domingo, 20 de dezembro de 2009

O Clima - entre a solidariedade e a escravatura


Hoje é Dia Internacional da Solidariedade! ... Felizmente, assinalamos a data... infelizmente, somos incapazes de gerir os problemas da Humanidade com a seriedade, o rigor e a boa-fé que nos requer a vida de Todos os Cidadãos do Mundo e a sobrevivência do Planeta. A Cimeira de Copenhaga foi a desilusão dos milhares de pessoas que, por todo o planeta, reivindicaram um acordo vinculativo e eficaz na redução de emissões de carbono e no cumprimento de todas as medidas reconhecidas como indispensáveis à sustentabilidade planetária. Uma desilusão previsível, registe-se... infelizmente, claro! Porque enquanto os políticos e os economistas de todo o mundo não assumirem as suas responsabilidades sociais no que respeita à coexistência dos povos e das culturas, a obtenção de acordos internacionais desta dimensão será sempre uma interrogação a que escapará um grande número de governantes, defensores de economias nacionais assentes em formas industriais de produção que justificam, na sua perspectiva etnocêntrica, o bloqueio. Entre o esforço de solidariedade, a consciência da gravidade do problema das alterações climáticas e a escravatura político-financeira das economias nacionais ao sistema de gestão monetária mundial que é decisivo alterar segundo critérios sociais e não economicistas, ficamos, todos, reféns de uma interdependência de benefícios constantemente adiados.

4 comentários:

  1. Ana Paula

    Excelente texto, e excelente análise, como é, aliás, seu costume.
    Diz muito bem, escravatura! Os nossos líderes são escravos desse sistema que aniquila quantos mais pode. Por isso, não são verdadeiros líderes, mas marionetas num teatro em que são os mesmos a bater nos mesmos.
    Copenhaga foi o fiasco esperado. Mas não vamos desistir. O que está em jogo é demasiado importante para que abandonemos as gerações futuras aos restos do pouco que este planeta tem e a que uma minoria chama de seu! Não, não é deles, é de todos. E não nos calaremos!

    Um grande abraço neste Dia Internacional da Solidariedade.

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  2. Manuela,
    É, de facto, inacreditável... como é possível que a Humanidade tenha criado um sistema que a escraviza ao ponto de ameaçar de forma evidente a sobrevivência e, apesar do reconhecimento dessa ameaça, continue sem capacidade para reformar radicalmente os mecanismos que perverteram por completo os valores civilizacionais, à revelia da cultura e do bom-senso que, por todo o planeta, se manifesta consciente do problema... sim, Manuela, não desistiremos!... e não, não nos calaremos!
    Obrigado pelo contributo ímpar do Sustentabilidade nesta nobre, justa e urgente causa!
    Um grande abraço.

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  3. Ana Paula
    Permita-me a provocação:
    Está você disposta a perder o emprego em benefício de uma reforma, de uma verdadeira reforma, do Ensino Superior em Portugal?
    Naturalmente, a pergunta, para além de provocatória, é metafórica.
    Cruxificar líderes será sempre cómodo e desresponsabilizador. É como despedir treinadores.
    O problema está nas práticas quotidianas de todos e no que as motivam. Os líderes são o que nós, colectiva e individualmente, deixamos que eles sejam (embora também sejamos, numa relação dialética, o que eles nos induzem a ser).
    Mas o problema radica, numa perspectiva talvez demasiado estruturalista, nessa exteriorização do Homem relativamente à natureza (primeiro com justificação divina, depois com justificação racionalista).
    Um caminho que as Humanidades (mais umas de que outras) têm vindo a percorrer desde os seus primórdios. Face às nossas debilidades fisiológicas, foi a cultura que nos permitiu sobreviver e chegar a "dominadores" (ou ingénuos pretendentes a tal) da Natureza, e com aspirações cósmicas. Poderá ser ela também a razão do nosso fim. Do nosso. Não da Natureza.
    Ainda assim, penso que o Humano é maravilhoso.

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  4. Oh, meu caro António Valera!!!
    Que provocação num dia tão gelado!!! :)
    Sim, claro que tem toda a razão e é aliás isso que subjaz às questões que coloco quando falo de reformas estruturais mesmo ao nível do sistema mundial de gestão financeira. O problema não está na falta de soluções mas, na vontade e determinação político-económica de as levar a efeito... porque podem ser criadas soluções que não lesem os interesses dos cidadãos... o problema resume-se, isso sim, à quebra de lucros dos portentados financeiros que tais decisões implicam... Os comportamentos individuais são, de facto, fundamentais mas, não podemos confundir as árvores com a floresta... porque as fontes poluidoras decisivas nos desequilíbrios ambientais são as indústrias e o não investimento em tecnologias limpas!... e porque, como se pode ainda constatar em acontecimentos como os que envolvem as causas da cidadania (Copenhaga é mais um exemplo), não somos -ainda!!!- decisivos para alterar as ideologias político-partidárias e os procedimentos individuais e humanos dos que protagonizam a política e podem interferir no rumo da gestão global nacional e internacional... assim, temos que constatar que estamos, de novo, perante uma questão de mentalidades - dimensão que se assemelha a um poço sem fundo que a todos desresponsabiliza e que é urgente cada um tomar em mãos como parte do sentido da existência... a Educação e o Ensino podem aliás, como sabemos, contribuir significativamente, para a construção da diferença... o problema consiste na oportunidade da acção/intervenção porque, se pode ser, também´, interessante pensar na continuidade da natureza sem a espécie humana ou com o que dela se produzir será, sem dúvida alguma, lamentável, perder o potencial humano que hoje conhecemos e que, como o António Carlos afirma e eu reitero, é, apesar de tudo, maravilhoso!
    Um grande abraço :)

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