terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A Urgência da Criatividade e o Bloqueio Educativo - bases para uma reflexão sobre o atavismo económico-social

Soube-se hoje que Portugal é o 3º país com mais elevado número de empregos perdidos no 3º trimestre de 2009... compreende-se assim mais uma das faces do desemprego e da ineficácia efectiva das formas de combate ao flagelo que, a jusante e a montante da "crise", se manifesta persistente no nosso país onde, há muito, a produtividade continua a "perder terreno" para a inércia endógena de uma economia que sobrevive pelo recurso a receitas artificiais e penalizadoras da vida e do esforço dos cidadãos, indispensáveis apenas porque, pura e simplesmente, não se desenvolvem alternativas produtivas revitalizadoras da dinâmica social. O problema não é um exclusivo da realidade portuguesa mas adquire contornos mais graves na medida em que essa gravidade é proporcional ao grau de sustentabilidade consolidada de cada economia nacional. Um dos problemas que estão na origem desta fonte de anomia social, aparentemente reconhecido por todos mas para o qual se não encontra capacidade de resposta nas instituições vocacionadas para o efeito, reside na educação e na sua falta de estímulos à criatividade que mantém, colectivamente deficitário, o investimento na inovação. A este propósito, como contributo relevante para a reflexão séria sobre as causas e o diagnóstico desta dimensão societária que o conhecimento - que tanto se proclama! - não assume, vale a pena registar e divulgar a sugestão que, em boa-hora, nos chegou através da Fada do Bosque, a propósito de um vídeo que pode ser visto AQUI.

4 comentários:

  1. A uniformização do ensino e o excesso de experiências pedagógicas conduziram ao espartilhamento dos jovens, formatando de modo relativamente genérico as suas competências mas não possibilitando que cada um pudesse ensaiar novas abordagens. De certo modo, criam-se cidadãos timoratos e não cidadãos ousados!

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  2. Depois de ter visto este filme senti-me uma inadaptada ou chamemos-lhe estigmatizada, por este tipo de ensino, ou educação na sociedade. Não me servia... não conclui os estudos. Nada do que pudesse escolher se adaptava a mim, ou á minha tradicional família... não estava dentro dos parâmetros!
    O mesmo vem a suceder com a minha filha, que tem um dom, mas não tenho possibilidades para a colocar a estudar em França, ou outro país desenvolvido, para que possa desenvolver as suas potencialidades... visto que em Portugal é práticamente inacessível seguir essa via, se não se for milionário! Cavalos. Puxa outro problema... somos um País de cavalos e o Lusitano precisa ser protegido e melhorado. O português está a perder mais um património secular. Todo o Mundo está interessado nesta raça, os espanhóis dizem já, que a raça Lusitana não vem das linhagens que se pensa.
    Querem tomá-lo para eles... tentam isso há imenso tempo. http://mtlusitanos.blogspot.com/2009/10/haja-paciencia.html
    Entretanto os brasileiros têm apostado a sério na raça e estão a querer apropriar-se dela. Fizeram já um Stud-book do mesmo, com as características que devem possuir! Apropriação. Tudo porque aqui, isso não é para tratar a sério, mas sim para os meninos que herdaram os bichinhos ganharem "algum", bastante e de resto...
    Quero com isto dizer, que não há curso para um dom natural!
    Temos que mudar urgentemente o paradigma da humanidade e aproveitar os cérebros naquilo que são bons! Heidi e Alvin Toffler defendem esta mudança, com a nova vaga, ou onda. A terceira vaga.
    Foram à China expor as ideias deles e o livro foi posto nas bancas e vendido aos milhões, embora não lhes tenham pago os direitos de autor!!! :) mesmo à chinês! :) Mas o sistema de ensino, está a adoptar em massa, esta terceira vaga! Felizmente!
    Entretanto 2ª os próprios, há uns tempos na TSF, disseram que a Europa é a Região do Mundo mais afastada, deste tipo de ensino, em que se "explora" de uma forma benéfica, as capacidades para que cada ser humano está habilitado ou predisposto. O autómato desaparece e aparece o criador! Fiquei imensamente assustada das chamadas de atenção que fizeram e se a Europa não adoptar este tipo de ensino a breve trecho, vai ser sub-desenvolvida em relação aos outros Continentes!
    A Europa?! Nunca pensei! vamos ser ultrapassados num ápice e isto era necessário divulgar e ajudar a mudar as mentalidades.
    Daria muito que falar, mas realmente se ninguém mudar, poderá ser o futuro da Europa e EUA, em questão, Talvez do Mundo! A nossa Educação está ultrapassada e obsoleta!
    Obrigada Querida Ana Paula pelo seu apelo e preocupação.
    Um beijinho de um grão de pó. :)

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  3. Reconheço-me nesta tua abordagem do tema. Eu que sempre gostei, e ainda gosto de aprender tudo, sempre detestei a escola por isso a deixei cedo, sem que tão me tivesse impossibilitado de crescer pessoal e profissionalmente. Porque a escola me castrava! Porque a cada pergunta diferente sobre o tema, ficava sem respostas! Porque a criatividade era amordaçada!
    Passados 25 anos a minha filha entrou na escola, depois de um jardim-de-infância de grande qualidade, onde a criatividade de cada criança e as suas apetências eram levadas muito a sério.
    Sabendo ler, escrever e contar quando entrou na escola primária, que tão ardentemente desejava, a desilusão foi enorme. Mas como o seu espírito combativo é diferente do meu (felizmente) durante 4 anos optou por nas primeiras duas horas dormir sentada na carteira, depois do intervalo fazia o que os outros levavam uma manha a fazer. Não se preocupou, adaptou-se e foi seguindo a sua vida escolar sem esforço, recuperando só a paixão pelo estudo e pelo conhecimento na área escolar de novo no 10º ano. Mas para que se não perde-se, para que não cristaliza-se foram necessárias muitas actividades criativas paralelas, pagas a grande custo (pois tudo o que não é padrão neste país é para rico) possibilidade que nem todos tem.
    Ao contrário de mim os estudos prevaleceram, mas o método é o mesmo. Fazem muitas palestras e estudos sobre o abandono escolar, aumentam os anos de escolaridade obrigatória, mas não mudam os métodos e assim nunca mais conseguimos acertar o passo.
    Não podemos esquecer uma coisa que me parece essencial, este país foi criado por um povo criativo, sonhador, de conquistas, está na nossa génese. Se não tivermos um modelo de ensino que valorize estas nossas capacidades naturais não conseguiremos sair destes números assustadoramente baixos de educação e por consequência de produtividade.
    Bjs
    Lurdes

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  4. Essas actividades criativas paralelas, pagam-se realmente a peso de ouro, para depois não terem a sequência, que seria de esperar para um futuro promissor do jovem. Só para dar uma pequena ideia do fosso entre Portugal e França, que tanto venera o nosso Lusitano, deixo aqui um link dos cursos que se podem escolher dos "Métiers du cheval", profissões dedicadas ao cavalo:
    Quem fala do cavalo, que para mim, vai da arte à ciência, fala de todas outras coisas que cá é impossível aceder, para um estudante que não seja um priveligiado. Isto dói... muito! Principalmente, quando o jovem quer aquilo e apenas aquilo e não lho podemos dar...
    Como vai ser o futuro de uma jovem assim? Uma incerteza horrível, da vez que sei as suas potencialidades no que respeita a dressage, através da fala e do carinho, sem uso de chicote ou sacrifício do cavalo, mas sim, amor e dedicação. Sem uso de castigos ou punições.

    http://www.lesmetiersducheval.com/modallfr/allsomm0.php?x=all00000&a=recpro0t&b=pubho001&c=somall01&d=recpro00&e=allreto0&f=pubba001&g=somform1&h=somall00&i=allrien0&def=recpro00&r=prorubr0

    Um beijo grande Ana Paula. :(

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