quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Da Austeridade ao Ressuscitar Dos Dilemas Históricos...

O que diariamente se vai tornando uma evidência, ficou hoje caucionado nas palavras do Professor Jorge Miranda sobre o indiscutível risco de "desagregação da Europa" (ler Aqui). No mesmo dia em que a agência de notação Moody's ameaça baixar o rating de 87 bancos europeus e de todos os países da Zona Euro... como se não bastasse esta crise que, já sem tibiezas, ameaça a Itália, a Bélgica, a Espanha, a França e a própria Alemanha e a que acrescem não só as preocupações dos EUA mas, também, a reiterada afirmação do FMI que continua a alertar para o facto de nenhum país ser imune à hecatombe provocada pelos mercados!... Por tudo isto, torna-se, cada vez mais, incompreensível a ausência de medidas políticas e económicas ou até de recomendações dos organismos internacionais no sentido de promover e privilegiar o reforço dos aparelhos produtivos nacionais... porque, sem esse reforço, nenhum país poderá sobreviver e nenhuma economia poderá garantir a subsistência das suas populações sem um empobrecimento radical e generalizado da sociedade. Evidencia-se assim a completa ausência de legitimidade, no sentido da razoabilidade ou da eficácia, das medidas que pretendem evocar a necessidade de aumento de produtividade com a imposição de mais 30m de trabalho diário ou o aumento da taxa do IVA em sectores estratégicos como a restauração que, a troco da subida efémera de mais dinheiro fácil para reduzir a despesa pública, implicam, por um lado, a redução da produção nacional e do poder de compra dos cidadãos e, por outro lado, o aumento do desemprego, da pobreza e da violência social. Das duas uma: ou os economistas não percebem nada da ciência em que se pensam especialistas ou estão todos, economistas e políticos!, empenhados em deixar as populações europeias servir de isco à fome dos monstros esfaimados dos mercados que, sem rosto, devoram países e pessoas.... moral da história: ainda têm dúvidas sobre o facto de não ter acabado a História, nem o antagonismo de classes ou sequer o confronto das ideologias? 

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Das Verdades como Matéria para Mentiras...

Vendem-nos mentiras para nos obrigarem a ignorar a Verdade e a aceitar as ilusões gratuitas com que nos compram a alma. Até quando?... e quão longe vão nesta loucura ignóbil? Vale a pena ouvir até ao fim os exemplos que nos traz Eduardo Galeano: (via Entre as Brumas da Memória)

domingo, 27 de novembro de 2011

Leituras Cruzadas...

Hoje, é, simplesmente!, assim:
XPTO no AL-TEJO
Rui Bebiano no A Terceira Noite
Paulo Guinote no A Educação do Meu Umbigo
Vital Moreira e Ana Gomes no Causa Nossa
Graza no ARROIOS
Ferreira no On The Road
Bruno Santos Ribeiro no MOESCOR
T.Mike no Vermelho Cor de Alface
Rogério Pereira no Conversa Avinagrada
... com votos de Parabéns ao João Ricardo Vasconcelos e de uma vida longa ao Activismo de Sofá :)

Fado - A Singularidade Universal do Canto

O FADO é, a partir de hoje, reconhecido pela comunidade internacional que a UNESCO simboliza, Património Imaterial da Humanidade. Portugal fica Maior e a Cultura também!

"Reza" de Argentina Santos:

"Sei de um Rio" por Camané: "Cansaço" por Ana Moura: "Um Homem na Cidade" por Carlos do Carmo: "Acho Inúteis as Palavras"... por Amália Rodrigues, Embaixadora do Fado, cuja religiosidade cantada, na voz e na vida, ilustra a raiz do que, hoje, a comunidade internacional reconheceu:

sábado, 26 de novembro de 2011

Fado - Alma Portuguesa, Património da Humanidade


... na Voz de Argentina Santos, a Diva que Canta por Dentro, Rasgado e Baixinho, o Sentir da Alma Colectiva, em Português...

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pela Eliminação de Todas as Formas de Violência

Em 1999, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o dia 25 de Novembro como Dia Internacional pela Eliminação de Todas as Formas de Violência contra as Mulheres (LER AQUI)... e se é verdade que a Violência Social e Doméstica afecta mulheres, homens, idosos, jovens, crianças e adolescentes, é um facto que o maior número de vítimas são mulheres... Em 5 anos, morreram em Portugal 176 mulheres, vítimas de violência doméstica!... e a maior parte destas mortes ocorreu em contexto familiar e mais especificamente, no âmbito das relações interpessoais de natureza conjugal. Por isso, hoje, foi lançada a Campanha Nacional Contra a Violência Doméstica 2011. Vale a pena ver... e reflectir!

Da Identidade Cultural como Património Imaterial da Humanidade

A diversidade cultural é o registo identitário da Humanidade. ADN da especificidade da nossa estrutura organizacional, o património imaterial tem sido reconhecido pela UNESCO para que se conservem e protejam alguns dos mais carismáticos símbolos das mais conhecidas produções culturais planetárias. Hoje, no momento em que se cumprem 25 anos sobre a elevação do Centro Histórico de Évora a Património da UNESCO, Portugal tem uma candidatura forte e prestigiada internacionalmente para que o FADO venha, também, a ser reconhecido como Património da Humanidade! (VER E LER AQUI)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Da Greve Geral ao "Lixo Financeiro"...

A Greve Geral de hoje, 24 de Novembro, registou, conforme o previsto, a grande adesão dos cidadãos à iniciativa. Infelizmente, frente à escadaria da AR, os confrontos entre polícias e manifestantes (de que as centrais sindicais, CGTP e UGT, já se distanciaram), ensombrou o final deste dia de manifestação cívica (ler aqui)... porém, como se não bastasse, além da nova agência de notação financeira chinesa, a Fitch baixou o rating de Portugal em 2 níveis para a classificação de "lixo financeiro" (ler aqui). Torna-se agora incontornável a face da guerra dos mercados que se tornou insustentável. Até quando continuará a política a limitar a sua acção, numa lógica de assustada subserviência, à obediência a este tipo de avaliações destituídas de legitimidade socio-económica, é o problema que se coloca às sociedades e às democracias ocidentais contemporâneas... e o negligenciar da resposta adequada a esta pergunta significa a disposição em aceitar o crescimento vertiginoso da pobreza e, consequentemente, o aumento exponencial da violência!... 

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Greve Geral - 24 de Novembro

Porque sem a voz dos cidadãos, regressaremos mais depressa a um estado de servidão e de pobreza que nos aproximará das economias miserabilistas e do despotismo político característico das sociedades europeias anteriores à democracia... Porque sem a demonstração do descontentamento social e da indignação colectiva será cada vez menor o investimento no desenvolvimento real das condições de vida dos trabalhadores... Porque sem exigências sociais, o desemprego subirá muitissimo mais - já que as tecnologias e os mercados cada vez têm menos pejo em exibir o facto de não precisarem de mão-de-obra e da sua disposição ser apenas a de a comprar a preços mínimos, incompatíveis com o que se estabeleceu como patamar da dignidade humana... Porque sem o exercício da reivindicação pública, a Europa e a ideia de um federalismo previsivelmente próximo adquirem maior legitimidade para invocar a ausência de oposição cívica às políticas financeiras que vão tomando o comando das economias... Porque sem o Povo na Rua, os políticos não inverterão o sentido das suas visões socialmente minimalistas, centradas nos fluxos de capitais e não irão enveredar pelo caminho imperioso do investimento nos aparelhos produtivos nacionais e na autonomia económica, indispensável à capacidade de permanecer e negociar nos mercados!... Porque sem a alteração estrutural do pensamento político e económico dominante não voltaremos ao caminho que nos garante chegar a uma sociedade melhor para todos!    

"Nau Derivante"...


nau derivante from Pedro Davim on Vimeo.
Valorizar e revitalizar a autonomia económica, defender a identidade cultural e promover o património... hoje, com "Nau Derivante" de José Meireles... um filme sobre a pesca do arrasto, em Espanha.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Mais eurobonds, mais federalismo... e depois?

As previsões anunciam os que se seguem: Hungria, Espanha, França, Bélgica. Por isso, para além dos "eurobonds" pelos quais já optou o Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e da reivindicação, também anunciada!, de revisão dos Tratados e do assumir de mais federalismo a que os Estados-membros serão conduzidos, a realidade, avisada!, diz-nos que tudo isso serão meros "remendos" para as sociedades, cujas dívidas soberanas decorrem de economias assentes num endividamento que se julgou controlado mas que, só planificadas, no contexto de uma perspectiva regional (europeia) integrada, poderão encontrar formas de recuperação... ainda que tenham que se afastar das lógicas especulativas dos mercados financeiros - cujo domínio decorre, apenas!!!, da vigência de realidades virtuais em que só acredita quem quer... e quem quer são, exclusivamente!, os investidores anónimos internacionais, cujas margens de lucro dependem da redução dos custos de produção e, consequentemente, da mão-de-obra... que somos, afinal!, todos nós!

E a Espanha aqui tão perto...

... também nos não deixa outro remédio senão o de nos confrontarmos com os índices de realidade dos dias... e pronto!... as massas continuam a decidir a alternância em processos eleitorais, sempre que o descontentamento económico se torna insustentável... entre a racionalização no campo especulativo do aparentemente "possível" em termos da evidência ideológica de uma desejada mudança, foi agora a vez dos espanhóis voltarem a insistir na solução sem saída que consiste no repetir governações iguais a si próprias, anquilosadas e sem hipótese de vincular a esperança à realidade... entre a necessidade de contestar a realidade actual e a ausência de uma representação credível no que às alternativas políticas diz respeito, a Europa "soma e segue" no caminho do passado -e talvez só eleições em França possam inverter a tendência geral de opção pelo quadrante político mais conservador e defensor dos mercados... verificamos entretanto, também por isso, que continuam válidos os ciclos da alternância a que se reduziu a democracia!... "até quando?" - é a pergunta do dia... e considerando a dimensão e extensão da crise, quanto ao pensamento, fica a questão: e se um dia, definitivamente, os cidadãos deixarem de dar crédito à alternância... e às eleições?

sábado, 19 de novembro de 2011

Da Crise da Democracia na Europa à Comissão da Verdade no Brasil...

Os Crimes Contra a Humanidade não prescrevem! Não podem prescrever! Não podem prescrever porque são as pessoas que justificam a existência social e sustentam economias, políticas e culturas e, nesse sentido, nada justifica a perseguição sem tréguas, a tortura e a morte dos que, por expressarem uma opinião diferente ou por, simplesmente, estarem expostos à determinação do poder abusivo, são vítimas de um  poder abusivo que se legitima com o silêncio e a extinção dos adversários e dos excluídos que, sem culpa formada, servem de bode expiatório à diversidade das formas de autoritarismo. É, por isso, extremamente importante relembrar as vítimas e esclarecer os processos colectivos desta criminalidade, particularmente em contextos em que a realidade económica multiplica as taxas de desemprego, de pobreza, de empobrecimento e, justamente, da contestação social, dado o risco de endurecimento da intervenção policial e, quiçá!, a ascensão ao poder de ideologias cada vez menos democráticas (a actualidade dos casos da Grécia e da Itália, com a nomeação dos governos não eleitos, é uma realidade a que deveriamos dar muito mais e melhor atenção!!!). E se a Espanha deu um extraordinário exemplo (que, apesar de ter feito vítimas, todos tentaram relativizar vendo o particular sem atender à essência da questão e remetendo o facto para o capítulo dos "fait-divers" culturais e patrimoniais) com a abertura da investigação das valas comuns das vítimas do regime franquista (ler aqui) e a criação do processo Memória Histórica (ler aqui), é agora o Brasil, através da Presidente Dilma Rousseff, que institucionaliza a investigação dos crimes da ditadura militar brasileira entre 1946 e 1988, com a criação da Comissão da Verdade (ler aqui). A iniciativa mereceu, justamente!, o elogio das Nações Unidas (ler aqui). 
(Imagem: Monumento Contra a Tortura, Cidade de Recife, Brasil)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

As 3 Notícias do Dia...

A 1ª refere-se à progressão da crise que tocou agora o maior protagonista dos que andaram a propor a "Europa a Duas Velocidades" e consiste no anúncio que, hoje, foi feito: a agência de notação Moody's baixou o rating de 12 bancos alemães!... a 2ª quase surpreende pela "latitude" da sua incidência: Duarte Lima e o filho foram detidos no âmbito do caso... BPN!... finalmente, a 3ª decorre da intervenção de Miguel Portas no Parlamento Europeu (via Ferreira On The Road):

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Sonoridades Intemporais...

... A valsa de Tchaikovsky em "A Bela Adormecida".

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Palestina - Direitos de um Estado reconhecido há 64 anos!

Vale a pena relembrar que, em 29 de Novembro de 1947, a Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou a resolução 181(II) que preconizava a partilha da Palestina em dois Estados – um judaico e um árabe – com um estatuto especial para Jerusalém. Contudo, tal Resolução nunca foi cumprida no que respeita à criação do Estado Palestino, razão que justificou, em 1977, 30 anos depois, a adopção pela Assembleia Geral da ONU de uma outra resolução (32/40B) que apelava à celebração do dia 29 de Novembro como o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo da Palestina. Este ano, no 64º aniversário da resolução 181, em resposta ao apelo da ONU, o MPPM assinala a efeméride com um conjunto de iniciativas, integradas nas JORNADAS DE SOLIDARIEDADE COM A PALESTINA 2011, cujo programa pode ser conhecido AQUI.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Política, Economia e Economia Política - O Triângulo da Superação da Crise

"Não vale a pena chorar sobre o leite derramado" - diz, com razão, a sabedoria popular... por isso, para além da constatação da incompatibilidade entre os interesses sociais e as lógicas contemporâneas dos mercados (cujo rosto nos é acessível quase só através das agências de rating), o que importa é que a comunidade internacional regule as relações entre economia e política... porque a raiz do problema reside na dupla subalternização, cada vez mais acentuada, da economia à lógica financeira e da política a esta organização, essencialmente, económico-financeira, contrária à orgânica económico-social de que as sociedades humanas dependem para proverem às necessidades das pessoas... Por esta razão, enquanto a União Europeia e o respectivo governo económico não adoptarem um modelo de economia política, respeitador da regulação social (através de uma acção política promotora do desenvolvimento social e do crescimento sustentado de uma riqueza nacional assente no investimento direccionado para uma produção também ela sustentada nacional e regionalmente)  a crise não será debelada e as condições de vida dos cidadãos não recuperarão do duro golpe que os tempos que correm, lhes inflige... sem fim à vista - registe-se!

domingo, 13 de novembro de 2011

Da Rua aos Sindicatos e à Igreja - A Lucidez Colectiva Contra a Crise


Quando o FMI avisa que nenhum país está imune à crise, tanto tempo depois da mesma ter eclodido e enquanto se sucedem quedas de governos (islandês, irlandês, português, grego, italiano), os cidadãos não podem deixar de fazer ouvir a sua voz, sob pena da cegueira e da surdez dos responsáveis políticos nacionais, europeus e internacionais se tornar absurdamente irreversível, distraídos que tenderão a ficar no contexto do mundo das finanças, dos negócios e da diplomacia. Importa, por isso, fazê-los "descer à terra" para que se não esqueçam que só um factor e um objectivo reais sustentam o poder: a sociedade feita pelo conjunto de pessoas que integra a sua população... e são as pessoas que terão de manter firme o grito de alerta a que, por natureza, têm direito e que, felizmente, a democracia lhes consagra... e se as manifestações são o rosto público deste exercício (ouvir e ler aqui), a reflexão e o debate são, também, indispensáveis - desde que, naturalmente!, não sujeitos ao tal velho princípio do "temos maneiras de vos fazer pensar" e se promova a discussão pública orientada no sentido de desmobilizar a crítica socio-económica e político-cultural, amortecendo as expectativas e derrotando a esperança, dimensões sem as quais se perde o empenhamento colectivo indispensável à recuperação da confiança e ao investimento social no desenvolvimento dos países.   

Sons Femininos...

... "Canção do Mar"... na voz, incomparável!, de Dulce Pontes...

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Crescer e Aprender entre Ecos e Reflexos...

Vivemos numa caixa de ressonância rodeada de espelhos… é por isso que permanecemos nas margens do entendimento, face a uma verdade que permanece oculta porque insiste em nos escapar entre os dedos, fugaz e furtiva, como a areia das praias que não há… persistimos assim na repetida projecção de infinitos déjà vu/déjà vécu e inventamos um espanto que, ao invés de surpreender, nos faz sorrir. Porém, para que as crianças se não percam na cinza dos dias e possam, de facto, inventar a alegria de viver, é fundamental que sintam apoio ao longo do processo de crescimento com que se debatem, na solidão estranha ao ruído dos tempos... porque crescer é aprender o discernimento e é esta aprendizagem que a cultura e a educação podem ajudar a cumprir, em nome da construção da liberdade e da autonomia individual de que os mais jovens precisam, para enfrentar sem medo o futuro incerto.
(Este post, ilustrado pelo belo tema "Teach Your Children" dos Crosby, Stills, Nash and Young, decorre da associação de ideias que a minha amiga M.José, educadora infantil e dinamizadora cultural, acabou por me induzir, através do comentário ao post que se pode rever aqui e que emergiu de um evento cuja organização se lhe deve e que referi aqui).

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

"Na Teia do Polvo" - Economia e Cultura

Portugal precisa urgentemente de repensar o tecido económico para que a revitalização social seja possível. Incontornável é, por isso, investir e qualificar o aparelho produtivo nacional de que se destaca, pela competência de um saber que radica na tradição secular, o sector das pescas. Contudo, apesar da riqueza ímpar que as técnicas piscatórias representam no que ao património etnológico e cultural diz respeito e do significado económico que a pesca pode representar para a vida económica nacional, os pescadores assistem, justamente inquietos, à degradação das suas condições de vida e de trabalho decorrente da gritante desvalorização de uma actividade económica votada a um lento, mudo mas, progressivo abandono. Neste contexto e porque não podemos continuar a dissociar economia e cultura (sob pena de contribuirmos decisivamente para a destruição não só do aparelho produtivo nacional mas, também, para a extinção das práticas culturais regionais que denotam a nossa singularidade identitária), torna-se particularmente interessante e oportuna a sessão de cinema documental que a Cinemateca Portuguesa proporciona esta 5ªfeira, dia 10, às 21.30h, na sala Dr.Félix Ribeiro, com a projecção de dois filmes realizados por José Meireles, cuja natureza etnográfica vale a pena destacar: "Na Teia do Polvo" (ante-estreia) e "Afurada - Cerco com Tucas" e da qual dá nota a respectiva sinopse: "Em Na Teia do Polvo, José Meireles regista o quotidiano dos pescadores da freguesia de Santa Luzia, Tavira, no sotavento algarvio, «um saber transmitido de geração em geração que corre sérios riscos de desaparecer.» O filme foca as várias formas de capturar o polvo e da evolução ao longo dos anos, as características da comunidade, como a emigração ou a sua ligação à Ria Formosa, incluindo testemunhos de pescadores que criticam «a forma como tem sido gerida a política de pescas e manifestam a sua desilusão perante a situação moribunda a que chegaram.» Filmado com pescadores da Afurada, em Vila Nova de Gaia, Afurada - Cerco com Tucas documenta a técnica de cerco, o quotidiano da faina e aspectos socio-antropológicos da comunidade. «Fazendo um paralelismo com algumas dezenas de anos antes no mesmo local, revela-nos muito claramente a agonia da pesca artesanal e as agruras que, cada vez mais, limitam a sobrevivência destes pescadores».". A sessão conta com a presença do realizador.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Igualdade de Sacrifícios versus Oportunidades Sinistras...

Já o disse várias vezes mas, de facto, há realidades que requerem uma atenção redobrada... é o caso da proliferação das lojas de compra de ouro ao preço da chuva , a mais tétrica e clara sintomatologia da dimensão da crise que, acreditem!, se não estivesse para durar, não justificaria o elevadissimo número destes estabelecimentos onde se vende e compra o desespero humano... mas, não!, o cenário não é novo e repete-se em épocas de empobrecimento e conflitualidade social... talvez por isso, a sua presença no espaço público seja tão assustadora!... afinal, segundo conta a História e a memória o evoca, esta é uma característica dos tempos de guerra e, em particular, dos que a antecedem... Ora, avaliar os sinais é o que se requer não apenas à sociedade civil e à economia mas, acima de tudo, à política. Por isso, numa altura em que uma espécie de espesso silêncio paira sobre os dias, é digno de registo o alerta a que D. José Policarpo deu voz (ler aqui), bem como a proposta de Rui Rio relativa à alteração do anunciado corte dos 2 subsídios (férias e Natal) dos trabalhadores do sector público (ler aqui) - refira-se a este propósito que o PS também reivindicou a continuidade de pagamento de, pelo menos, 1 dos dois referidos subsídios sem, contudo, ter clarificado a fórmula que defende para que o Estado encontre forma de a viabilizar!... Considerando que a situação económico-social dos portugueses é demasiado grave para poder ser demagogicamente utilizada, as propostas alternativas a apresentar devem ser responsáveis e plausíveis e é por isso que a sugestão do Presidente da CMPorto de se diluir o montante a arrecadar com um dos subsídios dos funcionários públicos pelo IRS da totalidade dos contribuintes, surge como sensata e mais equitativa, não discriminando e agravando mais a vida dos que trabalham no sector público - cuja maioria, ao contrário do que se possa pensar, não tem altos salários e trabalha muito mais do que se instituiu nas representações socio-mediáticas, com o objectivo de encontrar no denegrir dos serviços públicos, o bode expiatório dos problemas do país e/ou a justificação da defesa do sector privado... Que toda a argumentação seja legítima é uma coisa mas, que sirva para, de facto, sacrificar essencialmente uma faixa específica da população activa, é outra... não só muito diferente mas, previsivelmente, muito negativa num futuro que se aproxima a grande velocidade. 

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Actualizações...

(via Maria de Lurdes Mateus no Facebook)

domingo, 6 de novembro de 2011

Leituras Cruzadas...

Os dias correm difíceis e o panorama de sugestões para a mudança não oferece credibilidade nem confiança... nem aos mercados, nem aos cidadãos! De facto, continuamos apenas a assistir (apesar do tom de voz dos protagonistas se ter alterado do lamento pedagógico para a determinação exaltada, a raiar o autoritarismo já indisfarçável) a uma repetição que mais parece um eco gravado sobre a necessidade de mais austeridade (eufemismo já encarado como banal, face à brutalidade das decisões e opções político-económicas) enquanto ouvimos, sucessiva e cansativamente, o mesmo padrão de diagnóstico dos problemas que cruzam fronteiras e avançam sem nacionalidade (apesar de serem os países que vão, um após o outro, entrando na linha de devedores deste défice - que, a não ser estrutural em todos eles, se não poderia revelar com a acutilância que é, agora, finalmente!, assumida). As opções alternativas são, por isso, não só urgentes mas, indispensáveis e disso dá nota a constatação do próprio Sarkozy (!!!) sobre a falta de liderança europeia... É, por isso, crucial que os cidadãos e os políticos percebam e assumam definitivamente que os "remendos" que estão a ser adoptados, para além de sacrificarem a vida societária que conhecemos e quereriamos aperfeiçoar, mais não fazem do que prolongar a crise a que chegámos, alimentando os mecanismos do lucro e da circulação de capitais que lhe deu origem... E, para quem acredita na democracia representativa, só há uma forma de resolver a questão: encontrar organizações (partidos, movimentos, associações ou outras) susceptíveis de, em eleições, serem votadas para a concretização de programas efectivamente diferentes mas, necessariamente!, viáveis, plausíveis e sustentados... contudo, é aqui que nos confrontamos com o cerne da questão: até agora, nenhuma organização foi capaz de apresentar alternativas que justifiquem a confiança técnica, política e cívica das pessoas! ... e, até lá, estamos condenados a este círculo vicioso que mais faz lembrar o velho mas, afinal de contas!, sempre actual, Mito de Sísifo. Deixo, por tudo isto, algumas interessantes sugestões de leitura que, cruzadas, concorrem para a reflexão colectiva e empenhada para que a realidade nos convoca: 
Eduardo Graça no Ir ao Fundo e Voltar
JMCorreia Pinto no Politeia
Francisco Seixas da Costa no Duas ou Três Coisas
Donatien no Donatien Alphonse François
Manuela Silva no A Areia dos Dias
Val no Aspirina B
João Ricardo Vasconcelos no Activismo de Sofá
Nuno Sotto Mayor Ferrão no Crónicas do Professor Ferrão
Miguel Abrantes no Câmara Corporativa
Osvaldo Castro no A Carta a Garcia
Palmira Silva no Jugular
Paulo Pedroso no Banco Corrido
Manuela Araújo no Sustentabilidade é Acção
... e a oportuna evocação de Camões no Poet'Anarquista.

sábado, 5 de novembro de 2011

Sons Femininos...

... Sinead O'Connor e o tema "Nothing Compares To You".

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Da tragédia grega à realidade europeia...

Afinal, o referendo com que Papandreou assustou a zona euro e o panorama político-partidário grego, pode até nem acontecer... a ameaça de chamar os cidadãos a uma pronúncia pública, com carácter vinculativo!, permitiu o revelar das evidências: a prepotência do directório franco-alemão (faz-me lembrar o directório napoleónico - vá lá perceber-se porquê!!!) que, sem rodeios, indicou a porta da saída (não prevista nos Tratados, registe-se!!) da própria UE a um dos seus Estados-membros e, por outro lado, a incapacidade dos Estados-membros, tal como os conhecemos (isto é, de acordo com as lógicas das suas actuais governanças), desistirem do euro (se assim não fosse, não se justificaria a apresentação de disponibilidade para a coligação governativa manifestada pela Nova Democracia relativamente ao PASOK!)... claro que o risco assumido por Papandreou foi (ou é) grande - porque corre, de facto!, o risco de ver "cair" o Executivo que dirige... mas, a tragédia é o que é e aborda sempre, sem medo, os extremos e os limites - e nisto do teatro, a tragédia grega continua a ser, por excelência, a linguagem da alegoria sociológica no plano político, cívico e cultural... Contudo, como bem dizia, há pouco, Teresa de Sousa no "Hoje" da RTP2, a questão grega (apesar do que nos têm querido fazer crer, atribuindo-lhe os custos da recuperação da estabilidade da zona euro) é só um pequeno problema da UE... porque o grande problema aproxima-se a passos largos e chama-se Itália -cuja subida das taxas de juro anuncia os próximos capítulos de uma crise longe do fim... E se o pior de tudo é o preço deste jogo de espelhos cujo rosto é, por ora, principalmente grego mas que nos custa a todos condições de vida e direito ao trabalho... vale a pena destacar que, também aqui, há lições muito positivas e interessantes a retirar: por exemplo, a consciência do poder do exercício da liberdade democrática quando vem à rua e se manifesta.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

De Slavoj Zizek ao Referendo Grego...


... a propósito do referendo que o governo grego pretende realizar sobre o perdão da dívida do seu país pelas instâncias internacionais e as recorrentes questões relativas à continuidade das medidas de austeridade e à permanência da Grécia na zona euro, ocorreu-me esta entrevista de Slavoj Zizek sobre a "plasticidade" do capitalismo... provavelmente, por não estar assim tão segura de que os gregos votem NÃO - já que a sua saída da moeda única europeia poderia significar, no curto e, quiçá, no médio prazo, maiores dificuldades à vida dos cidadãos... por isso, penso que todo o alarde à volta da anunciada medida de Papandreou mais não é do que o contributo político que o próprio pretende para que, afinal!, vença o SIM... porque a crise, se me permitem!, está para durar e, por ora, para descontentamento de todos, continuamos apenas a assistir à estratégia e às táticas de preservação do poder dos que defendem a lógica de gestão socio-económica e financeira que nos conduziu até aqui.

Da História por Contar...

... um filme que deixa a sensação de se ter acabado de ler um grande livro! Indiscutivelmente, a não perder!

Sonoridades Intemporais...

Com a magistral participação de Horowitz, esta é, provavelmente, a melhor interpretação deste Concerto para Piano de Mozart que o Eduardo Graça teve a feliz ideia de partilhar no Absorto.