particularmente aos Ministérios das Obras Públicas, da Agricultura, da Educação, do Ambiente ou da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior... fi-lo por considerar que estas "pastas" proporcionam uma referência específica. De facto, a importância estratégica que o trabalho do Ministério das Obras Públicas pode significar para o país, designadamente em termos de criação de emprego e planeamento concertado para a dinamização económica do território nacional, é muito relevante, merecendo, por isso, uma palavra especial de apreço a escolha do Ministro António Mendonça a cuja visão técnico-política deve corresponder o peso que a situação económica nacional justifica. Esperemos que a articulação entre este Ministério e os Ministérios da Economia e do Trabalho seja profícua, nos termos do investimento de um trabalho político em rede em que deve, também, ser integrado o novo Ministro da Agricultura, António Serrano, cuja capacidade de trabalho e diálogo deverá ser rentabilizada não só para amenizar o diálogo com os agricultores mas, fundamentalmente, relativamente à gestão racional e objectiva dos fundos estruturais e à visão de futuro indispensável à revitalização do mundo rural. E é precisamente no âmbito da promoção e desenvolvimento deste trabalho político em rede que penso dever ser pensada a articulação entre as pastas da Educação, da Ciência, Teconologia e Ensino Superior e do Ambiente. Porque a Educação é hoje um desafio que transcende a negociação com os professores e com a questão do respectivo sistema de avaliação, carecendo de um redimensionamento em termos da formação científica e técnico-pedagógica dos docentes, colocando a Ministra Isabel Alçada perante uma responsabilidade que implica co-responsabilização ministerial com os Ministérios da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (cuja actuação do Ministro Mariano Gago deveria, pelo menos desta vez, investir mais na área das Ciências Sociais não só ao nível teórico mas da intervenção/acção para efeitos de efectiva promoção da qualificação dos serviços técnicos dos recursos humanos institucionais, públicos e privados) e do Ambiente que, no nosso país, requer maior intervenção política da agora Ministra Dulce Pássaro no mercado produtivo industrial mas, também, nos sectores educativo e científico nacionais.

(Este post tem publicação simultânea no A Regra do Jogo)

Expectativas nacionais...

Um governo equilibrado e adequado à actual situação socio-política nacional é o que teremos a partir de 2ªfeira. Com Ministros-Chave nos grandes Ministérios (Economia, Finanças e Presidência), cuja preparação política nos garante consistência e seriedade, dada a experiência política em sectores decisivos (Assuntos Parlamentares, Justiça e Defesa) e a inovação qualificada em sectores importantes (Trabalho, Educação, Cultura e Ambiente), a sociedade portuguesa pode ter, neste Governo, um representante à altura dos seus desafios... Construido pragmática e ponderadamente, o novo Governo assume um rosto multifacetado claramente direccionado para os públicos com que a Governação se irá confrontar. Pedro Silva Pereira, Teixeira dos Santos e Vieira da Silva asseguram a coesão programática e intervenção estratégica da acção governativa, Jorge Lacão assume a responsabilidade da gestão relacional vital do Governo com a AR, Alberto Martins e Augusto Santos Silva enfrentam dois importantes desafios onde o respectivo peso político será avaliado pelo reconhecimento da sua acção concreta e pelo discernimento que mantiverem nas relações com esferas onde o corporativismo impera... entretanto, Helena André tem o perfil adequado à negociação com os parceiros sociais e Gabriela Canavilhas pode vir a desenvolver um trabalho interactivo interessante com a multiplicidade de actores da esfera cultural que, indiscutivelmente, precisa de um interlocutor dinâmico, flexível e consciente das dificuldades com que o sector se debate. Com esta imagem, multifacetada, competente e diligente, se, de facto, a oposição trabalhar com seriedade e sentido de responsabilidade, poderemos vencer mais esta grande etapa da crise que constantemente tem assombrado Portugal e a que urge dar resposta... com a criação de emprego e o aumento da produtividade. Votos de muito sucesso num quadro de conciliação e entendimento com visão política do interesse nacional é, afinal, o que de melhor podemos e devemos desejar para o país.
(Este post teve publicação simultânea no A Regra do Jogo)

Sonata...



... Sonata ao Luar... de Ludwig Beethoven...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Just Perfect...


A blogosfera, a par da exposição opinativa e analítica, da crítica e da argumentação, tem, também destas coisas: simpatias, amabilidades, empatias, reconhecimentos, cumplicidades. Dimensões gratificantes, convenhamos... às vezes, muito gratificantes. Como o foi receber da Manuela Araújo a quem envio um grande abraço pela qualidade do Sustentabilidade é Acção que nos brinda com um prémio que merece ser retribuído; refiro-me ao Selo VIP "Just Perfect" que aqui reproduzo e partilho pelos seguintes congéneres, dedicando-lhes a frase com que devemos justificar a atribuição deste Selo: "Your Blog is just perfect to learn something every day":













quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Regras... do mercado

Acabei de escrever no A Regra do Jogo um texto que pode ser lido AQUI.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Saramago - 2 Pesos e 2 Medidas?!



Não li "Caim"... mas, claro que o irei ler. Por ora, registo apenas que dá a pensar o raciocínio dicotómico, de claro pendor etnocêntrico, que a sociedade portuguesa tem evidenciado a propósito do lançamento deste livro e das declarações que, sobre ele, tem feito o seu autor... no entanto, quando Salman Rushdie publicou os "Versículos Satânicos" e o mundo islâmico o condenou, o Ocidente levantou a voz contra a falta de liberdade e tolerância; de igual modo, quando, mais recentemente, surgiram no Ocidente cartoons que o pensamento islâmico interpretou como ofensivos, de novo se fizeram ouvir as mesmas vozes pela liberdade de imprensa, de expressão e de pensamento. Agora que José Saramago condena, após um exercício heurístico e hermenêutico que o vincula como autor, livre na exegese, no pensamento e na expressão, valores como a crueldade (alguém pode alegar que o episódio de Abel e Caim não é cruel?) erguem-se as vozes, desta vez não em nome da liberdade mas, do insulto que chega ao ponto de considerar a escrita e a publicação desta obra como reflexo de uma "atitude anti-Nobel"... 2 pesos e 2 medidas para Saramago ou entre a islamofobia e a cultura judaico-cristã? ... mas, afinal, a pedagogia social e os limites à liberdade de expressão alguma vez foram critérios para a atribuição do Prémio Nobel da Literatura?... enfim... eu que, desde sempre, defendo a liberdade de opção no contexto da diversidade religiosa e que, comprovadamente, respeito sinceramente a fé dos homens e das comunidades, não compreendo a legitimidade intelectual destes "ataques" a Saramago... ou melhor... verifico que, de facto, a sociedade portuguesa dá muito - mas, mesmo muito! - a pensar.

Uma Aldeia Sitiada por Falta de Ideias - o caso de Astérix e o Leite



Astérix faz anos... e este episódio, inspirado nos 12 trabalhos de Hércules criados na Grécia antiga, quando a mitologia traduzia por metáforas extraordinárias a dimensão e a condição humana e de que emergiu também Ícaro ou Sísifo, histórias eternas da nossa comum fragilidade, intitulado "Os 12 Trabalhos de Astérix", faz-nos pensar no significado actual da resistência identitária e da união comunitária... por exemplo, em relação à crise do leite que hoje recebeu da União Europeia o anúncio de um reforço que, no caso português significa 6 milhões de euros e que CAP e CNA consideraram ser, apenas, uma "medida avulsa e insuficiente". A questão que se colocaria na aldeia bretã seria a de saber como poderemos converter um excedente numa produção útil se transformada... nomeadamente considerando o apelo que tantos fazem ao investimento em PME's ou até mesmo os esforços de cooperação internacional humanitária que também tanto se elogia... mas, convenhamos!, ainda temos muito que andar até chegar ao reino de Panoramix, o druida... será? ou estaremos apenas perante uma questão de, digamos assim, expectativa condicionada?!...

Leituras Cruzadas...

a) Nota Prévia - a propósito de "Leituras": Aquele Abraço ao Jugular pelo seu Aniversário! Votos de uma Vida Feliz e Longa!
b) Leituras Cruzadas:
Enquanto o país empobrece, apesar dos indicadores contrários e dos sinais que a própria Comissão Europeia vai emitindo ao reconhecer a existência de 79 milhões de cidadãos em situação de risco agravado e propondo 2010 como Ano Europeu Contra a Pobreza, vamos assistindo à imobilidade cívica dos media e dos sociológos que continuam sem vir a público explicar que os indicadores económicos não coincidem com a dinâmica da realidade social e que a redução do número de registos de situações carenciadas não implica a estagnação social do fenómeno mas, apenas, a diminuição de casos estruturais evidenciáveis nas estatísticas que mais não são do que referências que se perspectivam a si próprias como relativas e indiciadoras... entretanto, ao invés de procurarem ideias consensuais que possam funcionar como plataformas de viabilização para a estabilidade governativa, os partidos continuam fechados sobre si mesmos (apesar dos esforços de alguns de que foi exemplo a iniciativa que o Vidas Alternativas tem a gentileza de referir) , numa auto-representação isolacionista e auto-fágica que pode servir a muitos interesses mas não serve, efectiva e eficazmente, a população. Como constata Francisco Clamote no Terra dos Espantos, ficam políticos e meios de comunicação a fantasiar sobre as dificuldades que podem provocar uns aos outros ou em manobras de auto-promoção, diletantes e eufemisticas (leia-se o texto de Carlos Santos no Valor das Ideias), contestando apenas o que, nem sequer é contestável (vale a pena ler a referência ilustrativa no caso exposto por Raimundo Narciso no PuxaPalavra) ou relativizando o que valeria a pena esclarecer, nomeadamente pelo montante em que foi burlado o Estado português (leia-se o texto de Eduardo Graça no Absorto).
Entretanto, mesmo as boas notícias ficam na gaveta talvez para se não valorizar o bom trabalho que ainda vamos fazendo, apesar das contingências (leiam-se os textos de Luís Novaes Tito no A Regra do Jogo e de Pedro Azevedo Peres no Forum Palestina) e as que mais nos deviam envergonhar (de que podemos ler no SOS Racismo um índice sintomático) ficam esquecidas como se de fait-divers se tratasse... Crise da democracia, dos media, da sociedade, da cultura política?!... enquanto se procuram respostas vamos lendo para continuar a aprender, pensando e lavando a alma... por exemplo, a excelente sugestão de Rui Pena Pires no Canhoto ou a poesia de Rui Herbon no Absinto...

domingo, 18 de outubro de 2009

A Regra do Jogo...



Há um novo blogue, colectivo, em que, a partir de agora, vou também escrever... é, como todos os exercícios colectivos, um desafio interessante... inspirado no filme de Jean Renoir onde se proclama a terrível verdade sobre a dificuldade de distinção entre "o bom" e "o mau" porque, afinal de contas: "Todos têm as suas razões", este novo trabalho em construção chama-se: A Regra do Jogo. Depois do Público-Eleições 2009 e do Simplex, cujos tempos de vida coincidiram com o ciclo eleitoral que agora terminou, não podia deixar de aceitar este gentil convite do Carlos Santos e do Paulo Ferreira, por se tratar de mais um estimulante repto para a prática da nossa cidadania. Tentarei ir dando nota do que aí publicar, aqui mesmo, no A Nossa Candeia que continuará a ser, naturalmente e se me permitem a expressão, "a menina dos meus olhos" pela rede de interacções, amizades, afectos, cumplicidades e argumentações que aqui temos vindo a desenvolver e que, agora, já experiente com o tempo que implica a presença em múltiplos não-lugares deste mundo virtual que é a blogosfera, não deixarei que limite a minha presença neste bom hábito em que se tornou A Nossa Candeia! Obrigado por estarem por aqui!

A caricatura...



... a rir também se pode dizer o que nos vai na alma e na consciência... foi isso que Os Contemporâneos fizeram com este sketch que denota com perspicácia e bom humor alguns dos traços culturais que suportam, equívoca e inelutavelmente, uma das dimensões da política portuguesa que era útil e importante reformular, valorizando-a de tal forma que nos permitisse, enquanto povo, uma outra lógica funcional, designadamente, no que ao seu exercício respeita... o poder ainda é, para o cidadão português, um status e não um direito e um dever... em detrimento da cidadania, claro!... e de uma aproximação real à reivindicação construtiva de uma sociedade melhor para todos!...

Simplesmente...



... simplesmente, um olhar! Um olhar o mundo com carinho... e encontrar em qualquer detalhe do quotidiano o mote de uma canção, de um acorde, de um verso ou de um poema... como "Os Loucos de Lisboa" que a Ala dos Namorados e Rui Veloso cantam assim...

sábado, 17 de outubro de 2009

Homenagem...


Mário Mota Marques partiu hoje... numa viagem cujo destino ele conhece agora, melhor, que todos nós! Mário Mota Marques, dirigente e responsável para as Relações Internacionais da Comunidade Baha'í em Portugal, é um Amigo inestimável... um amigo que permanecerá na memória e no coração de todos nós! De todos os que o conheceram, os que com ele privaram e de todos os cidadãos em geral... reproduzindo um princípio com o qual me transmitiu a filosofia Baha'í, Mário Mota Marques dizia: "A nossa terra é o mundo e o nosso povo a Humanidade"! Fazia-me sorrir com o seu saber e o seu exemplo, porque a sua alegria e força de viver se transmitiam, incansáveis e exemplares. O Dr. Mário Mota Marques foi inexcedível na sua dedicação por um Mundo Melhor para Todos!... e essa é uma razão que o torna inesquecível! Sabemo-lo todos: a Cecília, o Pedro, a Paula, o Marco, a Fernanda, a Dad, o M.Abed, a Esther Muckznik, o Ashok Hansraj, a Isabel Bento, o Paulo Borges, a Aldora Amaral, o Samuel Pinheiro, o Fernando Loja Soares e tantos outros que não me ocorre enunciar, além dos que não conheço... Mário Mota Marques era jovem quando, por ser Baha'í, o Estado Novo dele desconfiou e o perseguiu até Mário Soares vir, pro bono, defendê-lo... Mário Mota Marques aprendeu o que é a solidariedade e ensinou-o... com determinação, paciência e uma indefectível esperança no futuro... Contra as discriminações em função da etnia, da idade, do sexo, da orientação sexual, da deficiência ou da religião, Mário Mota Marques foi o exemplo da persistência e da concórdia na luta que, em 2007, encetámos, com sucesso, pelo reconhecimento nacional da dimensão desta profunda injustiça social que reside na incapacidade de reconhecer e divulgar os Direitos e promover o Respeito pela Diversidade Social enquanto Património da Humanidade. Por tudo isto e por tudo o mais que cada um guardará para si, não posso deixar de, em nome de todos nós, lhe dizer: Obrigado, Mário! Muito, muito obrigado.

The Great Generation...



Fazer da Pobreza um dado do passado é o apelo de Nelson Mandela que afirma ser esse o combate necessário para que a nossa geração seja reconhecida como capaz de resgatar o que, sendo obra do Homem, nos não dignifica... Seria de esperar que os objectivos do Milénio fossem, de facto, compromissos... e que Governos, Organizações e Cidadãos se empenhassem na luta comum, silenciosamente subjacente, ao sentido do termo: Humanidade!... O próximo ano, 2010, será, mais uma vez, Ano Europeu da Luta Contra a Pobreza... porém, desta vez, não podemos ficar pela sensibilização para o problema... porque, como diz Mandela, a fome e a pobreza não se combatem com palavras mas, sim com Acção... Coragem - diz ele, referindo-se aos políticos e governantes de todo o mundo: "Tenham coragem"...

Crianças-soldados...



Um pouco por todo o mundo, nos mais sangrentos e perigosos conflitos armados, os exércitos vão recorrendo ao recrutamento infantil... porque as crianças são soldados obedientes e aprendizes dóceis, vulneráveis ao medo, à fome e à manipulação... galvanizáveis ou deprimidas, são sempre, de um ou de outro modo, triplamente eficazes como arma de guerra: são mão-de-obra barata para os exércitos que as recrutam, permitem a esses exércitos não expôr à morte o número de homens que consideram os seus activos e têm um efectivo psicológico poderoso no equacionar de danos feito pelos adversários nomeadamente pelo impacto social que desencadeiam... Reflexo de uma completa desumanização dos valores, o recurso às crianças-soldados denota o total desrespeito pelos Direitos Humanos e afirma o pior dos rostos do que é capaz a crueldade. Recorrer às crianças como arma de guerra é assumir a cobardia do jogo do poder e o mais elementar dos argumentos para ser inconcebível pensar em quem o faz como força credível ou sequer, humanamente, como expressão de uma qualquer legitimidade.

Pela noite fora...



... o virtuosismo de Paco de Lucia no precioso "Concerto de Aranjuez".

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Um Mundo Só...





Foi aqui que Carlos Barbosa de Oliveira, nas suas Crónicas do Rochedo, desafiou a blogosfera a pensar e a dedicar, no dia de ontem, 15 de Outubro, um espaço da nossa visitação blogosférica, às preocupações ambientais. A Nossa Candeia acedeu ao repto, inserindo o post anterior... e retoma-o hoje, 16 de Outubro, porque, afinal, o mundo é um só e as grandes causas, como os grandes problemas, integram redes de interacção em que é urgente agir, de forma simultânea e concertada... na verdade, cruzamos um tempo de escolhas decisivas, relativamente à salvaguarda ecológica e humana do planeta... não só mas, também, por tudo isto, não deveriamos deixar de reforçar a ponte entre Natureza e Sociedade, introduzindo aos dias a preocupação universal da cultura solidária em que a cidadania se revê, reiterando na blogosfera, esse desafio que consiste em chamar a atenção para o dia de amanhã, 17 de Outubro, data em que se assinala a urgência da luta contra a pobreza... e reivindicar de forma persistente e exigente a afirmação do problema como prioridade social e política! ... porque, neste momento, no nosso país, se contabilizam já 18% de cidadãos pobres... e um fenómeno desta natureza e com tendência para aumentar, é de tal forma uma evidência que, se já mereceu hoje um justo destaque aqui e aqui, deve ser encarado, sem reservas, como um dos grandes problemas nacionais que não é possível continuar a relativizar...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mais que Nós, a Natureza...




A vida existe na exacta medida em que persistem as condições do meio indispensáveis ao seu desenvolvimento... transmuta-se, deteriora-se e extingue-se quando essas condições se alteram de tal forma que a sobrevivência, tal como a concebemos, deixa de ter condições de adaptabilidade e resistência à violência de um ritmo de mudança agressivo que a produção humana impõe à natureza... Proteger, Preservar e Contribuir são hoje palavras de ordem, essenciais à vida... enquanto sobrevivência física e existência plena e digna... para a Preservação da Água, a Reflorestação do Planeta, o Desenvolvimento da Agricultura Biológica e o Reequilíbrio Humano é fundamental a ajuda de Todos! Colabore!... O planeta é de todos!... cada atitude e cada gesto contam!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Esboço... de uma tranquilidade inquietante















Arte nobre, a Pintura é um ex-libris ao longo da História enquanto marca, pelo seu carácter visual e portanto, perceptivelmente inequívoco, da introdução de rupturas e mudanças nos padrões regulares das vivências... de outro modo dito, lava os olhos, descansa ou inquieta a alma mas atira-nos sempre para o outro lado, o do passado ou do futuro, dando a pensar... Hoje, senti uma imensa vontade de revisitar Kandinsky... talvez porque, depois deste interregno das pequenas/grandes coisas ("las pequeñas cosas" como dizia Mercedes Sosa evocando o poeta) ocupado com a dimensão eleitoral da política, o sentir me assinale a urgência de participar numa mudança da realidade que nos transcenda a previsibilidade das lógicas... também ou, talvez, mais que tudo, na forma política de coexistirmos num país sempre à beira de qualquer-coisa... sempre à beira de si próprio... um país que estava, por certo, dentro de Mário Sá-Carneiro quando escreveu o "Quase": "Um pouco mais de sol - eu fora brasa, / Um pouco mais de azul - eu fora além. / Para atingir, faltou-me um golpe de asa... / Se ao menos eu permanecesse aquém... /... /... Se me vagueio, encontro só indícios... / Ogivas para o sol - vejo-as cerradas; / E mãos de herói, sem fé, acobardadas, / Puseram grades sobre os precipícios..."

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Foi Bonita a Festa, pá...



Foi bonita a festa, pá... porque sempre que o povo vota, o poder revitaliza-se e legitima-se. Aprende-se sempre com a ida às urnas! Agora, no dia seguinte à Grande Festa do UNIR LISBOA que traz, simbolicamente, à capital do país uma maioria absoluta -com correspondência no que o povo exprimira nas legislativas, quando atribuiu à Esquerda 60% da representatividade parlamentar... agora, no dia em que é indigitado Primeiro-Ministro José Sócrates que assumiu como primeira decisão a audiência de todos os partidos com representação parlamentar no sentido de constituir um Governo coeso com condições de governabilidade sustentada... agora, depois das mudanças no poder local, justificadas pelo reconhecimento do trabalho de muitos (é justo destacar as maiorias absolutas de Rui Rio no Porto e de Luís Filipe Menezes em Gaia e a manutenção de Câmaras como Mora, Arraiolos ou Avis para a CDU) e as mudanças que os tempos justificam (como é o caso de Beja, Leiria, Aljustrel, Marinha Grande, Crato, Alvito, Alpiarça e Faro, nomeadamente), demonstrando que o trabalho político tem que ser constante, vigilante e permanentemente revitalizador... agora, dizia eu: temos à frente o futuro, cuja responsabilidade de gestão, os portugueses justificam! ... um bom augúrio foi, entretanto, este ciclo eleitoral de que se justifica dizer: Foi bonita a festa, pá!... Agora, mais uma vez, temos nas mãos, tudo o que há para fazer... e, ninguém tem dúvidas: é muito... mesmo muito!... mas é possível!

O povo é quem mais ordena...


Terminou o grande ciclo eleitoral de 2009. No curto espaço de 5 meses, os portugueses foram chamados a votar por 3 vezes para eleger os seus representantes, primeiro no Parlamento Europeu, depois na Assembleia da República e no Governo e, finalmente, no poder autárquico ou seja, nas Assembleias e Câmaras Municipais e nas Assembleias e Juntas de Freguesia. Ao contrário do que seria expectável, os cidadãos responderam à chamada e a abstenção apresentou um comportamento interessante de que vale a pena destacar a sua maior incidência no acto eleitoral considerado mais distante ou seja, nas eleições europeias que, a abrir este ciclo de renovação do poder, foi utilizado também como oportunidade de penalização do partido de um Governo que atravessou tempos conturbados apesar dos resultados alcançados no seu principal objectivo: debelar o défice, não só pela prolongada campanha negra que, sem escrúpulos, foi dirigida contra o Primeiro-Ministro José Sócrates como pelos efeitos da maior crise económico-financeira internacional do último século. Reduzida a abstenção nas eleições legislativas e apesar da dispersão radicalizada dos argumentos partidários na campanha, foi vencedor o PS que, em maioria relativa, irá agora formar Governo e que, a considerar a expressão popular do voto, deverá governar à esquerda tanto mais que foi a esquerda a ganhar a representatividade parlamentar em cerca de 60%. Agora, contados os votos das eleições autárquicas, constatam-se 52 alterações partidárias na gestão autárquica ao nível das Câmaras Municipais, tendo sido reduzida de 49 para 7 a diferença do número de Municípios liderados pelos 2 maiores partidos, PS e PSD. O PS foi o grande vencedor deste ciclo eleitoral... porque nas eleições europeias, tendo ficado em 2º lugar, a diferença de votos não é, de facto, substantiva, designadamente, se pensarmos na motivação dos eleitores e na taxa de abstenção... porque, nas eleições legislativas, o PS ganhou sem equívocos e a sua votação reforçou o projecto ideológico-programático que lhe subjaz, aumentando a votação geral da esquerda... no que ao poder local respeita, volta a ganhar o PS com mais 20 Câmaras eleitas, o maior número de votos e uma extraordinária maioria absoluta em Lisboa com a candidatura UNIR LISBOA liderada por António Costa... Quem perdeu foi o PSD que, apesar da vitória das europeias, teve uma fraca votação nacional nas legislativas e perde 19 Câmaras Municipais... A CDU fica com um balanço de relativa estabilidade, com alguns resultados negativos compensados com o aumento do número de votos... o CDS tem um aumento acrescido nas eleições legislativas decorrente do descontentamento nacional da direita com o PSD... quanto ao BE registe-se que tem, talvez, os resultados mais interessantes destas eleições sem grandes alterações no Parlamento Europeu, com a duplicação do número de deputados eleitos nas legislativas mas, praticamente eliminado do panorama do poder local de tal modo que o seu balanço justifica a leitura de que a população utiliza este partido como espaço de protesto mas a ele não recorre como espaço de afirmação assertiva de um projecto político... Portugal está reconfigurado politicamente para os próximos 4 anos, com o rosto que o povo lhe quis dar para enfrentar o futuro. Vamos a isso!


(Este post foi também publicado no Público-Eleições 2009)

sábado, 10 de outubro de 2009

Leituras Cruzadas - Especial...

Barack Obama recebeu o Prémio Nobel da Paz. A notícia, ao invés de suscitar o regozijo de todos, levantou reservas aos protagonistas dos media que se empenharam no desenvolvimento de críticas e pseudo-teorias, ignorando as avisadas palavras do General Loureiro dos Santos (ontem à tarde num noticiário da RTPN) e visão estratégia do mundo que urge sustentar (afinal, o conflito no Afeganistão perdura há 8 anos e todos os conflitos em que Obama se envolveu como mediador com uma determinação louvável datam de há décadas e não podem ser resolvidos em actos volitivos voluntariosos de um "piscar de olhos")... Sejamos sérios e humildes sem medo de reforçar a raridade da coragem e a "ousadia da esperança" como, felizmente o fez, porque o mundo não pode esperar por sinais assertivos de esperança, a Academia Nobel da Noruega ao assumir o rasgo inteligente de fazer justiça ao visionário criador do Prémio... por tudo isto, vale a pena ler João Tunes no Água Lisa mas também, ver os vídeos que nos facultam o Expresso e o Público... Entretanto, entre nós, expressão da luta contra as discriminações, emociona saber que António Serzedelo, fundador da Opus Gay, activista LGBT e meu amigo, o primeiro a escrever em Portugal após o 25 de Abril, contra a homofobia (no Diário de Lisboa, em 1974), é candidato suplente na lista liderada por António Costa à Câmara Municipal de Lisboa na coligação Unir Lisboa... a terminar e antes de sair para o Alentejo, porque este post é afinal uma celebração à solidariedade fraterna e consciente, destaque para as palavras do meu amigo Vitorino, um marco inquestionável da liberdade no mundo da música e da arte.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

YES, WE CAN! Obama, o Nobel da Paz... o Prémio da Nossa Cidadania!



Surpreendido, honrado e com profunda humildade, Barack Obama foi agraciado hoje com a atribuição do Prémio Nobel da Paz! Pelo seu "esforço extraordinário" em prol da Diplomacia internacional e pelo Desarmamento Nuclear, a Academia demonstrou hoje a imprescindível consciência global dos problemas mundiais e o reconhecimento da justeza das grandes causas cívicas em prol da Paz no Médio Oriente, na condenação da Tortura, na Defesa dos Direitos Humanos... porque Obama trabalhou já, abrindo caminhos, no tão escasso tempo que leva a sua governação, com a Rússia, Cuba, África, Palestina, Israel, Irão, Tibete, no sentido de cimentar a Diplomacia indispensável à sobrevivência da Humanidade, da preservação da Diversidade, do combate à crueldade e à tortura... Guantanamo, Palestina, Desarmamento Nuclear, Protecção do Ambiente e a luta cívica pela Saúde, a Educação e a Segurança Social para todos no seu país, cujo rosto da pobreza e da exclusão ele assumiu. Obama representa a Cidadania que faz frente "aos grandes desafios do século XXI" ... o Prémio Nobel da Paz é hoje, através de Barack Obama, o símbolo da viabilidade da bondade, da persistência e da justiça na incansável luta pela Defesa da Democracia e da Dignidade da Vida Humana para Todos Nós, Cidadãos do Mundo! Presidente Obama, obrigado pela Esperança que nos devolveu e que persiste em afirmar como legítima designadamente no plano político... internacional, nacional, regional e local! YES, WE CAN!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Da Tranversalidade Cívica da Arte e do Saber

Recorro às profundezas da História e da Memória... do passado longínquo de que nos chegam notícias de um Stonehenge Azul através do Trans-ferir de Vitor Oliveira Jorge, ao passado-presente que Daniel Barenboim (pianista, maestro, argentino com cidadania não só da sua terra natal mas, também, israelita e espanhola)denota trans-mutável se assim o decidir a cidadania com que deu origem à criação da aparentemente improvável orquestra, multicultural, a West-Eastern Divan Orchestra e ao rosto israelo-árabe de uma magnífica obra ... por uma causa que se justifica numa reivindicação que aqui trago, recorrendo às sábias palavras do Presidente do Chile, Salvador Allende, no seu inesquecível e último discurso em 11 de Setembro de 1973:

"LA HISTORIA ES NUESTRA Y LA HACEN LOS PUEBLOS!"



quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Estórias de um povo... ontem e hoje



Um comentário feito ao texto anterior dizia, a propósito da pobreza, que a falta de solidariedade que resulta de não dedicarmos um pouco do nosso tempo às pessoas que, indiscutivelmente, dele precisam, denota o escasso desenvolvimento desta Europa em que vivemos... é verdade! Hoje, enquanto descia as escadas do Metro, reparei num homem que caminhava, cambaleante mas sem hesitações, à minha frente... voltei a pensar na pobreza e no rosto dos cidadãos que caminham de olhos baixos, nas ruas da cidade... no final da escadaria vi que foi contra a parede de mármore e sobressaltei-me... ele continuou e eu parei, atónita e assustada... não queria ver!... e quando espreitei, lá estava ele, caído na linha, com as pessoas impávidas a olharem, sem se aproximarem e sem sequer terem o ímpeto de agir... corri escada acima para pedir que parassem o comboio - o homem era demasiado forte para eu ser capaz de o retirar... felizmente, o homem não foi atropelado pelo comboio, tendo sido retirado da linha a tempo, pela circunstância extraordinária de uma conjugação de factores quase simultâneos: dois cidadãos acabaram por o puxar e o chefe de estação, depois de avisado, rápido como o vento, galgou as escadas e avisou, via rádio, o condutor!... fracções de segundo... escassos minutos!... quando o comboio partiu da estação, lá dentro, não se ouvia uma palavra!... Como num filme, a realidade foi mais veloz e feroz do que o tempo de reacção dos espectadores... mas, decompostas "em frames", as imagens deixam muito à reflexão... a pobreza, o desalento, a desesperança, o imobilismo... sim, o conformismo, o egoísmo, a necessidade de assistir a uma desgraça como forma de calar a voz de dentro, a própria... não há culpas... há tristeza!... Nós, seres humanos, somos melhores que isto... e não podemos deixar que o mundo nos estrague o melhor do que somos! Temos todos que reagir... e não desistir! ..."As causas continuam" como diz T.Mike num outro comentário ao texto anterior... ontem, Amália Rodrigues foi homenageada, 10 anos depois da sua morte... hoje, evoco-a aqui porque, se o povo já não lava no rio, carrega porém, ainda, mágoas que todos, Estado e Cidadãos, podemos ajudar a debelar... Com prioridades políticas que valorizem, acima de tudo, as pessoas mas, é bom não esquecer!, com mais, muito mais Cidadania!


terça-feira, 6 de outubro de 2009

Prioridade Política: Pobreza

Hoje é notícia, nas televisões, rádios e jornais (ver aqui) a dimensão da pobreza em Portugal... de facto, quando as instituições de solidariedade social se decidem pela distribuição de vales para, em estabelecimentos comerciais, serem trocados por géneros alimentícios, podemos ter a certeza que a suspeitada taxa de pobreza e a sua transversalidade social alcançaram níveis que a aparência dos dias já não consegue ocultar. Não se trata já de cidadãos sem-abrigo (cujo número, repare-se bem!, continua sempre a aumentar não apenas em quantidade mas, também na diversidade demográfica que arrasta), de pessoas socialmente excluídas ou com problemas de integração, de desempregados de longa duração ou em situação temporária precária... hoje, a existência de "senhas" que fazem lembrar os tempos que acompanham as guerras onde a fome alastra e a miséria atinge a maioria dos cidadãos, dá-nos o retrato exacto de um fenómeno social mais complexo que é preciso ter a coragem política de enfrentar. As "senhas" pela natureza dissimuladora do recurso ao apoio institucional, denotam a vergonha que, no nosso país, apenas António Guterres teve de encarar como assunto de Estado, criando o Rendimento Mínimo Garantido - esse mesmo instrumento que, como tudo o que existe e apesar da sua inequívoca necessidade tem, também, aproveitamentos abusivos que uma área significativa do panorama partidário português (do PSD ao CDS) sobrevaloriza alegando e subscrevendo, demagogicamente, o populismo etnocêntrico dos que reduzem o mundo aos casos que conhecem, propondo a sua extinção ou a sua fiscalização como se esse fosse o trabalho mais importante a levar a cabo no país em termos de justiça e políticas sociais!!!... Acontece que, para quem não sabe é importante esclarecer!, as instituições de solidariedade social, bem como a própria Segurança Social, têm sido sempre cautelosas na forma como gerem os apoios que disponibilizam a quem precisa, evitando a atribuição excessiva de "dinheiro vivo" e procurando garantir que os apoios correspeondem efectivamente à satisfação de necessidades básicas... daí a distribuição de géneros "in loco"... o facto de agora começarem a optar pelas "senhas" significa, por isso, que o número de carenciados é excessivo para que o atendimento continue a reduzir-se às instalações institucionais e que excede, em muito!, o respectivo aprovisionamento... considerando ainda que os cidadãos pobres são agora famílias que não vivem, necessariamente, situações de pleno desemprego, o risco de desvio, por disfuncionalidade psicossocial, não é significativo, justificando-se, por isso mesmo, o recurso a este novo meio de troca... porque a fome é urgente e é preciso celeridade na resposta à imensa crise social instalada e em crescendo, é indispensável que os partidos políticos com assento parlamentar assumam as suas responsabilidades de governação em termos de liderança e cooperação, sem paliativos: a Pobreza é, de facto, em Portugal, a grande prioridade política.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A eternidade da vida...



Há Vozes e Almas, Seres e Sentires, Palavras e Sons que preenchem os silêncios do universo para Sempre... Mercedes Sosa, a voz dos povos, dos poetas e das revoluções, partiu ontem, com 74 anos, deixando-nos um legado para a eternidade... Por Tu Canto "Todo Cambia"y"Gracias a la Vida", por Tu Vida:
Gracias, Mercedes!... Hasta Siempre!

Pela República...

Leituras cruzadas...

Em tempo de campanhas e preparações governamentais é difícil escapar à tentação de pensar os dias à luz do futuro do país e do que nos vai permitindo a participação cívica... assim, enquanto a natureza persiste no exercício contínuo da sua dialéctica e a Lua vai Cheia, comemoramos hoje a implantação da República Portuguesa que João Pedro Dias contextualiza no A Casa dos Comuns e que José Lopes Guerreiro ilustra no Alvitrando... e porque o fim da Monarquia significa a institucionalização do acesso da sociedade civil ao exercício do poder, vale a pena ler, o testemunho histórico de Helena Cabeçadas no Caminhos da Memória... De facto, as revoluções foram e continuarão a ser, sempre, de um ou outro modo, episódios marcantes que se registam para sempre na alma dos povos, cuja personalidade cultural se inscreve, mais ou menos incisivamente, nos cidadãos... por isso, quero aqui deixar o registo, partilhado com os leitores, de dois textos que se nos apresentam como depoimentos da História recente, escritos pelo Professor Raul Iturra no Aventar... e porque a História se vai fazendo na construção do presente, para reflexão fica ainda a referência ao resultado eleitoral na Grécia e ao Tratado de Lisboa por Osvaldo Castro no Praça Stephens que nos remete para a dimensão europeia (leia-se também o texto de João Pedro Dias no A Casa dos Comuns) da vivência nacional contemporânea e para a opinião de Vital Moreira no Causa Nossa sobre a governação em maioria relativa que, por paradoxal que aparente ser, não considero incompatível com a proposta do Compromisso à Esquerda que, mesmo no contexto previsível que o eurodeputado socialista independente prenuncia, deverá ser encarado como uma responsabilidade política de todos, capaz de salvaguardar a estabilidade governativa indispensável ao ultrapassar da crise e à resistência necessária ao alcançar deste objectivo prioritário para toda a esquerda e, acima de tudo, para o país ... para que a pobreza nos não conduza ao imobilismo social total ou à eclosão de conflitos sempre contraproducentes, cuja dôr me faz sempre pensar em tantos povos inocentes e injustiçados e de que hoje trago aqui como exemplo os palestinianos de Gaza sobre cuja situação escreveu Pedro Azevedo Peres no Forum Palestina...

domingo, 4 de outubro de 2009

A Hora das Inovações - o caso das Autárquicas...



Aproximam-se as eleições autárquicas... de âmbito local e exactamente pelo seu grau de proximidade relativamente à vida dos cidadãos, é nas eleições autárquicas que constatamos a ousadia renovadora ao nível da respectiva cultura organizacional... dos movimentos plurais emergentes que se consubstanciam em convergências activas e solidárias, sem medo da desidentificação identitária relativa às particularidades dos sectores que as integram, temos exemplo na candidatura Unir Lisboa (ver: http://www.antoniocosta2009.net/ e o blogue: http://unirlisboa.blogs.sapo.pt/)... mas, ousadia e investimento na mudança estão também presentes de forma evidente na congregação da diversidade cívica, equitativamente partidária e independente, norteada acima de tudo pelo prestígio, a qualidade e a diversidade dos perfis dos candidatos e apoiantes, numa outra candidatura notável, a saber: Porto para Todos (ver: http://www.portoparatodos.com/ e o blogue: http://ograndeporto2009.wordpress.com/)...

No contexto actual, registe-se que as eleições autárquicas inauguram uma forma de fazer política adequada à governação do país... Seria desejável, por isso, que os actores político-partidários nacionais se inspirassem no sucesso destes exemplos... Por todos nós: está na hora de apostar sem medo na negociação cooperante... com confiança e seriedade!

sábado, 3 de outubro de 2009

Ainda o Compromisso à Esquerda - Responsabilidades Sociais e Políticas...



O lançamento do Manifesto "Compromisso à Esquerda" que apela ao entendimento dos partidos que, conjuntamente, receberam 60% dos votos dos portugueses como expressão da confiança do eleitorado numa solução governativa que permita e justifique a inflexão da governação socialista no sentido do reforço da intervenção social segundo a perspectiva comum "das esquerdas", circula na internet e, desde o seu lançamento, na passada 4ªfeira, até este momento, reuniu cerca de 750 assinaturas, representativas da sociedade portuguesa. Este facto permite-nos reforçar a ideia de que os cidadãos reconhecem a necessidade de viabilizar uma estabilidade governativa e de chamar a atenção para que os partidos em que votaram (PS, BE e CDU) não cedam à tentação de enfrentar a nova legislatura com posturas que se esgotam em aparentes estratégias de auto-defesa identitária que tem sido, tradicionalmente, o papel a que se têm remetido, sempre que o confronto político emerge... como se o diálogo e a negociação não fossem, de facto, as verdadeiras armas da Democracia!... É a convicção de que, nos momentos difíceis, o importante é valorizar as causas comuns e não o acentuar das diversidades que justifica a afirmação pública desta vontade colectiva de cooperação assente na consciência e no sentido de responsabilidade dos partidos de esquerda. E há causas comuns a defender: a vocação social do Estado, num tempo em que a crise económica e o desemprego incidem e ameaçam mais o já tão frágil tecido social do país; o desenvolvimento de políticas sociais que promovam o combate à pobreza e criem condições para travar a exclusão, o desemprego e a insegurança; o reforço dos sectores estratégicos do Serviço Nacional de Saúde, da Segurança Social e do Ensino Público de Qualidade; a sustentabilidade económica com o apoio empresarial à criação de emprego; a sustentabilidade ambiental e a defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos. Requer-se para isso, por um lado, abertura e capacidade negocial ao Partido Socialista para, no âmbito do seu estatuto de vencedor destas eleições, reflectir e rever medidas concertadas nomeadamente no que se refere ao Código do Trabalho e ao regime de avaliação de professores mas, requer-se também, talvez acima de tudo, que Bloco de Esquerda e Coligação Democrática Unitária não fechem portas à negociação e não obriguem o PS a negociar e a governar à direita. Estamos perante uma responsabilidade colectiva de grande dimensão não só pela dimensão socio-económica da crise nacional mas, também, pelas fragilidades institucionais que, esperemos, a Presidência da República bem como a Assembleia da República, saibam ultrapassar... é isto que o povo português quer, merece e exigiu nas urnas: uma concertação política de esquerda que demonstre, no concreto, a maturidade democrática que os tempos justificam, para continuar a contar com a confiança do eleitorado. Da capacidade de coexistência do diverso e do diferente em nome de causas comuns temos tido exemplos vários que assinalam a boa-fé e a capacidade dos portugueses em gerir a complexidade: vejam-se as coligações partidárias com passado histórico de que é exemplo a CDU, o Movimento de Cidadãos ou o movimento Unir Lisboa; pense-se no que representaram e representam intervenções como a de Maria de Lurdes Pintassilgo, Manuel Alegre e Helena Roseta; reflicta-se no que significa a emergência de blogues colectivos como é o caso deste Público-Eleições 2009 ou do Simplex, entre tantos outros onde escrevem pessoas das mais diversas sensibilidades, com liberdade de expressão para assumir e expressar, num espaço comum, opiniões diferentes. O país está a mudar e a sociedade civil está, finalmente, a ser capaz de fazer ouvir a sua voz... sem prejuízo das organizações partidárias que podem encontrar, nestes ecos cívicos, razões para o esforço de se concertarem em Compromissos que visam salvaguardar o bem-comum. A este propósito, deixo aqui uma observação a Vitor Dias (cujo blogue pessoal é selectivo na publicação de comentários) que penso não ter compreendido a dimensão da concertação negocial e o sentido conceptual do apelo em que consiste o Compromisso à Esquerda, ao invocar que nele participo apesar de ter integrado o blog Simplex: o Simplex não era um blog do PS mas, isso sim, um espaço pré-eleitoral criado por cidadãos livres que assumiram publicamente ir votar no Partido Socialista nas eleições legislativas e em que escreviam pessoas de várias sensibilidades políticas -como aliás acontece aqui mesmo e onde o Vitor Dias também escreve sem nisso ver qualquer contradição!?!... por isso, faço votos que a direcção do PCP seja mais consistente, justa e inteligente na estratégia política da defesa do interesse dos portugueses e dos trabalhadores do que a que resulta de argumentos como o que VD utilizou ao invocar o que acabo de referir, ignorando quer a legitimidade cívica da participação livre e democrática dos cidadãos empenhados na defesa de um Portugal melhor para todos, quer a justeza de recusar a inflexibilidade demagógica como arma política. Ser de Esquerda, Hoje, em Portugal, é defender o interesse colectivo dos portugueses garantindo-lhes uma governação que salvaguarde, no mínimo, os sectores estratégicos da organização social... por isso, acredito que PS, BE e CDU, se o quiserem podem encontrar as bases de um Compromisso necessário para um País Melhor.


(Este post foi publicado no Público-Eleições 2009)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Compromisso à Esquerda - uma Causa em Movimento

Compromisso à Esquerda é o nome do Manifesto que apela ao entendimento interpartidário entre o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda e a Coligação Democrática Unitária no sentido de ser viabilizada a necessária estabilidade governativa a partir de um elenco programático que garanta uma governação à esquerda, no respeito pela vontade expressa pelos eleitores no sufrágio do passado domingo. O documento foi ontem apresentado à imprensa, no Martinho da Arcada em Lisboa, com a colaboração de alguns dos seus Primeiros Subscritores, de que Ulisses Garrido, Maria do Céu Guerra e eu própria, fomos porta-vozes. Após 30 anos de não entendimento entre as diversas sensibilidades de esquerda no nosso país, a realidade actual da economia e da sociedade portuguesa justificam o empenho e o esforço de boa-fé indispensável à união da esquerda.
Leia, assine e divulgue o Compromisso à Esquerda.

Precipitações Contraproducentes...

O país parou, estupefacto, com a declaração do Presidente da República a propósito do caso das chamadas "escutas" que, afinal, seriam vírus, enganos na reprodução textual, desvios informáticos, hackers, firewall, outra coisa qualquer ou absolutamente nada para além de suspeitas infundadas, mal sustentadas e aparentemente resultantes de desconfianças e rumores a que seria suposto ver reagir com distanciamento e sentido de Estado o mais alto orgão de soberania nacional. Influenciando e intervindo no processo eleitoral em curso, ao invés do que tantas vezes afirmara, assistimos ao acentuar do clima de tensão e acusações lançado durante a fase final da campanha eleitoral para as legislativas e continuamos a assistir aos seus desenvolvimentos, ao longo da campanha eleitoral para as autárquicas. A declaração do Presidente da República foi extemporânea, excessivamente justificativa, confusa e, de facto, inútil... além do mais, tentou culpabilizar os que ninguém reconhece como culpados e desculpabilizar os que, realmente, envolveram a sua Casa Civil na campanha eleitoral. Num momento em que, além da centralidade da discussão sobre o poder local, aguardamos a formação e indigitação de um novo Governo, num contexto que exige tranquilidade, negociação e boa-fé para os relacionamentos interpartidários que reconfiguraram a representatividade partidária parlamentar, esperariamos da instituição de mais alto nível da Nação, uma outra postura... Portugal precisa de uma Presidência da República credível e confiável, nomeadamente agora que as condições de governabilidade exigem discernimento para uma gestão ponderada e facilitadora da estabilidade governativa indispensável ao ultrapassar da crise e à consolidação económico-social.
(Este post pode também ser lido no Público-Eleições 2009)