sexta-feira, 6 de abril de 2012

A caminho do reforço do endividamento...

A insistência na alegada necessidade imperiosa de, ainda em 2012, se alcançar um défice de 4,5% em relação ao PIB não é, para Abebe Selassie, líder da troika, a política mais adequada ao objetivo de gestão da dívida e à recuperação económica do nosso país. Incisivo, Selassie afirmou que os mercados não alteraram a sua desconfiança em relação a Portugal e que o desemprego, "crónico", vai continuar por tempo indeterminado, com taxas tão (ou mais!) elevadas do que as que já conhecemos. Deixando margem para que se inverta (ou, pelo menos, para que se altere) o grau de inflexibilidade das políticas económicas e financeiras com que o governo presume alcançar resultados teoricamente ajustados, Selassie evidenciou o óbvio: a perspectiva com que se encaram as chamadas "metas nominais fixas" não pode (nem deve!), ser um dogma... Neste contexto, agravado pela notícia de que Portugal foi, entre os países da OCDE, o que registou maior quebra do Produto Interno Bruto e pelo reconhecimento de Olli Rehn de que "a Europa deve estar preparada para nova ajuda a Portugal", não se percebe a razão pela qual se insiste em dizer que se está no caminho certo, ao invés de se discutir com seriedade o planeamento da renegociação da dívida nacional... porque a realidade dos factos faz "cair por terra" o argumento de que, política e diplomaticamente, convém afirmar que um segundo resgate não vai ser necessário... e insistir em proceder em conformidade com esta "crença", demonstra que a única estratégia que, por cá, se conhece e pratica é mesmo a do "gato escondido com o rabo de fora".

1 comentário:

  1. Olá, Ana!
    Desafiava o Abebe Selassie a tomar o lugar do "nosso" PR! Mas que "metas nominais fixas" ???
    A UE nunca avançou, do mesmo modo que a complexidade teórica do binómio de supranacionalidade e intergovernamentalidade não foi ultrapassado!
    [Não sou feminista, mas porque não falamos, por exemplo, das desigualdades portuguesas: as mulheres incorrem, neste momento, um enorme risco de pobreza com salários e prestações sociais mais baixos. São, também, menos representadas nos parlamentos, nos cargos de poder politico, financeiro e governativo sendo, deste modo, afastadas dos processos de tomada de decisão ("porreiro pá"!). Parece-lhe possível seriedade no planeamento da renegociação da dívida nacional?! (Deixe-me soltar um humor negro: O Olli Rehn é daqueles que nem precisava de "cavar um buraco" - ele que pegue na pá e atire terra para as suas próprias costas!)].
    Abracinho

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