domingo, 25 de novembro de 2012

Da Violência Contra as Mulheres (actualização)...


Hoje, 25 de Novembro, assinala-se o "Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres", momento em que não podemos relativizar o facto de, em Portugal, só este ano, já terem sido assassinadas, até momento, 30 mulheres (ver anotação no final do texto)! No espaço doméstico e no espaço público, por razões históricas que o presente perpetua, mulheres e crianças são os mais expostos e vulneráveis ao exercício de todas as formas de violência... designadamente, porque, ao longo do tempo, foram estes os grupos sociais que menos capacidades de defesa aprenderam e vivenciaram, face ao que as dinâmicas históricas desenvolveram como grupo dominante pelo recurso à força como forma de resolução dos problemas... deste modo, como em todos os reflexos comportamentais enraizados pela cultura que os perpetua, aos olhos da opinião pública e da perceção das relações interpessoais, o problema "legitimou-se" apenas e só pela sua repetição constante - mimesis que conduziu a uma espécie de perspectiva assente numa espécie de banalização que, podemos dizê-lo!, adquiriu estatuto formal de recurso psicossocial no contexto da análise das chamadas "relações de poder". O século XX, na senda da valorização das ciências humanas e dos estudos sociais, revelou os condicionalismos subjacentes a um crime "silenciado" pelas famílias e ignorado pela sociedade e promoveu a criação de instrumentos legislativos, comunicacionais, educacionais e cívicos capazes de combater o flagelo... Contudo, ainda hoje, em pleno século XXI, a realidade continua a fazer um número elevadissimo e intolerável de vítimas, sendo previsível o seu aumento exponencial em contextos de grave crispação social e crise económica. É, por isso,  fundamental insistir na mensagem de que não podemos deixar sucumbir a voz da razão e do conhecimento subjacente ao Humanismo que, coletivamente, construimos, exigindo, cada vez mais, contundentemente, o seu reforço e a sua consolidação. Insistir nas campanhas contra a violência, promover esta consciência em todas as fases da educação, mobilizar meios de comunicação, protagonistas políticos e toda a opinião pública, mantendo atualizada a informação e promovendo a sua visibilidade como forma de "despertar consciências" para a urgente necessidade de alteração destas práticas sociais, é determinante para reduzir um fenómeno que, além de matar pessoas, causa danos invisíveis e irreversíveis em quem os vive! Neste contexto e no âmbito deste fim-de-semana dedicado à luta contra a violência contra as mulheres (vejam-se os 3 posts anteriores que aqui reproduzem os esforços nacionais nesse sentido), em que se integra, de forma transversal, a problemática da violência contra as crianças e os idosos - porque em todos os grupos sociais, a maior parte das vítimas são mulheres, vale a pensa ler a entrevista (lamentavelmente, apenas disponível em língua inglesa) da socióloga Sylvia Walby.
Anotação: as estatísticas variam em função de inúmeros factores que vão do tempo de recolha às fontes; por isso, atendendo à atualização que vai sendo divulgada, vale a pena referir a informação da UMAR que indica 49 tentativas de homicídio e 36 crimes consumados - ver AQUI... já agora, a propósito de actualizações, ler também a informação que se divulga AQUI)...
(registe-se que a entrevista chegou via Sara Falcão Casaca e a imagem via Paula Brito, no Facebook)     


2 comentários:

  1. Uma sociedade doente
    Produz mentes doentes
    A violência doméstica não é mais que uma forma de demência que todos os dias se alimenta dos desequilíbrios que esta sociedade vai gerando...

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  2. ... obrigada, Rogério :) ... infelizmente... subscrevo!

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