sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Um país democrático...

Correm tempos difíceis... apesar de tudo, os portugueses continuam a exercer a democracia de forma digna de ser assinalada em termos diversos do que temos vindo a ler. Refiro-me a dois eventos que, nas duas últimas semanas, marcaram a nossa afirmação no espaço comunitário europeu e internacional, sem que deles tenhamos retirado uma observação evidente: há cerca de uma semana decorreu em Lisboa a Cimeira da Nato com a presença de dezenas de Chefes de Estado e a realização de vários encontros bilaterais entre países e blocos regionais da maior importância. Ao contrário do que se receou, por cá e no mundo, o evento não foi marcado por manifestações violentas com a dimensão do que tem sido comum nas últimas décadas noutros locais em que se realizaram os que o antecederam e, felizmente, denotou-se desnecessária o nível de preocupação expressa na ocultação de montras comerciais na baixa lisboeta, no número de forças policiais chamadas a actuar ou no uso de blindados (alguns dos quais nem sequer tinham chegado a tempo!!!). Entretanto, há dois dias atrás, realizou-se a maior greve geral de que se regista memória, assinalada com uma significativa adesão por parte dos trabalhadores, o apoio solidário da maioria da população, a unidade organizativa e mobilizadora das duas grandes centrais sindicais nacionais e a expressão da confiança governamental na sociedade civil. Considerando a dimensão da crise económico-social e financeira do país, o facto é, em si próprio, revelador e merece o respeito e a consideração dos cidadãos e das instituições europeias e internacionais, a despeito da especulação dos mercados.

2 comentários:

  1. Cara Ana Paula Fitas
    Opções ideológicas à parte, sem duvida que vivemos num País Democrático. Com todos os defeitos o sistema em que vivemos é o melhor(esta consideração já está gasta de tanto citada, mas mantem-se quanto a mim, válida). Mais, o Povo Português é ordeiro e como se verificou nos acontecimentos que refere, portou-se com a dignidade de quem protesta, mas fá-lo Democráticamente.
    Temo que a mais que provável aceleração da degradação das minimas condicções da dignidade humana, possa alterar este comportamento. A crise ainda só afecta materialmente algumas franjas da nossa sociedade,é obvio que as medidas que entretanto vão sendo aprovadas vão alargando essa afectação a toda a sociedade(excluido naturalmente aqueles que nunca são afectados, sendo até, sempre benefeciados)esperemos que quem dirige os destinos do nosso País perceba isto.
    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  2. Caro Zéparafuso,
    O seu texto foi, para mim, de uma muito gratificante leitura pela clareza, a justeza e a lucidez com que, de forma frontal e sem subterfúgios, expõe a realidade do que somos, sem escamotear o que tentamos gerir no contexto do que o mundo nos faz sentir.
    Subscrevo as suas palavras, meu amigo e saiba que muito me apraz publicá-las aqui.
    Um abraço amigo e solidário.

    ResponderEliminar