sábado, 30 de junho de 2012

Da Arte Bruta...

Na Fundação Arpad Szenes está patente ao público a exposição "Arte Bruta. Terra Incógnita" (ler aqui e aqui). Até 23 de Setembro! ... a não perder!

Pelo Direito ao Trabalho...

Manifesto"Unidos pelo Direito ao Trabalho e à Dignidade!

Portugal segue um caminho autodestrutivo: mais de um milhão de homens e mulheres estão sem emprego. Há cada vez menos emprego com direitos. Ao mesmo tempo reduzem-se as prestações sociais, dificulta-se o seu acesso e facilita-se a sua retirada.
O trabalhador desempregado é criminalizado e desumanizado. Perde direitos, não usufruindo de Igualdade nem Liberdade. O trabalhador desempregado, como os que dele dependem, perde acesso a serviços essenciais, à educação, à cultura, à saúde, à mobilidade e por estas razões o trabalhador desempregado dificilmente cumpre com as obrigações da sua vida pessoal, familiar e social.
Ao mesmo tempo que cresce o desemprego, crescem o trabalho precário, o trabalho a falsos recibos verdes e as empresas de trabalho temporário.
Ao mesmo tempo que cresce o desemprego e o trabalho sem direitos, os trabalhadores desempregados são utilizados como moeda de troca para a redução de direitos e salários e aumento dos deveres, responsabilidade e horas de trabalho dos concidadãos empregados. Estes, assim chantageados, acabam por ceder passivamente a situações ilegais ou indignas, entretanto tornadas legais.
O trabalhador desempregado está apto a trabalhar e quer trabalhar.
O trabalhador desempregado não quer esmola, quer emprego com direitos para si e para os seus concidadãos.
O trabalhador desempregado precisa de apoio social na procura de emprego, mas acima de tudo precisa de um emprego digno, estável, que cumpra os seus direitos constitucionais, para poder viver uma vida independente e contribuir, como os seus concidadãos, para o bem comum.
Assim exigimos:
  • O cumprimento efectivo do Artigo 23° da Declaração Universal dos Direitos Humanos, ao qual Portugal se obriga por tratados internacionais:
    1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.
    2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
    3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social.
    4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses.
  • O cumprimento efectivo da Constituição Portuguesa, nomeadamente do Artigo 58.º Direito ao trabalho:
    1. Todos têm direito ao trabalho.
    2. Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Estado promover:
      1. A execução de políticas de pleno emprego;
      2. A igualdade de oportunidades na escolha da profissão ou género de trabalho e condições para que não seja vedado ou limitado, em função do sexo, o acesso a quaisquer cargos, trabalho ou categorias profissionais;
      3. A formação cultural e técnica e a valorização profissional dos trabalhadores.
O Movimento Sem Emprego considera que um trabalhador desempregado não é um criminoso. Assim exige ainda, para além do presente nestes artigos:
  1. O fim do tratamento discriminatório e punitivo do trabalhador desempregado:
    • Fim do “termo de residência” enquanto tem direito às prestações sociais para as quais contribuiu;
    • Fim da obrigação de aceitar situações incompatíveis com a procura de emprego ou melhoria de qualificações, como por exemplo o voluntariado, que não representa um verdadeiro emprego com os respectivos descontos para a segurança social;
    • O trabalhador desempregado, enquanto cidadão digno, apto e empenhado em encontrar emprego exige o fim da discriminação e difamação a que é sujeito pela imprensa, comunicação social e comunicados governamentais.
  2. Exigimos ainda a criminalização do trabalho precário, temporário, sub-emprego e trabalho sem direitos que exijam ao trabalhador desempregado, precário ou sub-empregado as responsabilidades e deveres de um trabalhador empregado.
O Movimento Sem Emprego é constituído por trabalhadores que alternam a sua condição entre o desemprego, o sub-emprego ou a precariedade. Estamos empenhados na união dos trabalhadores desempregados e no combate político de defesa dos seus direitos. O Movimento Sem Emprego pretende ainda dar apoio jurídico e denunciar situações de incumprimento, de injustiça, de criminalização e opressão dos trabalhadores desempregados.

Unidos pelo Direito ao Trabalho e à Dignidade!"

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Recapitalizar os Bancos, Hipotecar a Sociedade...

A Bolsa europeia regozija-se com os resultados do encontro das lideranças políticas em Bruxelas... faz sentido!... apoiar a recapitalização directa da Banca através do recurso nacional aos apoios comunitários, significa tomar como caução a perda da soberania dos países que integram a UE, garantindo e aumentando a dependência dos próprios Estados à rede de endividamento global... que nos conduziu a esta crise! Do ponto de vista social e humano, esta decisão mais não faz do que reiterar, de forma sublinhada e a bold que, para o mundo da política económica financeira  neoliberal que gere as sociedades contemporâneas, é assumidamente irrelevante a qualidade das condições de vida das pessoas, a autonomia dos povos e os direitos fundamentais dos cidadãos... portanto, no horizonte continua a flutuar, apenas e só!, a bandeira desesperada do crescimento do desemprego e da pobreza (independentemente do que a comunicação social irá apregoar, aplaudindo o movimento dos fluxos de capital... na Banca e na Bolsa)... pois...

quinta-feira, 28 de junho de 2012

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Sonoridades Intemporais...


... "Adagio" in "O Lago dos Cisnes" de Tchaikowsky ... para uma Homenagem Sem Palavras...
(via Manuel Duran Clemente no Facebook)

sábado, 23 de junho de 2012

Exploração - ou da Irracionalidade (Des)Humana

... enquanto se inflige a milhões de adultos essa violação dos Direitos Humanos que consiste na negação do Direito ao Trabalho, milhões de crianças são exploradas até ao limite das suas forças e em prejuízo do seu Direito a Ser Crianças... Não há, por isso, racionalidade ética que justifique o desemprego, nem ideologia política que possa, com justeza e seriedade, explicar a desumanidade insuportável da organização societária... Não compreender o mundo como um todo, quando a globalização evidencia no quotidiano o seu preço sob a forma de "crises" e "austeridades", é um direito que não temos... Torna-se cada vez mais incontornável a necessidade de exigir a mudança... ou, se preferirem uma assertividade mais sofisticada: a Mudança é, hoje, inequivocamente!, um Imperativo Categórico e a Ruptura Revolucionária, Um Dever...  
(com um agradecimento ao amigo Rui Linhan que publicou esta imagem no seu mural do Facebook)

Leituras Cruzadas...

Enquanto se aguarda o anúncio de novas medidas de austeridade (ler aqui) que muitos presumem ser o contexto de um segundo pedido de resgate, economia, política e sociedade vão dando sinais cada vez mais preocupantes... e estar atento é uma condição indispensável à concertação social (no mais literal sentido da expressão), designadamente pela manifesta ausência de uma "luz ao fundo do túnel" ou, pelo menos, de uma visão estratégica concertada para enfrentar a realidade... Concorde-se ou não, é importante ter a noção das perspectivas que se colocam "em cima da mesa"...

JMCorreia Pinto no Politeia
Estrela Serrano no Vai e Vem
Nuno Serra no Ladrões de Bicicletas
João José Cardoso no Aventar
Ana Matos Pires no Jugular
José Medeiros Ferreira no Córtex Frontal
Joana Lopes no Entre as Brumas da Memória
Eduardo Pitta no Da Literatura
Vital Moreira no Causa Nossa
Rentes de Carvalho no Tempo Contado
Miguel Madeira no Vento Sueste
Galopim de Carvalho no Sopas de Pedra

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Espanha - Os Cidadãos Contra a Crise e a Banca...


... em Espanha, o empenhamento cívico e a  criatividade desenvolvem respostas dignas de registo a uma crise social e económica de dimensão dramática, que a austeridade e os resgates financeiros à banca teimam em aumentar... assim, enquanto o Movimento dos Indgnados apoia e protege as famílias que a banca está a "despejar" das suas casas, outras formas de expressão vão mobilizando as pessoas para este exercício de cidadania que todos ganham em reforçar.
(com um agradecimento ao Manuel Barroso)

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Sonoridades Femininas...


... Marianne Faithfull em "Crazy Love"...

Sintomatologia da realidade europeia...

Segundo noticiava, na 3ªfeira, o "La Belgique Libre", na área de Bruxelas, o desemprego jovem atinge os 35% (muito próximo da taxa portuguesa que já chegou aos 36%)... no mesmo jornal onde se destacavam, por um lado,  o projecto político de combate aos chamados "extremistas radicais" que pode implicar perseguições menos transparentes às populações migrantes e às minorias (?!) étnicas e, por outro lado, a severidade das críticas a tal projecto, por parte do Presidente da Liga dos Direitos Humanos, foi também notícia, de dupla página!, o movimento "Trabalhadores Sem Emprego" que saiu à rua, massivamente, para reiterar, publicamente!, que a existência de desempregados decorre da inexistência de empregos - e não de hipotéticos cenários imputados à recusa de trabalho por parte dos cidadãos!... dois sinais, pequeninos (?!) é certo! mas, de uma inequívoca relevância no que respeita à caracterização da chamada "crise europeia"... nomeadamente se atendermos ao facto de estarmos a falar da cidade-sede da União Europeia...

terça-feira, 19 de junho de 2012

É urgente saber do que se fala...

... não é a primeira vez que divulgo este vídeo, cada vez mais importante... porque a defesa os Direitos Humanos, aparentemente consensual, decorre de uma representação mais ou menos vaga e quase sempre longínqua, referente ao direito à subsistência dos povos mais pobres do mundo ou, na melhor das hipóteses, à liberdade de expressão, à condenação de maus-tratos por agentes da autoridade e à assistência a pessoas sem-abrigo... porém, a dinâmica da complexidade contemporânea impõe  a recuperação fundamental das palavras e dos conceitos, no que ao seu significado e ao seu sentido respeita... porque Direitos Humanos são, também, o direito ao trabalho digno com direito a um pagamento justo, o direito à saúde, à educação, à habitação e a uma vida que garanta igualdade de direitos, oportunidades e tratamento perante o exercício do livre-arbítrio ou seja, da liberdade... Nos dias que correm, é fundamental recordar esta aparente evidência, cada vez mais ensombrada pela realidade que a (des)informação dos media tende a esquecer... a toda a hora!


(o vídeo chegou, desta vez, via Umberto Pacheco no Facebook)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Retrato da Razão Contestatária...

... como a que, aos milhares, saiu à rua, em Espanha, contra o uso do primeiro "resgate"...

E agora... o crash?...

... eis o que, de certo modo, expressa o que começa a ser uma forma de sentir colectivo!... principalmente, após os resultados das eleições gregas e considerando o ritmo a que avança o clima de construção da alegada "inevitabilidade" das "medidas de austeridade", com o cada vez mais próximo reconhecimento da necessidade de novo resgate em Espanha (o tal de que se diz arrastar a Itália "para o centro da crise") e o anúncio/aviso do Banco Mundial sobre a ameaça de crash financeiro no caso de não ser resolvida rapidamente "a crise do euro"...
(com um agradecimento a Paz Carvalho pela publicação da imagem no Facebook)

domingo, 17 de junho de 2012

Os últimos a rir... são sempre os mesmos?!


... até quando?... até o medo continuar a dominar, até a insegurança predominar nos sentimentos colectivos e até o divisionismo inútil continuar a prevalecer entre todos os que insistem em "olhar para o umbigo", equacionando ganhos possíveis com a continuidade dos cenários conhecidos... ou seja, enquanto a ignorância persistir na avaliação do que é, de facto, o interesse público e os meios de comunicação (que deveriam contribuir para alargar e aprofundar informação e conhecimento) continuarem na mão dos transmissores e apresentadores de talk-shows, concursos e "futebóis"...

Notícias Eleitorais de uma Europa em Crise...

... hoje, enquanto em França, o PS de François Hollande ganhou com maioria absoluta, na Grécia mantém-se o impasse entre a Syriza e a Nova Democracia (via Francisco Colaço no Facebook)... os resultados são interessantes mas, a mudança indispensável a uma Europa devolvida a todos e para todos está longe de ser alcançada... e se todos os factores sociais são indicadores de realidade que urge interpretar, atente-se na persistência com que avança a extrema-direita...  

Grécia - Zizek no comício do Syriza...


... hoje, dia de eleições, as palavras de Zizek deviam ecoar no coração da Grécia... para ouvir com atenção!... (via Fernando Mora Ramos no Facebook)

sábado, 16 de junho de 2012

Leituras Cruzadas...

Estamos no epicentro de uma revolução europeia - se considerarmos que o termo "revolução", na sua dimensão significante de "transformação" e "ruptura" também implica sentidos em tudo opostos aos que norteiam as referências do 25 de Abril. De facto, a dita revolução em curso, em tudo coincidente com o que se considera um contraciclo relativamente às dinâmicas da 2ª metade do século XX, é um um processo contra-revolucionário que, natural e dialecticamente, terá (felizmente!) o seu reverso... mas, previsíveis e visíveis que já são os custos sociais, económicos e políticos que fazem parte da sua natureza, impõe-se uma intervenção concertada capaz de confrontar esta Europa que, aparentemente, não tem em curso qualquer estratégia ou táctica sustentada contra o poderio germânico de que Merkel tem sido protagonista... e urge uma estratégia politicamente determinada e economicamente sustentada! Amanhã, há eleições na Grécia e todas as esperanças para lá se nos transferem - porque os exemplos sempre darão os seus frutos!... esperemos que o Syriza "não quebre nem vergue", qualquer que seja o resultado... e que a esquerda grega não caia na tentação de um divisionismo que não aproveitará a ninguém... afinal, pode aí (re)começar o futuro da Europa! Com este "pano de fundo" sugiro a leitura de alguns textos essenciais que passo a destacar:
JMCorreia Pinto no POLITEIA,
Amartya Sen e Gustavo Cardoso publicados por Nuno Serra no LADRÕES DE BICICLETAS onde também estão textos de João Rodrigues (a ler também Aqui), Jorge Bateira e Ricardo Paes Mamede,
Renato Teixeira, Pedro Penilo , Raquel Varela e André Levy no CINCO DIAS,
e Carlos Bastardo através de João Abel de Freitas no PUXAPALAVRA.

Da Inestimável Herança da Humanidade...


As mais antigas pinturas rupestres (re)conhecidas como tal, criadas pela mão de povos neanderthais que habitavam a Península Ibérica, junto de Santillana del Mar, na Cantabria(Espanha), durante o Paleolítico, datam de mais de 40.000 anos - idade atribuída a outros conjuntos peninsulares, como o de Santiago do Escoural (esse mesmo onde, por estes dias, a prospecção do ouro voltou a ser notícia). Considerando a vasta dimensão dos períodos temporais para que estas datações nos remetem, é muito interessante registar, uma vez mais no espaço ibérico, na Gruta El Castillo, em Espanha, uma pintura rupestre com mais de 40.800 mil, cuja investigação é da responsabilidade do arqueólogo João Zilhão e de uma equipa que integra mais 11 investigadores... sobre esta matéria e a título de exemplos da arte rupestre localizada na peninsula ibérica, pode ler-se Aqui, Aqui, Aqui, Aqui e Aqui.

Beleza solidária...

... uma imagem da saudação perfeita para desejar: Bom-dia!
(via Maria Albertina Silva no Facebook)

sexta-feira, 15 de junho de 2012

E agora...

Sermão... - ou da Infinita e Sábia Razão de Ser...

"Pregava Santo António em Itália na cidade de Arimino , contra os hereges, que nela eram muitos; e como erros de entendimento são dificultosos de arrancar, não só não fazia fruto o santo, mas chegou o povo a se levantar contra ele e faltou pouco para que lhe não tirassem a vida. Que faria neste caso o ânimo generoso do grande António? Sacudiria o pó dos sapatos, como Cristo aconselha em outro lugar? Mas António com os pés descalços não podia fazer esta protestação; e uns pés a que se não pegou nada da terra não tinham que sacudir. Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dissimularia? Daria tempo ao tempo? Isso ensinaria porventura a prudência ou a covardia humana; mas o zelo da glória divina, que ardia naquele peito, não se rendeu a semelhantes partidos. Pois que fez? Mudou somente o púlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina. Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: Já que me não querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes. Oh maravilhas do Altíssimo! Oh poderes do que criou o mar e a terra! Começam a ferver as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, os pequenos, e postos todos por sua ordem com as cabeças de fora da água, António pregava e eles ouviam..."
(excerto do Sermão do Padre Antonio Vieira, proferido em 1654 e conhecido como "Sermão de Santo António aos Peixes" - com um grande abraço de agradecimento a Maria Amália Campos)

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Da Inteireza...

... do Ser e do Estar... num sorriso...

(via Teresa Silva Pereira no Facebook)

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Sonoridades...

... dos "Azeitonas"...

A eternidade de Pessoa...

... no 124º aniversário do seu nascimento...

terça-feira, 12 de junho de 2012

Galopim de Carvalho - Um Olhar Essencial...

É, para mim, uma Honra transcrever aqui este texto da autoria do Professor Doutor Galopim de Carvalho, publicado no blogue "Sopas de Pedra"... O Professor Galopim de Carvalho é espelho do melhor da Razão e da Alma Portuguesa... Cientista, Escritor e Cidadão de Primeirissima Água a quem agradeço a autorização da partilha e a quem aproveito para prestar a minha sincera Homenagem, expressando a maior Admiração pela sua Obra e a sua Vida... pela Ciência, pela Arte e pela persistência no Sonho e na Luta por um Mundo Melhor para Todos: Bem-Haja, Professor! 

" 50 ANOS DEPOIS


COMPLETARAM-SE no passado mês de Maio cinquenta anos sobre a conquista das oito horas de trabalho diário pelos camponeses do Alentejo e do Ribatejo. Foi em 1962, doze anos antes da queda do regime de Salazar e Caetano e representou uma vitória com significado sociológico e político bem destacado na luta que, também noutros sectores, se travava contra a ditadura. Os nossos filhos não a conhecem nem as duras condições de trabalho e de vida que se viveram nos campos destas duas províncias.
Quando, no final dito mês de Maio de há precisamente meio século, fui informado deste feito, eu estava de partida para França, como bolseiro do então Instituto de Alta Cultura, a fim de estagiar no Museu Nacional de História Natural de Paris. Tinha terminado o meu curso no ano anterior e ficara na Faculdade como Assistente da cadeira de Mineralogia e Geologia.
Acontece que, como já tenho escrito, sendo um rapaz urbano pelo nascimento e pela criação, em Évora, convivi e fiz amigos entre os camponeses de uma larga cintura em redor da cidade. Foi durante a minha adolescência, na segunda metade dos anos 40, nas aldeias e nos campos onde, com o meu irmão Mário e dois ou três colegas de liceu, montávamos tenda ao sabor de um campismo rudimentar e selvagem que era possível fazer nesse tempo. Com uma ou duas tendas de tipo canadiana e algum material que requisitávamos na Casa da Mocidade (expressão pela qual designávamos a sede da Ala de Évora, da organização juvenil do Estado Novo, Mocidade Portuguesa) e tudo o mais que a mãe nos emprestava, este contacto com a natureza (ainda muito pouco degradada pelo “progresso”) e o convívio muito estreito com estes meus conterrâneos, vacinaram-me contra um certo elitismo que ainda existe nos meios intelectuais da sociedade portuguesa.
Foi através de um destes meus amigos que tomei conhecimento do feito que marcou o fim de uma das fases mais dolorosas da vida de um povo em luta por melhores dias. Filho de gente pobre, porqueiro em criança e adolescente, assalariado rural para todo o serviço, em homem pai de filhos, o Ludgero, que eu desconhecia ser militante comunista na clandestinidade, relatou-me o essencial desta luta vitoriosa, despontada no litoral alentejano.
- No princípio deste mês, - começou ele por dizer – os trabalhadores agrícolas, entre homens e mulheres de Grândola, de Alcácer e da Herdade da Palma conquistaram o direito às 8 horas de trabalho. Esta conquista estendeu-se, num foguete, a todo o Alentejo e a todo o Ribatejo.
- E tu estiveste nessa luta, claro?
- Está-se mesmo a ver que estive! Nem podia deixar de estar. Eu e muitos milhares de trabalhadores. As oito horas de trabalho já tinham sido conquistadas nas fábricas. – Continuou ele. - Foi em 1919, durante a Primeira República. Essa conquista só agora chegou aos trabalhadores do campo. Foi a recompensa de uma luta organizada do nosso povo contra os agrários. Uma luta que vinha desde os anos em que a gente, os dois, se conheceu, lá no monte, andava eu mais o Faísca a correr atrás dos bácoros.
Francamente interessado naquela conversa, adiantei: - Eu sei que o horário dos assalariados rurais era de “sol a sol”.
- Diz-se do nascer ao pôr-do-sol, mas era mais do que isso. Era escravizante. – Acrescentou o Ludgero. - Para muitos destes homens e mulheres, os dias começavam mais cedo, bem antes do nascer do sol, e acabavam mais tarde, já noite cerrada. Tinham de andar a pé, uma ou duas horas, até chegarem ao trabalho e fazer a mesma caminhada, de volta a casa. Para a ceia, as mais das vezes, comiam e há muitos que ainda comem uma açorda de poejos ou um gaspacho envinagrado tão magrinhos de azeite e sem conduto, quase só pão e água.
- E quando não havia trabalho, não havia pão. - Retomei a palavra, com o propósito de dar continuidade àquele desabafo do meu amigo.
- Quando não havia e quando não há! Ainda hoje há ocasiões em que não temos trabalho. Foram e, às vezes, ainda são “barrigadas de fome”que só a gente é que sabe. Os fiados na venda da aldeia são muitos e o pessoal nem sempre tem dinheiro para os pagar. Conheço alguns que chegam ao ponto de ir à cidade pedir com que dar de comer à família. Outros caçam coelhos ou lebres, o que calha, mesmo no defeso. Não importa. A gente arrisca-se. E quem não tem espingarda, caça à má fila, com cajado. Fazemos o que for preciso para arranjar pão para os filhos. Tudo menos roubar! – Frisou. - Os salários são de miséria e é quando os há. Somos mão-de-obra barata e sem direitos, sujeitos à exploração dos grandes senhores da terra. E os governantes estão do lado deles. Todos! -Reforçou – E não são só os de Lisboa. Os Governadores Civis e os Presidentes das Câmara estão do mesmo lado. São escolhidos a dedo.
- Esses são homens da confiança do Governo de Lisboa. – Disse eu, que bem conhecia a repressão do sistema. - Se pisarem o risco, o melhor que lhes pode acontecer é perderem o tacho.
- A mais pequena palavra ou atitude reivindicativa –continuou o Ludgero - é logo atalhada pela GNR ou pela PIDE. Os bufos andam por todo o lado. Muitos camaradas são presos, espancados, torturados e alguns deles assassinados.
- Lembro-me perfeitamente da morte do Germano Vidigal. –Acrescentei. – Falava-se nisso à boca pequena, era eu rapaz. Foi em 1945, no posto da GNR de Montemor-o-Novo, e lembro me da morte de um outro, já me esqueci do nome, de Vila Viçosa, pouco tempo depois.
- Era o Patuleia. – Disse, de imediato, o meu interlocutor.- Foi assassinado em 1947, na sede da PIDE, em Lisboa. Mas houve mais. E foram muitos os que passaram e ainda passam pelas prisões destes malvados, em Caxias, no Aljube e em Peniche.
Pela boca deste e de outros meus amigos do mundo rural alentejano eu tinha conhecimento, ainda que em linhas gerais, da luta deste povo, durante as cerca de duas décadas que antecederam aquele Maio de 1962. Privados de direitos sindicais, desenvolveram uma organização unitária clandestina abrangendo, em especial, o Ribatejo e o Alentejo e que aparecia à luz do dia por ocasião das ceifas e debulhas, tiradas de cortiça, fabrico do carvão, mondas, apanha da azeitona e outros trabalhos mais importantes.
Por duas ou três vezes que acampei numa das herdades dos arredores, deram-me a ler textos do Avante e de O Camponês. Eram folhinhas de circulação clandestina, dobradas, com sinais evidentes de passarem de mão em mão. Não as traziam no bolso, escondiam-nas em locais combinados que tanto podia ser entre duas pedras de um muro em ruínas ou um buraco no tronco de uma velha oliveira, e passavam palavra. Ouvi-os falar de “comissões de rancho”, “comissões de herdade” e da chamada “praça de jorna”, locais das aldeias ou dos montes onde se reuniam para tratarem colectivamente dos salários e de outras reivindicações e das respostas a dar aos patrões, algumas vezes, na presença intimidatória da Guarda Republicana.
- A última vez que falámos com o patrão – continuou o Ludgero - para pedir mais dez tostões por jorna, dizendo que mal ganhávamos para comer, a resposta do malvado sem coração foi: «Comam palha!». O Ti’Cristóvão, que estava ao meu lado, repentista já idoso e respeitado por todos, não se conteve e respondeu, na hora: «Quando a gente comer palha, vossemecê come navalha!». No outro dia, manhãzinha cedo, foi levado para o posto da Guarda e dali para a cidade. Depois foi aquilo que a gente sabe: interrogatórios e maus-tratos, até que o mandaram embora. Mas não denunciou ninguém."
A.M. Galopim de Carvalho no "Sopas de Pedra"

Diagnósticos... imprevistos...


domingo, 10 de junho de 2012

António Nóvoa, Voz de Portugal (discurso integral)


... com um agradecimento sincero à generosidade de João Tilly que nos permite aceder ao discurso do Professor António Nóvoa e ao Rogério Pereira que teve o papel de mensageiro ao partilhar o link deste vídeo, eis aqui o discurso que hoje deu Voz a Portugal, no dia 10 de Junho... num país mergulhado nesta espécie de silêncio ácido, triste e envolvido no que ontem aqui sintetizei, o discurso do Professor Sampaio da Nóvoa representa um sinal da justeza lúcida que representa a resistência que é, nos dias que correm, incontornável (justificando o que, esta manhã escrevi aqui). Vale a pena ouvir... um discurso político sério e sábio, justo, humano e corajoso!... e porque A Poesia voltará à Rua, mais uma vez: Bem-haja, Professor!

Sampaio da Nóvoa, o Discurso de Portugal...

O discurso do Professor Sampaio da Nóvoa, Reitor da Universidade de Lisboa, na cerimónia de celebração do 10 de Junho, protagonizou a verdade de um sentir colectivo, corajosamente assumido - talvez de forma imprevista mas, inequivocamente!, gratificante para todos nós. Centrado nas dificuldades económico-sociais do país, o discurso de Sampaio da Nóvoa referiu-se abertamente a todas as "chagas" que ardem, abertas, no coração das pessoas e no país que somos - para além da ilusória, fastidiante e alienatória invocação dessa figura fantasmagórica com que, internacionalmente, se presume poder prender os povos ao medo... Sampaio da Nóvoa falou da liberdade, da igualdade, do mérito e do conhecimento... falou do colectivo, da fome, da emigração, do desemprego, da autonomia e da falta dela... falou da falta de organização estrutural de um país que se rende ao exterior por não apostar na cultura, no ensino e na ciência com que se poderia estruturar internamente, de modo a resistir às dependências a que o desinvestimento endógeno conduziu... Citando Teixeira de Pascoaes, Antero de Quental, Sofia de Mello Breyner Andersen e Zeca Afonso, Sampaio da Nóvoa, num discurso que é, de facto!, sinónimo da essência da Política, acordou o país para o Abril que somos e temos o direito de querer continuar a ser! Obrigado, Professor António Sampaio da Nóvoa! Muito, muito obrigado!

sábado, 9 de junho de 2012

10 de Junho - Canto Chão...


... "Rosa Branca Desmaiada", pelos "Canto Chão"... (via Silvina Miranda no Facebook)

Espanha - O Selo Oficial da Crise...



Depois da Espanha ter recorrido à "ajuda" internacional e do descalabro da economia europeia continuar na senda do desemprego, torna-se verdadeiramente "suspeita" a razão que justifica a persistência no, cada vez mais!, abusivo recurso às alegadas "medidas de austeridade"... a megalomania autoritária do poder germânico vai conduzir os povos da Europa a uma situação de que não será fácil sair... cada vez menos!... contudo, as soluções à vista, apontadas por tantas e tantas avisadas e desinteressadas vozes, no sentido de se aumentar o investimento e promover o emprego, continuam a ser ignoradas e ludibriadas por pequenos "remendos" que se limitam, de forma dissimulada, a agravar a realidade... provavelmente, porque compromissos "de outra ordem" requerem uma miséria extrema e colectiva, para garantir o baixo custo de uma mão-de-obra que se quer alienada e escravizada, em nome da sobrevivência!... a "tradicional" lógica da gestão política, defensora do neoliberalismo e subordinada à ditadura dos mercados-sem-rosto, foi sempre, tendencialmente, o maior inimigo do interesse público... Hoje, essa tendência é inequívoca e assumida!... até um dia!... até ao dia em que os povos se levantarão em peso, nas ruas, contra a insustentabilidade que os poderes vão considerando "controlada"... nessa altura, infeliz mas justamente, ficaremos todos a perder - ainda mais!... porque, juntas, fome e descrença, irão optar, de forma cega, pelas soluções radicais que, ao longo dos tempos, criaram conjunturas cumulativa e sucessivamente cristalizadas, em estruturas que chegaram à destruição civilizacional... ou talvez não!... e enquanto aguardamos as respostas que só a História guarda no enigma do futuro, está nas mãos dos cidadãos, a resistência com a qual se invertem as dinâmicas de um futuro anunciado...       

Da Autonomia das Escolas...

Do blogue "A Educação do Meu Umbigo" de Paulo Guinote (a quem aproveito para agradecer a partilha), transcrevo o texto que põe o "dedo na ferida" - da autoria de José Calçada, pensador que dispensa apresentações e que muito prezo: 

"Autonomia das escolas — o que é isso?

No presente momento concreto, quando se fala de “autonomia” das escolas, de que é que estamos realmente a falar? A pergunta é legítima, na exacta medida em que é fundamental distinguirmos as palavras dos actos. À primeira vista, não há ninguém — ou quase ninguém, como adiante se verá — que discorde da autonomia, o que, dados os diferentes modos de encarar a escola, não deixa de ser estranho. Estamos perante um suspeito unanimismo, que não é fácil de romper.
Este (aparente) unanimismo só é possível porque, usando todos a mesma palavra, esta encerra no entanto conceitos diferentes e até antagónicos. Para a generalidade dos professores e das escolas, autonomia significa a possibilidade de se verem libertos da teia burocrática e centralizadora do MEC, onde cada passo, mesmo o mais ínfimo, tem de ser superiormente requerido e autorizado. Ou seja, a autonomia é conceptualizada pela negativa. “Eis do que nos queremos ver livres” — mas para fazer o quê?, para nos afirmarmos como? Mas o MEC, pelos vistos, também adora a autonomia, enche a boca com ela todos os dias. Então, se assim é, o que é que para o MEC significa a autonomia? Pela sua prática quotidiana, o MEC “autonomiza” as escolas, não libertando-as, mas libertando-se delas, “autonomizando-se”, ele, Ministério, em relação a elas — e não sem antes as mergulhar num colete-de-forças de onde dificilmente sairão. As escolas gozam de autonomia, sim — mas só depois dos cortes orçamentais decididos pelo “quarteto troika+Nuno Crato”, mas só depois do despedimento de milhares de professores, mas só depois da imposição dos megagigaagrupamentos desumanizantes e pedagogicamente ingovernáveis, mas só depois do aumento do número de alunos por turma, mas só depois do desastre para que foi empurrada a educação especial, mas só depois do presente envenenado da nomeação dos instrutores dos processos disciplinares pelos directores, que coloca professores contra professores, etc, etc …
Não há autonomia que resista a tais condicionantes — e o MEC sabe-o perfeitamente. Desprezando em absoluto a educação e o ensino como uma das funções essenciais do Estado, consagrada na Constituição da República, o MEC autonomiza as escolas, autonomizando-se delas, atirando-as para cima de uma coisa difusa a que pomposamente chama “comunidade educativa” e, mais tarde ou mais cedo, para cima dos municípios, num processo que já se iniciou — como se a nossa história fosse a da Noruega ou da Finlândia! Quando é que as pessoas começam a compreender que, neste quadro de autonomia, não é a escola que se liberta do Ministério, fortalecendo-se, mas são o Ministério e o Estado que tudo farão para se libertarem inconstitucionalmente da escola, enfraquecendo-a?
Aliás, a pretexto da autonomia, o papel da escola tem vindo a ser “reforçado” — dizem — com a atribuição de funções que ela não está nem tem de estar estar em condições de exercer. Na televisão fala-se da sida e da sexualidade, e logo aparece alguém, cheio de boa vontade, a reclamar para a escola um papel determinante na solução do problema; mas logo um outro fala da sinistralidade rodoviária, e a escola lá surge como tábua de salvação; e um terceiro lembra-se da tragédia da obesidade nos nossos jovens, e entende logo que a escola não pode passar à margem do problema… Os exemplos seriam infindáveis! Fica-se com a impressão de que o país fora da escola é um deserto, de que não existe no país nenhuma outra instituição, que não a escola, vocacionada para o que quer que seja! Basta de sobrecarregar a escola! Será que, por exemplo, as nossa crianças são todas elas órfãs, não têm pais, não têm família? E os pais e as famílias não desempenham qualquer papel na educação das crianças — ou também eles acham mais fácil atirar os problemas, isto é, os filhos, para cima das escolas? Será esta a famosa escola-a-tempo-inteiro que afinal desejam?
Não existe autonomia que resista a estes outros constrangimentos. Na generalidade, os nossos pais não servem para reforçar a autonomia das escolas, não sabem trabalhar com ela, assumem-se muito mais como seus juízes. Certo é que, com excepção dos profissionais liberais ou dos empresários, os nossos pais não usufruem de condições legais mínimas que lhes permita ir à escola tratar de questões dos seus filhos. E a “crise” que actualmente nos foi imposta não contribui para uma melhoria da situação. Não se está a ver um trabalhador com salário mínimo e contrato precário pedir dispensa de horas ao patrão para se deslocar à escola por causa do seu filho… Sim, porque “dantes” é que era bom. A escola abria-se apenas a alguns, para aqueles com origem socioeconómica tranquila, e assim a escola era feita à sua medida, era uma escola naturalmente sem problemas. Mas agora, particularmente depois do 25-de-Abril, a escola abriu-se a todos, todos entram na escola — e os problemas de todos também lá entram, não podem ficar à porta ou pendurados no bengaleiro. Entram o desemprego, a precariedade, a pobreza envergonhada, mesmo a fome, e o insucesso e a indisciplina (sim, porque o insucesso e a indisciplina entram na escola, não são gerados lá dentro) — e que pode a escola fazer? Sim, porque a pergunta é “que fazer?”, ou, se quisermos, que fazer com a autonomia, ou ainda, que autonomia para se fazer o que não pode deixar de ser feito? (Mas não podemos esquecer que hoje não há mais insucesso ou mais indisciplina do que os que existiam nos anos ’60 do século passado — se tivermos como referência um mesmo universo sociocultural e económico dos alunos).
Assim, qual a autonomia desejável, na obediência à Constituição da República? As escolas deveriam possuir um currículo nacional clássico, imposto e definido a nível central pelo MEC, implicando um total de 20 a 25 horas semanais. As nossas crianças e os nossos jovens não podem continuar a suportar a brutalidade das cargas curriculares que agora lhes são impostas! Mas, fora destas horas, as escolas deveriam poder organizar-se de modo a garantirem aos seus alunos condições reais para o sucesso escolar e educativo. Porque não existem duas crianças e dois alunos iguais, todos eles devem ser considerados “especiais” — e devem assim beneficiar de apoios à medida de cada um, ou de cada grupo homogéneo. Porque o drama das nossas escolas não se situa dentro da sala de aula, mas sim no “antes” e no “depois” — que frequentemente é resolvido com “explicações”, fora da escola, pelos pais com maior poder económico. Ora, a escola tem a obrigação de responder a este “antes” e a este “depois”, e tem de se organizar para tal — e, neste quadro, é absolutamente falso que existam professores a mais, o que temos é sistema educativo a menos! É nesta componente nobre e essencial que a autonomia e a criatividade de cada escola se deveriam revelar.

José Calçada (Paredes, Junho de 2012)" no A Educação do Meu Umbigo de Paulo Guinote

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Além dos bastidores e da propaganda...

Enquanto a sociedade emudece, vítima da anomia a que a conduziu o medo, a estupefação, a dúvida e a guerra continuada da contra-informação, D. José Policarpo apela a uma "revolta cultural" para responder à crise... e a corroborar a dimensão do iceberg da consciência social de que poucos, para além dos sindicatos, são rostos públicos, as notícias sucedem-se e acumulam-se:
... a Fitch baixou 3 níveis o rating de Espanha (2 níveis acima do que se considera "lixo")...
... a Moody's baixou o rating a 7 grupos bancários alemães*...
... a Moody´s baixou o rating dos 3 principais bancos austríacos*...
... a Espanha vai precisar de "ajuda externa"...
... Junker diz que a União Europeia está disponível para "ajudar" se Madrid quiser...
... a Comissão da UE avisa que Portugal pode ser vítima de "contágio"...
... a Grécia continua em vertiginoso colapso social (mais de 21% de desemprego e 53% de jovens sem trabalho) e o grau de dependência criado é de tal forma que o próprio Syriza defende que o país não deve sair do Euro...
... em Portugal, o desemprego aproxima-se dos 16% e o desemprego jovem atingiu os 36%...
... em França, país de esperança para os imigrantes (europeus, magrebinos e não só!!!)  durante mais de um século, o desemprego atingiu os 10%...
... Merkel protagoniza a hipocrisia de um pretenso drama que todos conhecemos e diz que a Europa a duas velocidades está a manifestar-se...
... a chanceler alemã afirma que, enquanto isto acontecer, não haverá equilíbrio (presume-se que se refere à desestruturada União que -reconheça-se!- o não chegou a ser)...
... João Semedo constatava ontem, no "Frente-a-Frente" que os mercados têm "vida própria" e "impõem-se à política"...  
... a ONU diz que a crise europeia é a maior ameaça à economia mundial!...
... e pronto... palavras para quê?... nas suas "Teses sobre Feuerbach", Marx afirmou que "os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras mas, o que importa é transformá-lo"...
... alguém duvida?... Não!... E agora?... por quanto tempo vamos continuar a assistir e a alimentar esta inequívoca insustentabilidade?...
(estes dados assinalados com * decorrem da atualização informativa que me chegou via Carlos Fonseca e que aqui aproveito para agradecer)

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Porque...

... "o caminho é sempre em frente" -como bem dizia o Zeca Afonso...

Horizontes...


... obviamente... Van Gogh...

A Cor do Sentido...

... da criatividade e da arte... como resistência ao obscurantismo...

Criatividade... para Sorrir...

(via Luís Santiago no Facebook)

Da Poesia feita Terra...


(imagem do Landscape Architects Network no FB)

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Para um Dia Bonito...

... quando a distância não significa o horizonte do coração...

terça-feira, 5 de junho de 2012

Leituras Cruzadas...

JMCorreia Pinto no Politeia
João Rodrigues no Ladrões de Bicicletas
Manuela Araújo no Sustentabilidade é Acção
Francisco Clamote no Terra dos Espantos
Joana Lopes no Entre as Brumas da Memória
Pedro Correia e Helena Sacadura Cabral no Delito de Opinião
Renato Teixeira no Cinco Dias
Carlos Barbosa de Oliveira no Crónicas do Rochedo
João José Cardoso no Aventar
Folha Seca no Folha Seca
Graza no Arroios
Francisco Seixas da Costa no Duas ou Três Coisas
Daniela Dorin no Dani e suas Histórias

Um (belo) Quebra-Cabeças...

... sim, sim... os portugueses "A Jingsaw" em "The Strangest Friend"...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A Jigsaw - um Quebra-Cabeças para a Cultura


... sim... é uma banda portuguesa!... justamente considerada uma das melhores bandas "indie" europeias... como o seu nome ("A Jigsaw") indica, são "Um quebra-cabeças" para os meios de divulgação da cultura portuguesa que, "das duas, uma": não os conhece ou não os promove... não era preciso "levar à letra" o ditado "casa de ferreiro, espeto de pau"... enfim!... Vale mesmo a pena ouvir!
(com um abracinho à minha amiga Elsa Rodrigues pela inspiração)

domingo, 3 de junho de 2012

Sonoridades...


... hoje, no "Rock in Rio" a sensação foram os "James" que, em português, acabaram por, de certa forma, interpelar as formas de gestão político-económica... como ainda não localizei os temas que tocaram, partilho a sonoridade inequívoca de Bruce Springsteen...

"Quando a Alma não é Pequena..."


... "Dead Combo"... precioso!

sábado, 2 de junho de 2012

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Um Conto Português... para Crianças... e Adultos...

"A MOIRA QUE MORA NA LAPA, EM PENHA GARCIA

A Moira que mora na Lapa fez-se ver pela primeira vez há muitas luas e muitos sóis, quando estes campos ainda não se douravam de feno pelo Verão, e os homens temiam os lobos e os raios que rachavam ao meio os pequenos arbustos secos.
... Caçavam para viver, como os animais, e como os animais sentiam alegria quando nasciam filhotes, e tristeza quando morriam os mais velhos. Como os animais, não pensavam no que fariam no dia seguinte, e não tinham cidades, nem exércitos.
Não eram tão fortes como o mamute ou o javali, mas cedo perceberam que eram mais matreiros... Mais maus, às vezes, e outras vezes capazes de darem tudo pelos seus. Já se pareciam muito connosco!
A pouco e pouco, começaram a inquietar-se, e a fazer muitas perguntas sobre tudo, uns aos outros –e até a si mesmos, nos momentos de repouso:
–Quem fará nascer o dia, e vir a noite? E cair a chuva, e soar os trovões? E, se não somos nós, quem faz correr os rios e soprar o vento, agora para um lado, depois para outro?
Perguntas sem resposta, porque todos sabiam o mesmo sobre a vida e o mundo! Quer dizer, ninguém sabia nada...
Até que uma noite, quando se aqueciam na gruta a que hoje chamamos Lapa, lhes pareceu que do fogo se levantava um fumo com a forma de uma mulher. Os pés lembravam raízes fixas no chão, e os cabelos as nuvens de estrelas que viam no céu. Os olhos eram fundos, mas doces como os das mães. Os braços e pernas fortes tinham a cor ocre da terra revolvida. Por aqueles lugares, muito mais tarde, dar-lhe-iam o nome de Moira.
Tudo agora parecia estar no seu lugar, ter sentido: a Moira tinha criado o Mundo que eles conheciam, a Moira “era” o Mundo.
E a Moira falou pela primeira vez..., cantando:
–Chama-se Música a língua em que vou, a partir de agora, falar convosco, e vós comigo. Nessa língua, com palavras ou sem palavras, e usando a boca ou bocados de madeira, ossos, fios, peles, poderemos sempre entender-nos, se os vossos ouvidos, cabeça e coração estiverem atentos.
Pegou num osso furado que estava na fogueira e soprou por ele. Nunca tinham ouvido um som tão bonito, e no entanto ele lembrava-lhes o assobio suave do vento, ou o rumor tranquilo de um regato. Era a primeira flauta.

Assim como apareceu, assim se foi a Moira. Os homens esqueceram-se dela, mas, quando cantam ou tocam algum instrumento, ela volta a erguer-se de uma fogueira que se acende na Lapa, em Penha Garcia, na Beira Baixa..."

Flávio Pinho, 2009

Crianças de Todo o Mundo...

... unidas na Diversidade e nos Direitos!...

Dia da Criança - Direitos e Desejos...